Casa Vogue de novembro traz Elias Lanzarini
Para criar móveis e objetos únicos, designer
retira da costa catarinense sua matéria-prima: restos de embarcações
abandonadas
À frente do Estúdio Elaya Design, Elias Lanzarini retira
do mar a inspiração para o seu trabalho. Natural do Rio Grande do Sul, ele
trocou a capital por Balneário Camboriú, SC. E foi na cidade que tudo começou.
Em 2014, o designer passou a fabricar móveis com madeira de demolição de casas,
após adquirir um conjunto de maquinário de um construtor de barcos da região
que, supostamente, faria a reforma de uma canoa recém-adquirida. O
conserto não se concretizou, pois a embarcação encontrava-se bastante
deteriorada. Mas deste contato surgiu uma oportunidade profissional.
A relação entre Elias e
o oceano voltou a se fazer presente quando um outro barco foi levado pelas
ondas até as redondezas de onde ele vive, na Praia do Estaleiro. Após dois dias
encalhado no local, o proprietário o arrastou até a terra firme para retirar
motor, tanque e outras partes de metal, deixando o restante da estrutura
abandonada para descarte. Ao se deparar com a cena, o marceneiro indagou sobre a
possibilidade de recolher as peças. “Desse naufrágio, nasceu o Elaya Design,
quando vi aquelas cores, texturas, curvas e irregularidades que não existia nas
madeiras comuns.” E foi neste momento que ele decidiu substituir a
matéria-prima habitual para se dedicar ao resgate de partes de embarcações
condenadas, transformando-as em objeto de valor único e repleto de história.
Formado em turismo, foi
em 2015 que Elias Lanzarini sentiu a necessidade de se aperfeiçoar para
entender profundamente o que o design era capaz de oferecer. Optou por
aprimorar seu potencial construtivo por meio de cursos e trabalhando sem
remuneração na marcenaria de um amigo, em Itajaí, SC. Após atuar como
ajudante local durante a Volvo Ocean Race – maior regata internacional de vela
ao redor do mundo –conseguiu juntar recursos para uma imersão na Califórnia.
Ainda nos Estados
Unidos, durante pesquisa sobre o upcycling,
Elias foi um dos 20 selecionados para participar da exposição intitulada
Scrap – Elevating the Art of Reuse (Elevando a Arte do Reaproveitamento,
em tradução livre), em 2016, em que os itens apresentados deveriam ter 90% da
composição formada por elementos de reuso. Quando voltou ao Brasil, o
marceneiro mapeou nas margens do Rio Itajaí-Açu, que abriga o maior porto
pesqueiro do país, estaleiros de reforma de embarcações, dos quais resgata
peças que seriam destinadas à queima. Guiado pelo mesmo propósito do início da
carreira, Lanzarini novamente passou a aproveitar partes de embarcações que
poderiam ser ressignificadas e que são usadas até hoje em suas produções.
A matéria na íntegra
pode ser conferida em Casa Vogue de novembro, já disponível nas bancas e em
versão digital.
Serviço
Revista Casa Vogue | Edição de Novembro
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