Mercado reage positivamente ao resultado do primeiro turno das eleições
Bolsa têm alta histórica de 5,54% e dólar cai 4,07% um dia
depois após o pleito
O primeiro turno das eleições terminou
com uma diferença apertada de 5% entre os candidatos melhor colocados. Lula
encerrou em primeiro lugar, com 48,43% dos votos válidos, enquanto Bolsonaro
chegou ao segundo lugar com 43,20% dos votos. A situação do Congresso Nacional
mostrou “vitória” de Bolsonaro. Foram mais de 90 deputados do partido do
presidente eleitos para a Câmara de Deputados; no Senado Federal, oito cadeiras
serão destinadas a correligionários bolsonaristas.
O mercado encarou bem esse resultado. Na
segunda-feira (03/10), um dia após o primeiro turno, a bolsa de valores
brasileira subiu 5,54%, alcançando os 116 mil pontos, situação que não
acontecia desde 14 de abril deste ano. O dólar seguiu o caminho inverso,
registrando queda de 4,07%, cotado a R$5,17; essa foi a maior baixa diária
desde 2018.
Para Daniel Funabashi, especialista em
mercado financeiro e sócio da iHUB Investimentos, o motivo do bom humor do
mercado baseia-se em dois principais pilares. O primeiro é o fato do
ex-presidente Lula não ter sido eleito no primeiro turno, forçando-o dialogar
com ampla base econômica em busca de apoio, diminuindo assim o tom mais
socialista de sua campanha.
O segundo pilar é, caso eleito,
Bolsonaro encontrará pela frente uma ampla base de apoio no Congresso,
possibilitando uma maior governabilidade e destravando pautas tidas como
importantes para o mercado, como a reforma tributária.
“Grande parte do mercado é formada por
capital estrangeiro e a leitura que o estrangeiro faz é de que ambos candidatos
são apenas marginalmente distintos um do outro, com diferenças ideológicas,
porém, ambos possuem fortes traços populistas. Além disso, ao analisar os
mandatos dos dois candidatos, o estrangeiro tem dificuldade em distingui-los”,
comenta Funabashi.
A composição brasileira do mercado tem
certa clareza dos possíveis rumos de uma eventual continuidade do governo Bolsonaro,
com as conversas de uma reforma tributária avançando cada vez mais. A
continuidade de Paulo Guedes no governo é tida como essencial para que pautas
como a da reforma aconteçam, trazendo também a necessidade do governo ter
apreço pela responsabilidade fiscal.
No caso de um eventual governo Lula, os
rumos ainda são incertos. O trânsito do ex-ministro da Fazenda e secretário
econômico do Estado de São Paulo, Henrique Meirelles, na campanha do petista,
traz um ar de sobriedade a temas como controle de gastos e reformas
estruturantes, mas muitos pontos do que seria um governo Lula na economia ainda
não estão claros.
“Numa eventual vitória de Lula, o
mercado cobrará bastante responsabilidade fiscal. A situação econômica atual do
país difere muito da situação a qual o ex-presidente desfrutou em seu primeiro
mandato. Já em uma vitória de Bolsonaro, o mercado enxerga com mais facilidade
o acontecimento de pautas econômicas voltadas à responsabilidade fiscal e corte
de gastos, visto que foi construída uma base ampla e reforçada no Congresso
Nacional”, finaliza Daniel Funabashi.
Sobre iHUB Investimentos
A iHUB Investimentos é uma empresa especializada em assessoria de investimentos credenciada pela XP Investimentos. Possui mais de 3,5 mil clientes, somando quase R$2 bilhões em valores investidos sob custódia.
Nenhum comentário