Brasil pode liderar economia de baixo carbono da Amazônia para o mundo
Relatório desenvolvido pela Systemiq Brasil com
organizações multilaterais, setor privado, cientistas e comunidades
originárias, como parte da coalizão AYA Earth Partners, traz a teoria da
mudança 'Maratona Amazônica" e indica 11 jornadas para impulsionar o
desenvolvimento da região
São Paulo, 17 de novembro de 2022 – Nos
próximos 8 anos, o Brasil pode se tornar a primeira grande economia - de média
ou alta renda - a alcançar a neutralidade de carbono e ao mesmo tempo
acelerar o seu crescimento econômico em $100 a $150 bilhões de dólares anuais
ao PIB adicionais
ao ritmo de crescimento atual (2,5%/ano). O potencial de mitigação de emissões
de carbono equivalente (CO2e) é de 1,3 giga tonelada até 2030. Com
isso, o país será um exemplo concreto ao mundo de prosperidade econômica
sustentável para as próximas décadas, modelo que pode inspirar todo o Sul
Global. É o que diz o relatório apresentado nesta quarta-feira na Conferência
das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas - a COP27, no Egito, ao lado de
Carlos Nobre, Ilona Szabó e Vanda Witoto.
Chamado “The Amazon’s Marathon: Brazil
to lead a low-carbon economy from the Amazon to the world” (https://we.tl/t-SaXaxaIYic) , o documento
é um plano de desenvolvimento econômico que apresenta análises robustas sobre o
potencial da região ao calcular a oportunidade financeira por trás das
estratégias de mitigação de emissões de gases efeito estufa (GEE) e destaca
projetos escaláveis que promovem uma nova abordagem baseada na natureza,
centrada em pessoas e positiva para o meio ambiente.
O estudo reúne um rico e extenso corpo
de pesquisas e análises desenvolvidas por instituições, organizações e
especialistas que são referências globais sobre o papel da Amazônia na
mitigação da crise climática, como o climatologista Carlos Nobre, a
empreendedora cívica Ilona Szabó, presidente e cofundadora do Instituto
Igarapé, e o professor especialista em desenvolvimento sustentável Virgílio
Viana, fundador da Fundação Amazônia Sustentável (FAS). Diversos outros
cientistas, líderes empresariais, públicos e do setor social, povos indígenas,
comunidades locais da Amazônia também generosamente contribuíram com o
relatório.
Segundo os cálculos, o Brasil pode
mitigar 1,3 Gton de carbono até 2030, quantidade superior à sua própria pegada
atual de carbono, e contribuir com cerca de 1,9 Gton em excedente de carbono
para o resto do mundo até 2050.
O Brasil transformar o modelo econômico
ineficiente no uso dos recursos naturais em um modelo baseado na natureza,
positivo para o clima e centrado em pessoas.
A teoria da mudança do relatório (‘A
Maratona Amazônica') propõe 11 jornadas para o Brasil liderar a Corrida pelo
Carbono Zero, Race to Zero,
(jornadas I a IV), apoiar a Corrida pela Resiliência, Race to Resilience, para as
28 milhões de pessoas vivendo na Amazônia (jornadas V a VIII) e garantir a
infraestrutura e as condições necessárias para ambas (jornadas IX a XI):
Jornadas Race to Zero: US$150 bilhões de
valor econômico
1- Valorização da floresta em pé: Redefinir o valor da floresta em pé
desenvolvendo uma bioeconomia robusta;
2- Agricultura sustentável: Promover práticas agrícolas positivas
para a natureza e para as pessoas;
3- Indústria e energia net zero: Descarbonizar o setor de energia e as
grandes indústrias responsáveis por altas emissões
4- Inovação em tecnologia e bioeconomia:
Promover
tecnologia e inovação para apoiar uma bioeconomia próspera;
Jornadas Race to Resilience: 8 milhões
de empregos
5 - Atividades e empregos em tecnologia
verde: Desenvolver
a mão de obra dos trabalhos para atividades de tecnologia verde no futuro;
6 - Bem-estar: Garantir o bem-estar e a resiliência do
povo amazônico, preenchendo a lacuna da desigualdade social;
7 - Prosperidade: Promover a prosperidade fornecendo às
comunidades da Amazônia as ferramentas para construir uma bioeconomia próspera;
8 - Sabedoria e cultura ancestral: Resguardar o conhecimento ancestral para
alimentar o crescimento social, espiritual e econômico;
Jornadas de Infraestrutura e condições
necessárias:
9 - Estado de Direito: Restabelecer o Estado de Direito e
fortalecer as instituições responsáveis;
10 - Estrutura financeira: Desenvolver a infraestrutura financeira
para mobilizar capital global para a corrida ao zero e à resiliência;
11 - Sul Global como epicentro para
colaboração global: Promover
a cooperação dos stakeholders por meio da construção de coalizões, ao mesmo
tempo em que posiciona o Sul Global como um sistema e formador de regras;
"Já existem muitas soluções sendo
implementadas para impulsionar o crescimento verde do Brasil, e precisamos
investir para que elas ganhem escala e impulsionem essa ascensão nos próximos
dois anos. O Brasil é a única grande nação que pode construir uma economia mais
forte, resiliente e produtiva, ao mesmo tempo em que reduz as emissões até
2030”, alerta Patricia Ellen, co-fundadora da AYA Earth Partners e sócia líder
da Systemiq Latam.
