Como os recursos de suporte à decisão clínica contribuem para o aumento da segurança e da efetividade do tratamento medicamentoso
Por Armin Spirgatis
À medida que a medicina evolui, a
necessidade por atualizações e informações médicas baseadas em evidências
torna-se cada vez maior, a fim de garantir a qualidade do cuidado e a segurança
do paciente em todos os processos hospitalares. Em especial, o ciclo do
tratamento medicamentoso, que demanda uma atenção ainda maior devido à sua
complexidade e multidisciplinaridade.
Entretanto, o sistema de saúde brasileiro
ainda apresenta dificuldades com o elevado número de eventos adversos, que,
além de ampliar os gastos com o setor, reduzem a qualidade do cuidado e,
consequentemente, a segurança dos pacientes. De acordo com a mais recente
pesquisa do Instituto de Estudos de Saúde
Suplementar da Universidade Federal de Minas Gerais (IESS-UFMG), elaborada em 2018, dos 19,4 milhões de pacientes internados no Brasil,
anualmente, cerca de 1,3 milhão apresenta pelo menos um evento adverso
relacionado à assistência hospitalar durante o tratamento. Como consequência,
economicamente as despesas geradas em detrimento deste cenário ultrapassaram o
valor de R$ 10 bilhões, dificultando ainda mais o avanço da área.
Neste sentido, é fundamental entender as
etapas que compõem a cadeia medicamentosa, os processos que contribuem para
estes eventos, bem como os benefícios que as ferramentas de suporte à decisão clínica agregam para o desenvolvimento do setor e para a segurança dos
pacientes.
A complexidade dos processos de saúde e o
impacto da tecnologia para a qualidade do cuidado
De um modo geral, a cadeia medicamentosa
consiste em três macroprocessos compostos pela prescrição,
dispensação e administração dos medicamentos. No entanto, quando analisamos
este processo como um todo, ele é multidisciplinar e extremamente complexo.
Antes da prescrição, esta relação passa por inúmeros processos desde a seleção
e compra da medicação, até a armazenagem e definição dos critérios de
distribuição.
Considerando apenas o
macroprocesso de prescrição, ele ainda é composto por outras etapas que o
antecedem. Por isso, é necessário que o profissional conheça o medicamento, a
dose correta, bem como se aquela medicação se aplica naquele determinado caso
ou tipo de paciente, levando em consideração, ainda, outras comorbidades ou
considerações relativas àquele paciente no momento da prescrição. Tudo isto,
somado ao grande volume de conhecimento médico existente hoje.
O relatório Proqualis, realizado nos Estados Unidos, apontou que são
registrados, anualmente, mais de 400 mil eventos adversos evitáveis
relacionados à medicamentos. O estudo estima ainda que tais erros geram mais de
7 mil mortes por ano no país.
Diante deste contexto, fica
claro como a tecnologia impacta diretamente na
otimização da segurança e na qualidade do cuidado dos pacientes, uma vez que
oferece mais agilidade e assertividade na rotina dos profissionais da área da
saúde. Além disso, as ferramentas de suporte à decisão clínica tornam-se
essenciais ao prover informações atualizadas e baseadas em evidências,
auxiliando o médico nas principais decisões, desde a identificação do
diagnóstico, até a prescrição do medicamento.
Desta forma, é certo que a inovação e o
aprendizado contínuo são elementares para a promoção da segurança e do cuidado
ao paciente. Neste sentido, o investimento em recursos de suporte à decisão
clínica passa a ser fundamental para ampliar o desenvolvimento do setor, pois
quanto melhor informados e amparados pela tecnologia estiverem os profissionais
da saúde, mais sucesso e segurança na prescrição e administração de
medicamentos o ecossistema de saúde terá.
Armin Spirgatis é Consultant – Implementation Services, da Wolters Kluwer, Health para América Latina.
Nenhum comentário