Razões para ainda investir em startups em 2022
Por
Igor Monteiro*
No ano passado, com US$ 9,4 bilhões
investidos, as startups brasileiras, em crescimento progressivo desde 2017,
prosperaram. Só no primeiro semestre de 2021, US $5.2 bilhões foram investidos
em startups nacionais. Entretanto, de acordo com um levantamento da Distrito, no primeiro semestre deste ano foram
investidos apenas US$2,92 bilhões em startups nacionais. Uma queda considerável
em comparação com o mesmo período de 2021. Esse declínio de 44%, se deve à alta
dos juros, somada à inflação global, à ameaça da recessão nas principais
economias do mundo e à instabilidade política global, fatores que assustam o
investidor. Mas é nesses momentos de correções dos mercados que surgem grandes
oportunidades para os investidores.
Historicamente, investimentos em Venture
Capital pagam prêmio de risco, gerando retornos superiores a outras classes de
ativos como a bolsa ou uma renda fixa, por exemplo, com rendimento de 12% a 14%
ao ano. Investir em empresas em fase inicial já deveria ser uma rotina de todo
investidor com mais apetite ao risco em nome de ganhos exponenciais no futuro.
Pense na grande chance que foi investir em empresas como 99 e IFood ainda em
seus estágios iniciais. Não à toa, em um famoso levantamento realizado pela
Forbes, constatou-se que das 400 pessoas mais ricas do mundo, 92% fizeram suas
fortunas investindo em equity (Private Equity ou Venture Capital).
No Brasil, um estudo
do INSPER, em parceria com Spectra e ABVCAP, analisou o desempenho de
transações de Private Equity (PE) e Venture Capital (VC) no país entre 1984 e
2021, e identificou que essas modalidades foram investimentos lucrativos apesar
da turbulência na economia brasileira e a desvalorização do real, com retornos
históricos anualizados de 17,5% - mais do que o dobro do Ibovespa, que
registrou um rendimento anual médio de 7,4% entre 2010 e 2020.
Não é à toa que apesar da queda nos
investimentos, observada no primeiro semestre de 2022, o volume destinado às
startups em early stage tenha apresentado um crescimento. Nos primeiros seis
meses de 2021, US$ 151 milhões foram investidos em rodadas do tipo seed e US$
1,23 bilhão foram captados por startups em estágios iniciais. Já no primeiro
semestre deste ano, foram registrados US$ 282 milhões de investimentos em seed
e US$ 1,39 bilhão em startups early stage. Ou seja, a queda no valor investido
se concentrou nas startups já em estágio de crescimento mais avançado. Como
aponta o levantamento da Distrito, de janeiro a junho de 2022, empresas desse
porte captaram US$ 1,24 bilhão, em comparação com US$ 3,87 bilhões em 2021.
Junto a isso, nos últimos meses, por
conta dos juros altos, as startups precisaram ajustar sua estratégia de
crescimento. Em tempos de dinheiro mais caro e menos abundante, os negócios não
focam apenas em um crescimento exponencial como antes, mas priorizam em fazê-lo
de forma mais sustentável. Era comum empresas captarem recursos, montarem uma
máquina de contratações, com ritmo acelerado de queima de caixa, em virtude da
“certeza” de que novas fontes de investimentos estariam disponíveis 12 ou 18
meses mais tarde. No cenário atual, os investidores estão mais exigentes e
demandam que empreendedores apresentem além de um plano consistente de
crescimento, argumentos claros que, financeiramente, o modelo de negócios da
empresa se sustenta no futuro.
Portanto, mesmo com as circunstâncias
atuais, as chances do investidor encontrar boas startups e conseguir retornos
expressivos são grandes. Pois, com o mercado menos líquido, os empreendedores
estão aceitando valuations mais baixos pelas suas empresas. Consequentemente, o
investidor pode ter acesso a oportunidades atrativas do ponto de vista de
preço, diferentemente do que acontecia em tempos de mercados inflados. Isso
somado com a recente manutenção da atual taxa de juros e encerramento do seu
ciclo de alta pelo Comitê de Política Monetária (Copom) em sua última reunião,
faz com que esse seja o momento ideal para realizar investimentos com preço
descontado.
No entanto, é sempre oportuno lembrar
que o investidor deve montar uma carteira aderente ao seu perfil de risco e sem
concentração em um único tipo de ativo. Para não ficar muito vulnerável às
flutuações do mercado, o mais indicado é diversificar a carteira, alocando
investimentos na bolsa, renda fixa, além de dedicar uma porção do capital para
investir em startups.
Apesar do cenário macroeconômico parecer
negativo, a previsão é de que entre US$ 10,7 bilhões e US$ 12,9 bilhões sejam
captados em 2022. Sim, é um crescimento mais modesto, quando pensamos no aumento
de 174% de 2020 para 2021, mas ainda é uma ampliação de 50%. Além do mais, a
nova regulamentação da CVM trará mais liquidez. E nesse momento do mercado, as
fintechs, retailtechs e HRtechs têm sido as maiores apostas dos investidores,
com aportes de US$ 1,36 bi, US$ 366 mi e US$ 247 mi registrados,
respectivamente no último semestre.
O importante é escolher bem e pesquisar
muito antes de realizar um investimento. Para facilitar o processo, a EqSeed,
plataforma de equity crowdfunding voltada à captação de startups em early
stage, já faz toda essa curadoria para o investidor. Outra vantagem da
ferramenta é permitir o acesso de vários perfis de investidores, uma vez que o
ticket mínimo das rodadas de captação é de R$ 5 mil e o cadastro no site é 100%
gratuito. Importante destacar que, dos empreendedores que se candidatam na
plataforma, apenas 1% são aprovados para abrir uma rodada online. O processo
rigoroso tem como objetivo garantir a maior chance de retornos financeiros
significativos para os investidores. Tanto que o prazo médio de permanência dos
investidores na plataforma é de apenas dois anos e meio. Desde sua fundação, em
2014, a EqSeed acumulou 6 exits. A última saída foi da MeuPortfólio, comprada
pela Warren, em tempo recorde de 12 meses.
*Igor Monteiro é diretor de negócios e sócio da EqSeed.
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