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Eleições 2022: por que o cenário econômico deveria ser o centro dos debates?

Professores da Unicid e Ceunsp explicam os pontos de atenção da economia brasileira que os eleitores devem se atentar nas propostas dos candidatos

2º turno das eleições a caminho, debates em destaque e inúmeros pontos em discussão pelos candidatos. Todavia, um fator fundamental que os eleitores devem se atentar nas propostas é a economia. 

O Prof. Me. Walter Franco, do curso de Ciências Econômicas da Universidade Cidade de São Paulo (Unicid), destaca que a pauta econômica é sempre importante em qualquer debate eleitoral, seja entre os candidatos ou cidadãos. “A economia é o principal combustível populacional, sendo necessário discutir de forma organizada, ampla e propositiva questões como emprego, renda, PIB, inflação, dentre outras, neste momento. As propostas dos candidatos, portanto, devem contemplar tais temas econômicos, pois são esses essenciais para o bem-estar da sociedade, e precisamos ser críticos e estar atentos ao acompanhar os debates e propostas”. 

Walter explica que o Brasil tem diversos desafios para enfrentar na esfera econômica, como o combate à pobreza e ao subemprego, além de investir mais em saúde, educação e transporte. Por outro lado, há melhorias nas contas externas, com reservas internacionais em níveis altos historicamente, balança comercial superavitária e investimentos estrangeiros diretos crescendo esses anos. “Somado a isso, temos o Banco Central atuando de forma independente e cuidando da sua tarefa de manter e trazer a inflação para o centro da meta. O PIB crescendo a níveis que indicam variação acima de 3% para este ano de 2022 e o desemprego diminuindo”, aponta. 

Já o Prof. Dr. Márcio de La Cruz, coordenador do curso de Administração do Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio (Ceunsp), reforça que a economia atual está muito frágil, principalmente pelo binômio juros alto e inflação. Márcio diz que conseguir equilibrar esses dois fatores sem mexer no teto de gastos será um grande desafio para o próximo presidente. “Uma possível saída seria a reforma tributária, o que poderia trazer, no médio prazo, ganho de produtividade diminuindo assim o déficit público e possível controle da dívida pública. Além disso, o próximo representante precisará definir um plano de investimentos em inovação, infraestrutura e muitas outras ações necessárias para o fortalecimento do PIB”. 

Márcio assinala outros aspectos a serem observados: o aumento da inflação e juros mais altos prejudica especialmente população mais pobre, a pandemia e a guerra da Ucrânia tornaram os desafios ainda maiores e, nos últimos anos, um crescimento de pessoas que passam fome ou enfrentam algum grau de insegurança alimentar. “Isso já representa algo em torno de 15% da população brasileira, o que é muito preocupante. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) prevê um crescimento do PIB brasileiro por volta de 1,2% para 2023, mas será necessário a conquista de credibilidade das políticas fiscais e recuperação da capacidade de investimentos”. 

Intenções de voto 

O economista Walter Franco acredita que o voto do eleitor só será influenciado pela inflação se ele identificar no candidato o aumento de preços. Caso contrário isso não ocorre. “Neste momento, o emprego é mais sensível que os preços dos produtos. E a inflação vem caindo em razão das altas taxas de juros, entrada de safra agrícola e redução significativa dos preços dos combustíveis. Vale destacar que a queda de preços no varejo é mais importante que o nível dos índices de inflação, mas no geral os preços continuam altos”, considera.  

Para o especialista De La Cruz, os impactos econômicos vividos pelos brasileiros podem ser determinantes na intenção de voto. “Esse fator reflete principalmente no controle da inflação. O aumento no preço dos alimentos e dos combustíveis estão entre as principais queixas dos eleitores, isso leva ao aumento também da taxa de juros, impactando diretamente no crescimento da atividade econômica. Hoje o Brasil está com a maior taxa de juros real do mundo e uma renda menor que 2021, levando as pessoas a consumirem menos. Outros fatores como o desemprego e o controle das contas públicas podem interferir na decisão dos eleitores”, evidencia. 

Conter a inflação será um desafio para o próximo governante e, segundo Márcio, essa pessoa precisará explicar de onde virá a arrecadação, pois com os juros altos desestimulam os investimentos no país. Além disso, é preciso muita atenção nas questões externas, por exemplo, aumento da taxa de juros dos U.S.A e o preço dos commodities. 

Eleição e reeleição tendem a ocorrer também com base em propostas econômicas, segundo Márcio. “Questões como desemprego, perda de poder de compra da população, falta de investimento em infraestrutura, saúde, educação e segurança pública são fatores decisivos em qualquer eleição. Os candidatos precisam apresentar propostas e soluções reais para desafios enormes, responder questões relacionadas a proposta para retomada do crescimento econômico, redução da inflação e dos juros, retomada dos empregos, diminuição das contas públicas, reforma fiscal, política e tributária”. 

Já o professor de Economia da Unicid considera que a economia e seu desempenho não são tudo e nem os únicos fatores decisivos para o voto. “A escolha do candidato também é obtida por propostas, empatia com a figura política, ambiente geral da sociedade, dentre outros fatores. Atualmente, o brasileiro vota de forma muito racional em razão de ter muita informação e sensibilidade”. 

Ainda, Márcio lembra que políticas públicas que fomentem e incentivem o investimento em inovação, ciência e tecnologia são pilares do crescimento econômico. “As questões relacionadas ao meio ambiente e a sustentabilidade, em equilíbrio com o crescimento sustentável do agronegócio, que é um dos motores da nossa economia, precisam ser pensados e discutidos para se encontrar as melhores soluções. É preciso realizar fortes investimentos em educação de qualidade e capacitação da nossa mão de obra, e estimular o crescimento da nossa indústria tornando-a mais competitiva, além de buscarmos aumento da credibilidade e confiança mundial para aumento dos investimentos externos no Brasil”, finaliza.  

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