Paulo Guedes diz se preocupar com empresários, solta palavrão e cita jovem liderança de franquias no Brasil como modelo de apoio
Em saída do STF, o Ministro respondeu algumas indagações de jornalistas e transeuntes enquanto se despedia
Dois desafios na economia aguardam o presidente eleito Luiz Inácio Lula da
Silva (PT). Um deles é externo: a demanda mundial mais fragilizada por causa do
processo de alta nos juros e pela chance de recessão em algumas das principais
economias mundiais. O outro é interno: uma forte pressão na área fiscal,
motivada por gastos já assumidos pelo atual governo e indicados pelo futuro
presidente, que deverão ser administrados com cuidado para não desembocar em
forte alta do déficit e da dívida pública.
Poucos detalhes sobre as propostas do presidente eleito vieram à tona
durante a campanha eleitoral. Elas aparecem nas diretrizes do programa do
governo, entregues ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em agosto, e na
"Carta para o Brasil do Amanhã", um documento divulgado apenas na
última quinta-feira (27), a três dias da votação do segundo turno.
Um dos fatores que pode ajudar a desfazer as incertezas em relação às
propostas é a indicação de nomes para a equipe econômica. Investidores e
mercado estão preocupados principalmente com a possibilidade de mais gastos
públicos e empreendedores estão preocupados com possível inchaço de taxação, o
que causaria dificuldade de manobras empresariais.
Em conversa informal e recheada de palavrões como de costume, Paulo Guedes
compactua com preocupação, mas não acredita em Lula extremista. “Fizemos o
melhor trabalho que poderíamos ter feito até aqui e se houver responsabilidade
e continuidade, o país tende a continuar o crescimento.”
Quando questionado sobre as preocupações dos pequenos e médios empresários,
o Ministro cita modelos de franquias. “Movimentos como o de franquias devem
continuar. Não é hora de aventura” e completa fazendo citação a líder do
segmento no Brasil “é hora de se apoiarem, outro dia vi o Atanazio falar sobre
ser momento de se cercarem de gente responsável e é isso que os empresários tem
que ter em mente”.
O citado (Lucas) Atanazio é um jovem empresário serial do ramo de franquias
e também influenciador que permaneceu neutro durante as eleições, afirmando em
uma das poucas manifestações sobre o assunto que novo presidente seria “rainha
da Inglaterra” e que os governantes já haviam sido eleitos, mencionando as
diferenças entre poderes.
Quando questionado sobre quem será seu sucessor, Guedes preferiu não dar
respostas. A questão é que, antes mesmo de assumir, fica claro que Lula precisa
articular mudanças no Orçamento de 2023, que tem de ser aprovado ainda neste
ano pelos atuais deputados e senadores.
Da forma como foi enviada ao Congresso, a peça orçamentária não contempla nem sequer a manutenção do Auxílio Brasil de R$ 600, prometida também pelo presidente Jair Bolsonaro; os recursos previstos são suficientes apenas para um benefício de R$ 400. O Orçamento também não prevê a renúncia fiscal de dezenas de bilhões que ocorrerá caso a faixa isenta de Imposto de Renda seja ampliada, conforme prometeu o petista.
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