Trabalho de cuidado impacta carreiras, saúde e a vida das mulheres
Maíra Liguori, do Think Olga, participou do
podcast Elas Trabalham e explica o que é a economia do cuidado e como este
trabalho invisível afeta as mulheres.
O trabalho de cuidado é
quase sempre invisível, gratuito e realizado por mulheres, gerando impactos em
famílias, carreiras, na saúde mental delas e na economia. Maíra Liguori,
jornalista e diretora de impacto da ONG Think Olga que, além de promover a
equidade de gênero e transformações culturais, desenvolveu, a partir do projeto
Laboratório Think Olga de Exercícios De Futuro, um relatório sobre a economia do cuidado e
possíveis direcionamentos para equilibrar essa balança, participou de um papo
exclusivo para o podcast
Elas Trabalham, apresentado pela jornalista Thaise Xavier. A
também co-fundadora da consultoria Think Eva comentou o papel da sociedade nos
próximos anos, política e os efeitos da pandemia.
Para viver em
comunidade é necessário que exista o cuidado, ou seja, em diferentes faixas
etárias, o ser humano precisa que alguém esteja olhando e zelando pela sua
saúde, alimentação, moradia e garantindo a manutenção da sua vida, mesmo quando
há algum tipo de autonomia. No podcast, que fala sobre trabalho feminino e as
coisas que impactam a mão de obra das mulheres, Maíra explicou o que é
considerada economia do cuidado. “É o trabalho de gestar, parir, amamentar,
criar, cuidar, educar e formar um cidadão para compor a sociedade, ser
produtivo e a próxima geração de empregados ou empresários do capitalismo”,
esclarece.
Nas atividades de
cuidado estão inclusas as tarefas da casa, como cozinhar, lavar, ir ao mercado
e a responsabilidade com as crianças. “Precisamos pensar em compartilhar a
carga e ter mais co-responsáveis pelas atividades, para que isso não se
transforme em um motor de aceleração das desigualdades de gênero”, reforça
Maíra.
Segundo o relatório
elaborado pelo Lab Think Olga, a riqueza gerada pelas mulheres que trabalham
nas funções de cuidado e não são remuneradas seria o equivalente a 24 vezes o
valor da renda gerada pelo Vale do Silício. Para equilibrar a balança, a
diretora da ONG acredita que precisamos mudar a maneira como criamos e
socializamos os meninos. “Crianças precisam desempenhar os mesmos papéis dentro
do lar... homens precisam aprender a cuidar de si mesmos para assumir esse compromisso
com outras pessoas”, relata.
De acordo com o IBGE,
em 2050 o Brasil vai ter cerca de 77 milhões de pessoas dependentes de cuidado,
entre crianças e idosos, mas apenas 30% das cidades brasileiras, conforme dados
do IPEA, oferecem instituições de assistência. As mulheres estão
sobrecarregadas, cansadas e com a saúde mental prejudicada porque estão
desempenhando essas atividades de cuidado de forma isolada e gratuita e não
podemos separar gênero, raça e classe dessa discussão, que precisa de ações em
prática para que não haja uma crise do cuidar.
O episódio do Elas
Trabalham com Maíra Liguori está disponível em todas as plataformas de áudio e
para conferir é só dar o play.
Serviço:
Think Olga no Elas Trabalham
Onde:
Agregadores de podcast como Spotify
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