Entre os muitos projetos detalhados no
documento estão o Corredor Verde da Amazônia, uma parceria de diferentes atores
para desenvolver um cinturão verde na fronteira da floresta amazônica para
criar clusters e
escalar projetos focados na produção sustentável de commodities normalmente
associadas ao desmatamento, cacau e café. O relatório propõe também a criação
do Instituto Amazônia de Tecnologia, um centro ensino superior público-privado
dedicado a promover a bioeconomia florestal sustentável e socialmente inclusiva
por meio da educação, ciência, tecnologia e inovação. Outro projeto é trazer a
coalizão global Food and Land Use (FOLU) para o Brasil. A iniciativa já está
presente em mais de 10 países e atua ao longo de toda a cadeia de valor da
produção de alimentos, unindo atores e companhias diversos para buscar melhores
técnicas e soluções sobre como são produzidos e como a terra é usada.
Adicionalmente, o relatório traz que o desenvolvimento da bioeconomia local
pode destravar um mercado – pouco explorado - estimado em US$1,3 trilhão, e
gerar cerca de US$ 50 bilhões adicionais para a economia por ano até 2030.
O avanço do Brasil rumo a tornar-se a
maior economia verde global vislumbra o potencial de crescimento econômico
adicional entre US$ 100-150 bilhões por ano até 2030. "Desenvolvemos esse
relatório com o objetivo de engajar diferentes stakeholders de todos os setores da economia e
da sociedade na corrida para o net-zero
e para a resiliência na Amazônia. Os dados aqui analisados foram elaborados por
especialistas de instituições de grande credibilidade e, a partir de seus
trabalhos, somamos nossa expertise em análises com abordagem sistêmica, para
oferecer para o Brasil uma nova perspectiva e um caminho claro para o
futuro", diz Jeremy Oppenheim, sócio-fundador da Systemiq.
Alterar a trajetória do Brasil para o
crescimento verde demandará investimentos em capital industrial e natural entre
35 e 76 bilhões de dólares ao ano adicionais aos níveis projetados, ou um
adicional de 2 a 4% frente ao PIB brasileiro (2021).
Esses investimentos têm o potencial de
aumentar a produtividade em todos os setores econômicos e abrir novos mercados
internacionais, importantes para as exportações brasileiras por exemplo,
hidrogênio, pagamento por serviços ambientais e proteína sustentável, gerando
um retorno aproximado de 3:1 para a economia. “Realizar a transição requer
engajamento e colaboração em todos os setores, no Brasil, no resto do Sul
Global e no Norte Global. Cada stakeholder tem seu papel a desempenhar e deve
agir de forma efetiva e urgente para aproveitar a oportunidade de fazer do
Brasil o maior motor de crescimento verde do mundo”, reforça Alexandre Allard,
co-fundador da AYA. “Além disso, a estratégia deve ser guiada por uma abordagem
centrada nas pessoas, especialmente para grupos indígenas e comunidades rurais,
ribeirinhas e urbanas na Amazônia Legal. Sem avanços nas agendas sociais, não
será possível oferecer alternativas duradouras aos impactos ambientais em
curso”, completa.
SOBRE AYA EARTH PARTNERS
Sediada em São Paulo e coordenada pela
ex-secretária do governo paulista, Patricia Ellen, e o empresário Alexandre
Allard, é a primeira coalizão do Sul Global dedicada a posicionar o Brasil como
centro da solução na transição para uma economia de baixo carbono. Com foco em
soluções positivas para a natureza, visa mobilizar o capital financeiro e
humano necessário para transformar o Brasil no líder mundial de uma nova
economia e a primeira grande nação carbono positivo até 2050, atraindo novos
investimentos e aprofundando o diálogo sobre o valor das estratégias de
descarbonização e da floresta em pé.
SOBRE A SYSTEMIQ
Systemiq é uma consultoria que tem como foco trazer soluções que ajudem as empresas a resolver problemas, desenhar novos sistemas, desenvolver e criar inovações disruptivas. Fornece serviços de formação de coalizões, transformação de liderança, desenvolvimento de políticas, redesenho de mercados e cadeias de valor, mobilização de capital, ações de implementação e investimento em early-stage ventures.
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