Em clima de Halloween, ativistas pedem que Habib's se posicione contra o sofrimento animal
ONG fez ação pacífica para que rede se
posicione contra gaiolas de gestação para porcas, que causam uma série de
problemas de bem-estar e saúde para animais
Os ativistas da ONG Sinergia Animal
realizaram uma manifestação pacífica de Halloween na última segunda (31), no
quarteirão do primeiro restaurante da rede Habib’s, na Vila Romana, e na Rua
Augusta, ambas em São Paulo (SP). A ação foi marcada por um caminhão de LED que
exibiu vídeos mostrando o sofrimento de porcas reprodutoras enquanto os
ativistas, que utilizavam máscaras de personagens de filmes clássicos de
terror, distribuíram panfletos em frente ao restaurante.
“A forma como as porcas mães, usadas
para parir leitões de engorda, são tratadas na indústria suína é simplesmente
aterrorizante e por isso estamos usando o tema de terror do Halloween hoje para
ilustrar essa campanha. Elas são trancadas em gaiolas minúsculas, onde não
podem sequer se virar e muito menos andar. É uma vida de terror mental e dor
física”, explica Taís Toledo, gerente de Relações Corporativas da Sinergia
Animal.
A manifestação temática faz parte da campanha “Terror no Habib’s”,
iniciada no dia 19 de outubro, em que a Sinergia Animal pede que o
Habib’s se comprometa a não adquirir carne suína e derivados de
fornecedores que utilizam gaiolas de gestação para porcas. Concorrentes da
empresa no setor de restaurantes, como Casa do Pão de Queijo, McDonald’s,
Burger King, Bob’s, Subway e Outback, já anunciaram essa política. “O Habib’s
vende vários produtos que contêm carne suína, como presunto, bacon e calabresa.
Pedimos que a empresa siga esses exemplos e também assuma esse compromisso com
os animais”, acrescenta Taís.
Apesar da petição
contra a prática e de ser um dos maiores líderes do mercado de alimentos, o
Habib’s ainda não se manifestou publicamente sobre o assunto e também não
possui uma política publicada em seu site que proíba o uso de gaiolas em
sua cadeia de fornecimento de carne suína.
Segundo levantamento
da World Animal Protection, 82% dos consumidores brasileiros consideram muito
importante o bem-estar desses animais. “Como uma das maiores redes de
restaurantes do país, o Habib’s possui as condições de respeitar esses anseios
dos consumidores e assegurar que os animais não sejam submetidos a tamanho
sofrimento em sua cadeia de fornecimento”, ressalta Taís.
O que são as gaiolas de gestação
No Brasil e em outros países da América
Latina, milhões de porcas reprodutoras são confinadas pela indústria da carne
em gaiolas de gestação durante quase toda sua existência. As gaiolas são tão
minúsculas que têm aproximadamente o mesmo tamanho das porcas, impedindo que
elas sequer caminhem e até mesmo virem-se dentro do ambiente. O aprisionamento
gera inúmeros malefícios para os animais, que não podem expressar seus
comportamentos naturais, sentem frustração e ainda precisam lidar com uma série
de problemas físicos como infecções urinárias que podem causar morte, danos
cardiovasculares, enfraquecimento dos ossos e graves lesões ocasionadas pela
estrutura das gaiolas e pelos pisos de concreto.
De acordo com um relatório
da Humane Society International, uma das maiores referências mundiais na
promoção da ciência do bem-estar animal, as porcas grávidas também não possuem
proteção térmica, o que exacerba o estresse e os ferimentos causados pelo
confinamento. Elas são obrigadas a urinar e defecar no mesmo ambiente, ficando
expostas a níveis alarmantes de amônia e a doenças respiratórias. Após
sucessivas gestações, as porcas sofrem uma dramática perda de peso e uma alta
incidência de problemas de saúde, fazendo com que sejam descartadas e enviadas
para o abate pela indústria da carne.
Estresse, estereotipia e depressão
A saúde mental das porcas também é
seriamente prejudicada pelas gaiolas de gestação. Elas são inteligentes,
sociais, curiosas e conseguem aprender tarefas complexas. Com a falta de
enriquecimento ambiental ou de estímulos mentais, as porcas desenvolvem
estereotipias, que são movimentos anormais, repetitivos e aparentemente sem função
ou objetivo, resultantes do tédio e da frustração.
As estereotipias são comuns em animais
mantidos em zoológicos e em laboratórios e sinalizam a falta de bem-estar. Nas
porcas enjauladas, esse comportamento inclui morder as grades repetidamente,
balançar a cabeça e fazer movimentos de mastigação com a boca vazia. Outro
fator que contribui para o desenvolvimento da estereotipia é a ingestão
reduzida de alimentos para evitar o ganho de peso, resultando em níveis
elevados de estresse. As más condições dos animais também aumentam a depressão,
a agressividade e a falta de resposta a estímulos externos.
Mais informações sobre a campanha e como
participar dela estão disponíveis no site da Sinergia Animal: www.terrornohabibs.com.
Sobre a Sinergia Animal
A Sinergia Animal é uma organização internacional que trabalha em países do Sul Global para diminuir o sofrimento dos animais na indústria alimentícia e promover uma alimentação mais compassiva. A ONG é reconhecida como uma das mais eficientes do mundo pela renomada instituição Animal Charity Evaluators (ACE).
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