Até quando o modelo híbrido vai ser provisório?
*Por Pedro Signorelli
Pesquisa do IDC Brasil, feita para o Workspace
Google, constatou que a maioria dos colaboradores aponta melhora na
produtividade com o trabalho híbrido. Das 900 pessoas entrevistadas, 44%
trabalham no sistema híbrido, 29% no presencial e 27% de forma remota. Para 67%
dos entrevistados o trabalho em home office é melhor, pois não gastam tempo em
deslocamento, 46% gostam do modelo por terem a oportunidade de passar mais
tempo com as pessoas com quem moram e 31% pela flexibilidade de horários para
começar as atividades.
Ainda assim, 50% dos entrevistados
sentem falta do café com colegas e 44% lamentam a falta de reuniões presenciais
e também a falta de infraestrutura no trabalho remoto.
São inegáveis e incontáveis os
benefícios de trabalhar em casa, especialmente para quem mora nas grandes
cidades, não perder tempo com deslocamento, por exemplo, é fenomenal. As
dificuldades com transporte público que, em geral, não suprem as necessidades
da população, são enormes, há também o fato de poder estar mais perto da
família, esses têm sido alguns dos elementos que surgem de forma massiva nas
discussões sobre o tema.
Por outro lado, as empresas têm
enfrentado muitos desafios que parecem sem solução, mas que não são
necessariamente novos. Alguns deles, bem importantes, já estavam lá, o cenário
só os escancarou. Percebemos que temos muitas reuniões, - já tínhamos - mas
agora elas avançam no horário do almoço. Antes nos preocupávamos em ir embora
depressa por conta do horário de pico no trânsito, hoje como não temos essa
preocupação, passamos um pouco do nosso horário de trabalho, afinal o
computador está logo aqui e a cozinha para preparar o jantar está a 5 passos de
distância.
Em contrapartida, quem não sente falta
do olho no olho ou do happy hour? Estar ombro a ombro trabalhando com o time
melhora o desempenho? Sim. Para algumas atividades faz muita diferença.
Inviabiliza ser realizado de forma remota? Não, mas o team building fica mais
limitado. A leitura corporal é prejudicada, para não dizer inviabilizada, até
porque, por vezes, nosso interlocutor está com a câmera fechada.
É virtualmente - ou realmente -
impossível agradar a todos. Há desafios inúmeros, começo dizendo que temos
muitas reuniões, poderíamos ter muito menos se soubéssemos priorizar os temas.
Nossas calls não são objetivas, temos reuniões com várias pessoas que não
precisam estar nelas. Atividades que geram discussão e precisam de muita
interação, tendem a render mais se forem feitas presencialmente. Não sem antes
termos a certeza se a solução não está numa troca de e-mails ou na produção de
uma apresentação em powerpoint e aí sim reunir a todos que precisam estar
reunidos para discutir os pontos onde há dúvidas, ou que podem gerar outras
ideias a serem discutidas.
Ferramentas como Mural, Miro e outras
para o trabalho compartilhado ganharam muitos pontos além de um mercado
gigantesco, pois antes só alcançavam times de tecnologia espalhados
geograficamente. Hoje chegam a todos os segmentos e funções. Inclusive, nos
abriu a possibilidade de contratar pessoas fora da praça onde a empresa está
localizada.
E como ficam os objetivos em comum da
empresa? Qual a melhor forma de atingi-los? É preciso focar numa gestão clara,
envolvente, onde todos conheçam o rumo da empresa e saibam qual a importância
de seu trabalho para o resultado do negócio. O planejamento também não
pode mais ficar engessado, é preciso que seja ajustado sempre que houver uma
necessidade, uma interferência.
Os OKRs - Objectives and Keys Results ou
Objetivos e Resultados Chaves - são um caminho sem volta, seja para o trabalho
100% presencial, 100% remoto ou híbrido. Ele traz clareza e direção para
as ações, alinhamento entre todos e foco, mitigando, inclusive, os riscos do
trabalho remoto, pois traduz de maneira mais clara o propósito daquelas ações,
facilitando a conexão do trabalho do dia a dia do colaborador com a estratégia
da empresa.
Quanto ao melhor modelo de trabalho,
tenho a impressão de que a resposta é meio óbvia, não me parece que a solução
seja a escolha entre um e outro, presencial ou home office, mas sim
um e outro, ou seja, o modelo híbrido.
*Pedro Signorelli
tem 20 anos de experiência no mercado corporativo, tornou-se especialista na
implementação do método OKR. Em 2019, criou e fundou a Pragmática Consultoria em Gestão,
com o objetivo de ajudar outras organizações em suas jornadas de transformação
e gestão. Até o momento, desenvolveu mais de 60 projetos para empresas do
Brasil e do exterior. Mais informações acesse: http://www.gestaopragmatica.com.br/
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