Toda convulsão é epilepsia?
Neurologista esclarece o porquê ter uma crise de convulsão nem sempre significa ser um paciente epilético
São Paulo, outubro de 2022 - Perder a consciência, ter abalos musculares e os olhos
voltados para cima são sintomas realmente assustadores, e, por isso, acabam
gerando muitas dúvidas e alguns mitos, quando alguém sofre uma crise
convulsiva. E uma das grandes questões é: será que ter uma convulsão significa
o mesmo que ter epilepsia?
Segundo a Organização Mundial da Saúde,
cerca de 5% da população terá ao menos uma crise epiléptica na vida. Isso
ressalta a importância de falar sobre o assunto, desmistificando alguns pontos.
Sendo assim, a Dra. Natália Longo, neurologista pela Santa Casa de São Paulo e
neurofisiologista pelo HCFMUSP, explica as diferenças entre convulsão e
epilepsia.
“A epilepsia é uma condição neurológica
que ocorre devido a uma alteração na passagem de informação entre os neurônios,
que são a principal célula do sistema nervoso e funcionam transmitindo os
impulsos elétricos do cérebro. Então, quando esses neurônios não trabalham bem,
desencadeiam descargas elétricas excessivas ou anormais, que podem ou não vir
acompanhadas de quadros de crise convulsiva, ou seja, nem todos as pessoas que
têm epilepsia, têm crises epilépticas iguais as crises convulsivas que nós
conhecemos, pois está alteração pode ocorrer em qualquer lugar do cérebro, resultando
em manifestações diferentes”, esclareceu.
Algumas vezes, a pessoa pode
simplesmente ficar com os olhos fixos e não conseguir se comunicar, em outras,
não consegue controlar alguns movimentos do corpo e, em alguns casos, acaba
perdendo a consciência e desmaiando.
Já a convulsão é um tipo de crise mais
forte de epilepsia que tecnicamente é conhecida pelos médicos como crise
tônico-clônico generalizada, em que o paciente perde a consciência e afeta a
atividade motora, causando uma contratura involuntária da musculatura e
provocando movimentos desordenados. Por ser um quadro intenso, onde realmente
ocorre uma falha na transmissão elétrica do cérebro, a pessoa acaba tendo
salivação excessiva, contratura muscular intensa, abalos grosseiros dos membros
e até liberação de urina.
Uma das causas de epilepsia está
relacionada a lesões estruturais, como AVC, também conhecido como derrame, à
falta de oxigenação no cérebro durante o parto ou a gestação e à má formação
cerebral. Outros fatores podem gerar crises de convulsões isoladas como é o
caso de infecções, baixa de glicose e quadros de febre.
Para a Dra. Natália Longo em todos os
casos, o mais importante é saber como reagir em momentos de crise. O que pode
fazer toda a diferença para a saúde da pessoa afetada.
“Quando alguém está convulsionando, o
ideal é manter a calma e cuidar para que a pessoa não se machuque. Então,
recomendamos que o paciente seja colocado deitado de lado para evitar que se
sufoque com a própria saliva, afastar objetos que estejam por perto e a cabeça
seja apoiada em uma superfície macia para evitar lesões ou protegida para
evitar traumas. Quem estiver ajudando, nunca deve colocar a mão na boca da
pessoa. Isso é um mito ainda muito comum. O melhor é esperar a crise passar e
aguardar o paciente a recobrar sua consciência. Caso, seja um fato inédito no
histórico médico dele, buscar atendimento imediato”, orientou.
Dra. Natália Longo – médica neurologista e
neurofisiologista graduada em medicina pela Universidade Federal do Pará.
Residência médica de neurologia clínica na Santa Casa de São Paulo. Título
de especialista em Neurofisiologia pela Sociedade Brasileira de
Neurofisiologia Clínica (SBNC). Fellowship no Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) em neurofisiologia
com ênfase em epilepsia, eletroencefalograma e videoeletroencefalograma.
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