Copa do Mundo: quem ganha é o melhor futebol e a melhor infraestrutura
*por Jean Ferrari, engenheiro civil e CEO da
FastBuilt
A Copa do Mundo de 2022 tem data para
começar e terminar e até já se sabe quem vai jogar com quem, pelos menos nas
primeiras fases. Em novembro, as atenções de todo o mundo se voltam mais uma
vez para o continente asiático, mais especificamente Catar, uma das nações mais
ricas do mundo, país sede do torneio neste ano.
O país, que não tem tradição em futebol,
é referência em outras áreas e, justamente por conta disso, atrai a atenção do
mundo, que espera um dos maiores eventos esportivos da história da modalidade.
O Catar é um dos maiores produtores de gás natural do mundo. Em meados dos anos
1970, uma empresa do país assumiu a exploração e controle do petróleo existente
no país, o que alavancou a economia. O material, juntamente com petrolíferos
refinados, polímeros de etileno e alumínio em formas brutas são as
principais exportações do país, que em 2017 registrou o valor superior a US$ 52
bilhões em exportações.
E por conta da inovação que faz jus à
fama da região, onde dinheiro e desenvolvimento andam lado a lado, espera-se
ver mais do que um espetáculo com a bola nos pés. A infraestrutura e as
inovações da construção civil também serão destaque. Legado, conforto,
acessibilidade e sustentabilidade - essas são as palavras chave por trás do
desenvolvimento da infraestrutura do evento futebolístico no país de 11.571
metros quadrados e 2,88 milhões de habitantes.
Dos doze estádios, nove foram
construídos do zero e três passaram por reformas. A equipe pretende conseguir
um certificado especial do chamado GSAS (em tradução livre, Sistema Global de
Avaliação de Sustentabilidade) para todos eles garantindo selo de inovação com
tecnologias como o resfriamento sustentável dos estádios, uso de equipamentos e
materiais reciclados e ecologicamente corretos e outras soluções sustentáveis.
Por falar em sustentabilidade, uma
tendência dos estádios do Catar é a redução do espaço usado e doação de
equipamentos e materiais para outras áreas que necessitem de investimento
esportivo após a Copa. Arenas como a Al Bayt Stadium e Al Rayyan Stadium, por
exemplo, que passaram por reformas e têm capacidade para 60 mil e 40 mil
pessoas respectivamente, terão grande parte de suas arquibancadas removidas e
doadas.
Por se situar em uma região de clima
árido, as temperaturas no Catar são geralmente bastante elevadas, uma
preocupação que foi levada em conta ao escolher a data dos jogos -
tradicionalmente em junho e julho - entre novembro e dezembro deste ano. Mesmo
assim, os estádios contam com sistemas de resfriamento ecologicamente corretos.
Arquitetura planejada para manter ou
preservar a temperatura agradável naturalmente - sem necessitar de artifícios
extras e desperdício de energia, construções feitas com materiais
reaproveitados e até mesmo estádios construídos do zero em cidades que também
surgiram e cresceram “do nada” no meio do deserto. Até mesmo a logística de
circulação de delegações e turistas foi pensada, com criação de linhas de metrô
para evitar emissão de carbono e garantir, assim, selos de qualidade e
sustentabilidade dos órgãos responsáveis.
A Copa do Mundo do Catar pode se tornar
um exemplo de aplicação do conceito de smart
cities, as cidades inteligentes que garantem praticidade, conforto
e sustentabilidade, a palavra do momento.
O país sede do maior evento de futebol
do mundo conta com oito subdivisões, com distância máxima de 55 quilômetros
entre elas, percurso que, lá, é facilmente percorrido por linhas de metrô. Ou
seja: já vive e respira o conceito de smart city.
Com pensamento inovativo e voltado a
fazer a diferença, a infraestrutura no Catar desenvolvida não apenas pensando
na Copa do Mundo, mas também nos benefícios que essas construções podem gerar
para a população após o evento, é um legado que se torna referência em boas
práticas aqui no Brasil. Um dos estádios construídos do zero para os jogos, o
Estádio de Lusail, deve ser remodelado internamente após o Mundial para dar
lugar a escolas, hospital e centro comercial.
Práticas ESG, como a preocupação com o
resfriamento dos ambientes de forma natural, reaproveitamento de materiais e
sustentabilidade, transformação digital e novos produtos devem ganhar mais
destaque, sendo essa uma Copa incomum, com atenção voltada também à práticas de
inovação, tendências para além do futebol.
A Copa do Mundo é um evento que gera apenas
entretenimento para grande parte da população, mas que neste ano, as atenções
se voltem também para o planejamento - já que alguns estádios começaram a ser
construídos ou reformados assim que Catar foi definido como sede - e também
para a inovação e sustentabilidade, que não devem ser temas falados em
“webinars”, mas sim colocados em prática para o bem geral da nação.
Sobre a FastBuilt
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