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O apego emocional e as implicações psicológicas com a perda de um pet

Há algumas semanas li uma reportagem que falava de uma pessoa que perdeu seu animal de estimação e, consequentemente, entrou em um estado de depressão tão profundo que precisou de acompanhamento psiquiátrico. Muitos julgamentos e críticas surgiram. As pessoas não conseguem enxergar o apego emocional envolvido no cuidado com o animal.

Muitos acham estranho e até julgam a motivação que leva o outro a sofrer tanto pela morte de um pet, mas isso é extremamente natural, coerente e verdadeiro. Afinal, a relação do ser humano com seus animais de estimação demonstra a importância do sentimento de afetividade, que é inerente ao indivíduo. Muitas pessoas, inclusive, seguem a vida cuidando de seus pets de forma tão intensa, como se estes fossem filhos. E quem irá dizer que eles não são?

Um amor sem explicação que revela a intimidade e cumplicidade de quem entrega todo carinho a seus companheiros do reino animal. E quando acontece a morte de um pet? O sofrimento é real, pois a dor e o processo de luto por causa de um animal de estimação podem ser exatamente iguais aos sentimentos vividos quando uma pessoa querida morre.

Sabemos que a literatura médica classifica o luto relacionando-o somente à morte de um humano, no entanto, um processo semelhante também ocorre quando perdemos algo muito próximo e querido, como um animal, um relacionamento, um trabalho ou um objeto.

No momento da perda de um animal de estimação, as pessoas próximas precisam respeitar o que o tutor do pet está passando e tomar cuidado para não serem indelicadas e invasivas.

Porém, de uma coisa não temos dúvidas: é preciso respeitar a dor, não julgar a pessoa e, principalmente, não minimizar o sofrimento com frases do tipo: “Era só um cachorro, não tem motivo para tudo isso”. "Arruma outro gatinho, coloca no lugar e está tudo bem”.

Então, respeitar essa dor é muito importante para que a pessoa possa passar por todas as fases do luto até chegar na aceitação, que é quando ela consegue lidar com a perda com menos sofrimento. E, assim, ir retomando a normalidade da sua vida e se adaptando à nova realidade até que o luto se acabe ou se transforme em saudade e em boas lembranças.

Geralmente, um processo de luto dura de três meses a um ano, podendo chegar até muito mais tempo. Mas, se a tristeza não diminuir e a pessoa não conseguir retomar a vida, ficando a maior parte do tempo se sentindo culpada e infeliz, o problema pode se tornar um luto patológico. É possível que a depressão possa vir a fazer parte do dia a dia do indivíduo. É muito importante, portanto, identificar que a situação chegou nesse patamar, buscar ajuda profissional, como um tratamento psiquiátrico ou psicoterapêutico, pois a dor do luto pode se transformar em um transtorno mental.

Portanto, a nossa dor e o nosso processo de luto são individualizados. Cada um de nós sabe onde o calo aperta. Por isso, não julgue o sentimento alheio. Somos seres humanos, temos alma e sofremos com nossas emoções. E o luto, seja ele de que natureza for, será vivenciado por cada um de uma forma diferente. Afinal, a intensidade e o tamanho da dor é subjetiva e não cabe julgamentos. Cabem e devem fazer parte deste processo, sentimentos simples, mas também muito poderosos, como: o respeito, a empatia, a compaixão e a sensibilidade.

Dra Andrea Ladislau / Psicanalista

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