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OPINIÃO! 20 de outubro: Dia Nacional de celebrar a Filantropia

O trabalho do setor filantrópico é fundamental para reduzir desigualdades e transformar vidas de milhões de brasileiros

Por Custódio Pereira*

 

Minha caminhada profissional de mais de 30 anos me deu a oportunidade de trabalhar em diversos setores, como indústria multinacional, mercado financeiro e engenharia. Mas posso dizer que o setor filantrópico é o que me proporciona grande alegria em servir. Como presidente e um dos fundadores do Fórum Nacional das Instituições Filantrópicas (FONIF), acredito na missão de lutar para que as pessoas sempre tenham acesso a serviços básicos e gratuitos fundamentais para uma vida digna, saudável e próspera. 

Para garantir estes direitos, o Brasil precisa da ajuda das instituições filantrópicas. Desde a fundação da Santa Casa de Santos, em 1543, estas instituições permanecem orientadas pela missão e pelo carisma de amor e cuidado. Ao longo de mais de quatro séculos, as filantrópicas brasileiras construíram um legado fundamental para o país. E o impacto positivo desse trabalho pode ser comprovado com os resultados da pesquisa “A contrapartida do Setor filantrópico no Brasil”. 

Uma iniciativa do FONIF, o estudo tem como base de dados os números oficiais da Receita Federal e dos ministérios da Cidadania, da Saúde e da Educação, e foi conduzido pela DOM Strategy Partners e auditado pela AUDISA - Auditores Associados. A pesquisa mostra que, em 2020, coube às 27.384 instituições filantrópicas detentoras da certificação de entidades beneficentes de assistência social (cebas) a tarefa de realizar 230 milhões de procedimentos hospitalares e ambulatoriais; conceder quase 800 mil bolsas de estudo na educação básica e no ensino superior e disponibilizar mais de 625 mil vagas para pessoas em situação de vulnerabilidade social. 

Ainda de acordo com a pesquisa, a contrapartida tangível e intangível das instituições filantrópicas de Saúde, Educação e Assistência social certificadas pelo CEBAS em 2020 foi de aproximadamente R$ 139 bilhões, ou seja, 9,79 vezes maior que o valor de R$ 14 bilhões da imunidade tributária recebida naquele ano. 

Mesmo com os retornos tangíveis à sociedade, ainda há problemas no horizonte a serem resolvidos. O déficit de financiamento é o maior deles. A tabela SUS não é reajustada há 17 anos, e os recursos repassados pelo governo para pagar procedimentos hospitalares de média e alta complexidade, além da atenção básica de saúde são insuficientes para cobrir os custos. As instituições de Educação sofrem com instabilidades no edital do Prouni e o setor de Assistência Social carece da criação de mecanismos de financiamento e subsídio para continuar atendendo a população. 

Apesar de todas as dificuldades, o que mantém as instituições filantrópicas motivadas a seguirem fortes é o propósito genuíno da filantropia – literalmente um profundo amor à humanidade. Mas para proteger esse trabalho, a sociedade precisa reconhecer o valor dos professores, médicos, enfermeiros, administradores, assistentes sociais e todos os colaboradores das filantrópicas. São eles que, diariamente, estão na linha de frente lutando para salvar vidas, transformar realidades e oferecer oportunidades dignas para mais e mais brasileiros. 

 

*presidente do Fórum Nacional das Instituições Filantrópicas (FONIF)

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