Ferryboat é alternativa para integrar sistema intermodal
Especialista destaca o potencial inexplorado do
transporte hidroviário no país
A rede fluvial brasileira soma 63 mil
quilômetros de rios navegáveis. Entretanto, o transporte hidroviário aproveita
comercialmente, seja para cargas ou passageiros, somente 19,5 mil km da malha,
segundo dados da CNT (Confederação Nacional do Transporte). Mesmo pouco
explorado, em áreas de difícil acesso, o modal faz-se necessário para
deslocamento e abastecimento. É o caso de comunidades ribeirinhas do Amazonas
que fazem uso de embarcações do tipo balsa/empurrador, lanchas rápidas, expressas
ou a jato e ferryboats.
O ferryboat é uma embarcação construída com aço naval e que pode operar próximo
às margens e em águas rasas. Geralmente, utilizado para transportar veículos e
pessoas ao mesmo tempo, trata-se de um modal com capacidade para cargas acima
de 1.200 toneladas e de 500 a 800 passageiros, de acordo com a ARSEPAM (Agência
Reguladora dos Serviços Públicos Delegados e Contratados do Estado do
Amazonas).
Comum em diversas cidades litorâneas, o ferryboat é o principal meio de
transporte a ligar Salvador e a Ilha de Itaparica, por exemplo. Com oito
embarcações disponíveis, as viagens acontecem de hora em hora.
O estudo da CNT aponta como as
principais vantagens do transporte hidroviário, a grande capacidade de
carregamento, o menor custo por tonelada-quilômetro, maior eficiência
energética e o fato de a infraestrutura requerida ter, geralmente, baixo custo
de implantação, quando comparada com os demais modais.
Para além de defender um sistema de
transporte, a CNT recomenda o desenvolvimento de uma cadeia intermodal para a
movimentação de passageiros e/ou cargas. Desta forma, os transportes que operam
nas vias navegáveis poderiam ser interligados aos sistemas de transporte
terrestre, como rodovias e ferrovias.
Reinaldo
Pinto dos Santos, presidente da TWB, empresa de construção naval e
transportes marítimos, explica que o transporte hidroviário de passageiros e
veículos "é um serviço público de competência do Estado e outorgado à
iniciativa privada por meio de uma concessão ou permissão, precedida de
licitação". Porém, na prática, a operação ainda está em processo de
formalização. Somente neste ano, por exemplo, o Amazonas regulamentou o setor,
estabelecendo regras como a fixação de tarifas e o credenciamento dos
operadores, que devem agora adquirir permissão para prestar serviço.
Para Santos, há espaço para o ferryboat crescer como um modal de transporte no
país, ampliando os serviços de mobilidade urbana. "A implantação do
ferryboat é uma forma de revitalizar o decadente transporte de passageiros e de
carga no Brasil integrado a um sistema viário mais amplo", conclui.
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