Saúde 4.0 tem desenvolvimento barrado pela falta de dados estruturados e investimentos na digitalização na ponta
*Por Cristian Rocha, CEO e cofundador da
Laura
Cada vez mais essencial para todos os
setores, o acesso à internet faz absoluta diferença na qualidade da Saúde
praticada no País. A automação de uma série de serviços, desde recepção e
histórico de atendimento, até o monitoramento individual de cada paciente
durante uma internação ou bateria de exames. Os sistemas operacionais do
hospital e a gestão das próprias equipes também podem, atualmente, ser
facilmente administrados digitalmente.
No entanto, a todo tempo, percebemos
dois “Brasis”. O Brasil dos hospitais de ponta nos grandes centros urbanos e o
Brasil dos postos de saúde sem eletricidade, equipamentos, insumos e
profissionais. Que dirá internet e inteligência artificial.
Outra adversidade é a falta de atuação
na Saúde Primária, notória a ausência de investimentos até mesmo em saneamento
básico. Em todas as cidades, incluindo as metrópoles mais ricas do país,
existem bairros e comunidades, onde a população ainda não tem acesso a água
tratada e esgoto, condição sanitária mínima.
Sem contar a economia de recursos
financeiros que poderia acontecer principalmente na Saúde Terciária, já que uma
população mais saudável e atendida em primeira instância (UBSs e Usafas, por
exemplo) evitaria ou diagnosticaria precocemente doenças graves. E teria maior
possibilidade de sucesso em tratamentos no início dos sintomas, evitando custos
ao sistema em procedimentos de alta complexidade, como internações e
cirurgias.
Essas dificuldades enfrentadas pelo
setor podem ser divididas entre Básicas e Técnicas.
As básicas incluem acesso à internet nas
unidades de saúde e nas residências em locais mais distantes, o que facilitaria
a ampliação da telemedicina no Brasil; além da falta de computadores e
smartphones para coleta de dados e, para os profissionais, treinamento e
entendimento do benefício da tecnologia na formação e atuação no mercado da
Saúde. Este último aspecto, principalmente, de muita resistência em boa parte
das implantações.
Já no âmbito técnico, os principais
impasses estão diretamente relacionados à falta de dados estruturados, sistemas
para digitalização de tais dados e históricos clínicos, e falta de
processamento adequado para todo esse conteúdo. Sem contar a falta de
padronização nos sistemas, porque cada um “fala sua própria língua” e não
conversam entre si.
Esta digitalização superficial dos
hospitais e clínicas limita-se quase exclusivamente às áreas administrativas e
financeiras, não alcançando a ponta do serviço, no atendimento ao paciente por
médicos e enfermeiros.
Superados tais desafios, o Brasil em
toda sua extensão territorial tem potencial para desenvolver amplamente
soluções e tratamentos. É o que nós, com a missão de aplicar tecnologia a
saúde, esperamos e trabalhamos para conseguir.
*Cristian Rocha é diretor executivo e cofundador da Laura, healthtech que oferece soluções de inteligência artificial para a democratização do acesso à saúde
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