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Pesquisa aponta que 60% dos mortos no trânsito são idosos

Estudo da Fundación MAPFRE mostra a importância de oferecer uma mobilidade segura para o público sênior, com um trânsito menos violento e mais acessível

Fundación MAPFRE divulga os dados de uma pesquisa inédita no Brasil sobre segurança viária e hábitos de deslocamento de pessoas idosas. Com o apoio técnico dos pesquisadores do CEBRAP (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento), o estudo Adeus às chaves: perfil, segurança e o momento da transição traz informações sobre os modos de transporte relacionados às questões sociais.

Cerca de 5% a 13% das pessoas entre 60 e 70 anos apresentam uma diminuição expressiva da massa muscular. Já naqueles com 80 anos ou mais, a prevalência varia entre 11% e 50%. Essas perdas, então, podem acarretar numa diminuição da funcionalidade do indivíduo, aumentando o risco de acidentes e ocorrências no trânsito. “O ato de dirigir, para as pessoas idosas, é sinônimo de autonomia e independência para realizar atividades do dia a dia, como se locomover até o trabalho, ter momentos de lazer, autocuidado e saúde. Contudo, com o processo natural de envelhecimento, podem ocorrer perdas sensoriais e cognitivas importantes, que influenciam na capacidade do indivíduo idoso para dirigir”, afirma Fátima Lima, representante da Fundación MAPFRE no Brasil.

A pesquisa levantou dados das cidades de São Paulo, Salvador, Rio de Janeiro, Recife e Porto Alegre, mostrando que mais de 70% dos idosos saíam de casa mais de três vezes por semana antes da pandemia e depois essa porcentagem cai para menos de 30%. Quando questionados sobre sair ou não de casa, praticamente todos os respondentes afirmaram ter o hábito de sair de casa antes da pandemia. Porém, no momento da pesquisa, mais de 10% afirmaram não sair mais de casa.

A capital baiana se destaca na pesquisa por ser a cidade com menor percentual de idosos que relataram sair de casa mais de três vezes por semana, apenas 16% durante a pandemia. Além disso, neste momento, 25% dos idosos de Salvador afirmam não saírem de casa.

Enquanto as ocorrências sem colisão ficam em menos de 10% entre os não idosos, entre as pessoas idosas essa proporção chega a 15%. Essas ocorrências são, principalmente, formadas por situações pessoais nas quais o indivíduo pode ter tido algum mal súbito, mas também por situações de queda em decorrência de infraestrutura ruim ou má sinalização.

Quando olhamos para os motivos de sair de casa, o trabalho era um dos motivos que mais aparecia para sair com frequência (mais de três vezes por semana) antes da pandemia, chegando a mais de 50% em algumas capitais como São Paulo, Recife e Porto Alegre. Com a pandemia, no momento da pesquisa, o mais comum se tornou não sair de casa para trabalhar, chegando a 73% as pessoas idosas que não saem de casa por esse motivo em Salvador. Vale ressaltar que tanto os idosos quanto os demais grupos da sociedade brasileira costumam trabalhar em empregos informais, que foram mais atingidos pela crise sanitária.

Como se movem para atividades de lazer?

Visitar parentes e amigos antes da pandemia era relativamente comum entre as pessoas idosas. Mais de 50% dos idosos em todas as cidades saíam para visitar parentes e amigos até três vezes por semana. Com a pandemia, 71% dos idosos em Salvador já não saem por esse motivo e 45% em Recife. Isso tem impacto tanto nos deslocamentos nas cidades quanto na sociabilidade e na rede de apoio das pessoas idosas, que ficam mais distantes dos familiares e amigos.

Já quando observamos os modos de transporte utilizados pelas pessoas idosas pelo menos uma vez por semana, o ônibus foi o que teve maior queda, chegando a ser utilizado por apenas 24% dos idosos em Porto Alegre. O uso de automóveis particulares e motos praticamente se manteve em todas as capitais analisadas.

Uso de taxi e aplicativos

O uso de taxi e aplicativos teve queda mais acentuada no Rio de Janeiro, passando de 45% para 23% das menções entre as pessoas idosas. Já a caminhada de pelo menos 500 metros, que já era mais mencionada pelas pessoas idosas, praticamente se manteve em todas as capitais. Se considerarmos que os idosos passaram a sair menos de casa, manter em porcentagens das caminhadas indica que esse hábito realmente continua sendo muito importante no dia a dia desta população.

A sensação de insegurança, como o medo de ser assaltado por exemplo, é um fator relevante na decisão dos idosos entre sair ou não de casa. Em todas as capitais, a quantidade de idosos que se sentem inseguros é alta. Em Recife, 64% dos entrevistados se diziam sempre ou quase sempre inseguros no momento da pesquisa. Em Salvador, quase metade dos idosos (47%) temem sair de casa, porcentual muito parecido com Rio de Janeiro (44%) e São Paulo (41%). A capital com menor número de idosos que relataram ter medo de sair de casa é Porto Alegre, com 34%.

 Mobilidade por gênero

As mulheres são minoria entre os habilitados a dirigir automóveis em todas as faixas etárias, mas conforme envelhecem, essa diferença vai ficando ainda mais acentuada, aponta pesquisa da Fundación MAPFRE em parceira com o CEBRAP. Entre os 31 e os 50 anos, elas são 44%. Depois disso, a proporção cai até 13% para 91 anos ou mais. Isso mostra uma contradição que merece detalhamento. As mulheres têm maior expectativa de vida e são maioria no topo da pirâmide etária brasileira, entretanto, a atividade de condução de automóveis esteve mais ligada historicamente aos homens e, por mais que isso mude em conjunto com outras variáveis ao longo dos anos nas questões de gênero, este momento da decisão sobre habilitação foi realizado décadas atrás, quando dirigir automóveis era uma atividade ainda mais masculina do que hoje.

Para ter acesso a pesquisa completa, acesse o link do site da Fundación MAPFRE:

https://documentacion.fundacionmapfre.org/documentacion/publico/pt/bib/180674.do?queryId=19232

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