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Dia do Professor

Convívio diário dos mestres com alunos, familiares e responsáveis também se estende à promoção da saúde bucal

Imagem: CROSP
Bruno Masayuki Saito Alves

Os professores do Ensino Fundamental são profissionais que têm acesso ao convívio diário com as crianças por vários anos, estabelecendo vínculos afetivos não só com os alunos, mas também com familiares ou responsáveis pelas crianças. Eles são, sem dúvidas, as pessoas de maior contato com as crianças depois da família.

Este contato permite possibilidades diversas, inclusive de auxiliar na promoção da saúde bucal de crianças e adolescentes.  Convenientemente preparados, os professores podem observar possíveis problemas de saúde bucal das crianças e alertar os pais sobre a necessidade de levá-los ao Cirurgião-Dentista.

Trabalhar a prevenção de doenças bucais nas salas de aula e ambiente escolar não é apenas possível, mas também necessário, como observa o Cirurgião-Dentista, professor titular do Departamento de Política, Gestão e Saúde da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) e membro da Comissão de Políticas Públicas do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP), Dr. Paulo Frazão.

Segundo ele, a ação está prevista no Programa Saúde na Escola instituído em 2007. Entretanto, muitas escolas, em centenas de municípios, não contam com um trabalho planejado na forma de um programa com ações sistemáticas de educação, prevenção, detecção de necessidades de tratamento e o tratamento propriamente dito na unidade básica de saúde mais próxima, o que faz com que metade dos escolares brasileiros aos 12 anos tenha pelo menos um dente cariado não tratado e 1/3 tenha frequência insuficiente de escovação dentária. 


Contudo, Dr. Paulo destaca que, neste sentido, levando em consideração os recursos que o professores já possuem como educadores, eles podem auxiliar a comunidade a buscar mais informações sobre as necessidades de saúde bucal dos escolares e os recursos disponíveis no município, a fim de ajudar a estruturar, junto com a equipe de saúde, programas integrados de promoção da saúde dos alunos. “Esses programas devem incluir medidas para tornar o ambiente escolar um local promotor da alimentação saudável, da atividade física, da saúde bucal etc. Como educador, o professor pode reunir e disseminar informações sobre as doenças mais comuns e as formas mais apropriadas para sua prevenção”.

O especialista acrescenta ainda que é papel dos dirigentes municipais e estaduais da educação e da saúde apoiarem as atividades por meio da oferta de estratégias de educação permanente e de recursos didáticos e materiais para o desenvolvimento dos programas e de seus conteúdos adaptados, conforme o ciclo de aprendizagem e a faixa etária dos estudantes. 

 

Ambiente de apoio mútuo

    
Para se ter ideia do quanto o ambiente escolar é importante também no sentido de promover a saúde, inclusive bucal, basta lembrar que não é incomum que problemas relacionados à fala, por exemplo, sejam percebidos e apontados pelo professor no dia a dia com os alunos.

Dr. Paulo observa que não apenas o professor, mas os próprios colegas do(a) aluno(a) podem perceber problemas de fala, troca de fonemas, produção inadequada dos sons e dificuldades com as regras fonológicas da língua. “Além da aprendizagem formal e informal, essas alterações podem prejudicar a autoestima e o bem-estar emocional e social da criança”.

Distúrbios de fala podem atingir entre 5% a 25% dos alunos do ensino fundamental e podem ser um sinal precoce de dificuldade de leitura /escrita no futuro, contribuindo para as dificuldades de aprendizagem. “Por isso, é importante que a intervenção terapêutica seja oportuna e adequada. A maioria dos casos é simples e requer apenas a intervenção do fonoaudiólogo. Uma frequência pequena de casos é complexa e poderá envolver a equipe multidisciplinar, inclusive com Cirurgião-Dentista”.

Em relação à saúde da dentição decídua e permanente, Dr. Paulo explica que o professor pode ajudar no planejamento das ações, tanto de educação e prevenção, quanto das ações de detecção de necessidades de tratamento e de programação do tratamento propriamente dito na unidade básica de saúde de referência. “Em relação à educação existem muitas informações sobre as principais doenças e agravos bucais que ocorrem na infância, os fatores de risco e de proteção mais importantes, entre outros aspectos que podem ser inseridos no currículo escolar. Quanto à prevenção das doenças bucais, a cárie dentária é a principal causa de dor, perda dentária, dificuldade para mastigar, falar, interagir com os colegas e de absenteísmo dos escolares”.

O Cirurgião-Dentista lembra que os métodos combinados de uso de fluoreto são, desde os anos 1980, o principal meio de prevenção das lesões de cárie, destacando-se em nosso país o seu uso no creme dental e na água de abastecimento público.    

 

 

 

Sobre o CROSP

O Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP) é uma Autarquia Federal dotada de personalidade jurídica e de direito público com a finalidade de fiscalizar e supervisionar a ética profissional em todo o Estado de São Paulo, cabendo-lhe zelar pelo perfeito desempenho ético da Odontologia e pelo prestígio e bom conceito da profissão e dos que a exercem legalmente. Hoje, o CROSP conta com mais de 170 mil profissionais inscritos. 

Além dos Cirurgiões-Dentistas, o CROSP detém competência também para fiscalizar o exercício profissional e a conduta ética dos Auxiliares em Saúde Bucal (ASB), Técnicos em Saúde Bucal (TSB), Auxiliares em Prótese Dentária (APD) e Técnicos em Prótese Dentária (TPD). 

Mais informações: www.crosp.org.br

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