Letalidade de acidentes com crianças cresce nas rodovias federais
Apesar da queda na ocorrência de acidentes,
número de mortos e feridos cresceu nos nove primeiros meses de 2022
Apesar de o número de
acidentes envolvendo crianças e adolescentes nas rodovias federais brasileiras
ter caído 15,58% nos nove primeiros meses deste ano, na comparação com o mesmo
período de 2021, o número de mortos e feridos cresceu. Segundo dados fornecidos
pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) à Associação Mineira de Medicina do
Tráfego (Ammetra), o número de mortos cresceu 80% e o de feridos, 3%, o que
indica acidentes mais graves. “Quando
a segurança do trânsito está sendo tratada e conduzida de uma forma eficaz, a
queda no número de sinistros é acompanhada pela queda do número de vítimas.
Nesse caso específico, o que se observa é que os sinistros envolvendo crianças
e adolescentes estão cada vez mais letais, e isso decorre de um comportamento
de imprudência e desrespeito crescente”, afirma o diretor científico da Ammetra, o médico
especialista em Medicina do Tráfego, Alysson Coimbra.
Segundo dados da PRF, o
número de autuações por descumprimento às normas de segurança no transporte de
crianças nas rodovias federais brasileiras cresceu 32% no período de janeiro a
setembro de 2022, comparado ao mesmo período de 2021. Enquanto no ano passado a
polícia registrou 17.567 autuações, em 2022 esse número chegou a 23.202.
Crianças
devem ser transportadas no banco traseiro sempre com cinto de segurança
Na avaliação de Alysson
Coimbra, o transporte de crianças fora das normas de segurança é um dos fatores
que explicam o crescimento da letalidade nos sinistros envolvendo esse público “Normas de segurança que já estavam
consolidadas, como o uso da cadeirinha, voltaram a ser discutidas recentemente
numa tentativa de flexibilizar as regras. Apesar dessa tentativa ter sido
barrada, infelizmente, esse tipo de iniciativa tem esse efeito negativo entre
os motoristas, de desestimular o uso desses dispositivos de retenção”,
observa.
Educação e
investimento
Segundo o
especialista, a saída para reverter esse quadro é o contínuo reforço das ações
de fiscalização pela PRF e o investimento em campanhas educativas para orientar
a população porque as crianças são ainda mais vulneráveis que os adultos em
caso de acidente. “Existe
um contingenciamento crônico dos recursos do FUNSET (Fundo Nacional de
Segurança e Educação de Trânsito). Se esse dinheiro fosse investido como
determina a Lei, poderia modernizar a PRF e promover a educação para o
trânsito. A segurança viária precisa ser tratada como política pública no
Brasil, com medidas que verdadeiramente priorizem a preservação de vidas”,
completa o médico.
Há
um tipo de assento específico para cada faixa etária
Principal
causa de morte
O trânsito
é a principal causa externa de mortes de crianças e adolescentes de até 14 anos
no Brasil. “Até os 16
anos, a criança ou adolescente ainda não atingiu a maturidade
músculoesquelética e, portanto, é mais suscetível a mortes e lesões graves em
sinistros de trânsito”, acrescenta Coimbra.
O
médico especialista em Medicina do Tráfego Alysson Coimbra
Mudança
recente
Desde
abril do ano passado todos os passageiros com menos de 10 anos, que ainda não
tenham atingido 1,45m, devem ser transportados no banco traseiro do veículo,
utilizando cinto de segurança, em dispositivo de retenção adequado para a sua
idade, peso e altura. O uso desses equipamentos reduz em até 71% os riscos de
morte em caso de acidentes.
Além disso, o
transporte de crianças em motocicletas passou a ser permitido apenas para
crianças com mais de 10 anos. O desrespeito à regra é infração gravíssima e o
infrator está sujeito a retenção do veículo para que seja sanada a
irregularidade por parte do condutor. “Ocupantes
de moto estão mais sujeitos a lesões graves e o ideal é que as crianças não
sejam transportadas nesses veículos. Mas, se houver necessidade, é preciso
obedecer à idade mínima prevista em lei, que é a partir de 10 anos, com o uso
de capacete apropriado para esse passageiro e outros equipamentos de segurança”,
completa o diretor da Ammetra.
ACIDENTES COM
CRIANÇAS E ADOLESCENTES NO PERÍODO DE JANEIRO A SETEMBRO
Acidentes envolvendo
crianças e adolescentes
2021: 340
2022: 287
Crianças e adolescentes
feridos em acidentes
2021: 123
2022: 127
Crianças e adolescentes
mortos em acidentes
2021: 5
2022: 9
Fonte:
Polícia Rodoviária Federal (PRF)
Forma mais correta para o transporte
veicular de crianças:
Bebê conforto: crianças
de até um ano de idade e até 9kg, posicionado em sentido contrário ao painel do
veículo.
Assento conversível:
crianças de até um ano de idade e até 13kg posicionado no sentido contrário ao
painel do veículo até a criança completar 1 ano de idade.
Cadeirinha: crianças de
1 a 4 anos de idade, que tenham entre 9 e 18 kg, posicionamos de frente para o
painel do veículo.
Assento de elevação:
crianças de 4 a 10 anos de idade que não tenham atingido 1,45 m de altura, com
peso entre 15 e 36 kg, sempre conectado ao cinto de três pontos.
Banco traseiro e
dianteiro somente com o cinto de segurança: crianças com mais de 10 anos de
idade e/ou estatura superior a 1,45m.
Apenas crianças maiores de 10 anos podem ser transportadas em motocicletas, mas sempre com capacete, luvas e outros equipamentos de proteção
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