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A Fórmula 1 e o impacto dos grandes eventos para o Brasil


Vinicius Lummertz

O próximo final de semana será especial para o Brasil. E não tem relação com o fato de ser um feriado prolongado pela Proclamação da República. É que o país recebe, no autódromo de Interlagos, em São Paulo, mais uma etapa da Fórmula 1. E será uma edição comemorativa dos 50 anos da Fórmula 1 no Brasil.

Para os apaixonados por automobilismo, é um evento único por si só. Mas mesmo quem não se empolga com corridas de automóveis tem muito a ganhar com elas. Não só com elas, mas também com todos os grandes eventos que ocorrem no país.

No ano passado, o Grande Prêmio São Paulo de Fórmula 1 teve um impacto econômico total de R$ 959,5 milhões, segundo um estudo da FGV (Fundação Getúlio Vargas), feito em parceria com o CIET (Centro de Inteligência da Economia do Turismo), ligado à Secretaria de Turismo e Viagens do Estado de São Paulo. Para esse ano, a previsão é de aumento de mais de 20%, chegando a um impacto econômico total de R$ 1,2 bilhão, com geração de cerca de 10 mil empregos diretos e indiretos. Os dados levam em consideração a organização, ação dos patrocinadores, ativação da marca, transmissão e mídia, além do público presente no GP.

Durante o evento, os hotéis de São Paulo registraram, em média, 84,3% de ocupação e aproximadamente 9,6 mil postos de trabalho foram gerados na capital nos três dias de Grande Prêmio de Fórmula 1. Os números econômicos são os maiores já registrados na história da prova na capital paulista, de acordo com o relatório do núcleo de pesquisa e inteligência de mercado da SPTuris, o Observatório de Turismo e Eventos (OTE).

Além do incremento imediato da economia local, um evento desse porte gera um ganho de imagem para o Brasil em todo o mundo. O valor de exposição projetado para São Paulo a partir do Grande Prêmio de Fórmula 1 foi de US$ 302 milhões, ou mais de R$ 1,5 bilhão.

São muitos os números que mostram o impacto positivo que um grande evento como a Fórmula 1 gera para a chamada economia do visitante. No ano passado, a Fórmula 1 levou mais de 104 mil turistas para a cidade de São Paulo que impactaram os setores de aviação, hotéis, transporte rodoviário, aluguel de carros, bares e restaurantes.

O Rio de Janeiro viveu recentemente um impacto profundo com o Rock in Rio. Os sete dias do evento geraram para a cidade um impacto de R$ 1,7 bilhão, segundo uma estimativa dos organizadores. Os 1.255 artistas, 300 shows e 507 horas de experiência ainda criaram 28 mil empregos diretos e atraíram 360 mil turistas de fora do RJ. De acordo com a Hotéis Rio, a ocupação hoteleira ficou em 94,51%.

A Fórmula 1 e o Rock in Rio são dois ótimos exemplos de como grandes eventos impactam positivamente a economia local. Mas ainda é muito pouco. É fato que temos eventos de menor porte ao longo de todo o ano, mas o Brasil tem condições de realizar diversos outros grandes eventos de força mundial. Não podemos ficar limitados a ações esporádicas. Além da economia, é uma ótima oportunidade também para “vender” a imagem do Brasil no exterior. No Rock in Rio, por exemplo, estiveram presentes mais de 10 mil estrangeiros de 31 países.

Para que isso seja viável, é preciso investir em infraestrutura, ter mais centros de convenção de alto nível espalhados por todo o Brasil e desburocratizar muitos processos, especialmente de licenciamento para a organização dos eventos. É um processo em que todos ganham: os organizadores podem investir, o público aproveita bons eventos, os trabalhadores conseguem empregos e o governo arrecada mais impostos, que voltam em benefício de toda a sociedade.

Vinicius Lummertz é secretário de Turismo e Viagens do Estado de São Paulo

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