Seguros de veículos: É possível controlar o aumento de preços?
Especialista comenta sobre inovações no setor de seguros
para automóveis para atrair o consumidor
Mesmo com o país em cenário de deflação
por cerca de três meses, o setor de seguros de automóveis permanece em uma
situação diferente. Segundo um levantamento feito em maio pelo Índice de Preços
do Seguro Automóvel (IPSA), os valores dos seguros para veículos, por exemplo,
seguiram o cenário inflacionário e encareceram cerca de 28% – em comparação com
os sete meses que antecedem a pesquisa.
A inflação é um aumento gradual nos
preços, o qual resulta em um declínio no poder de compra do consumidor. Quando
se trata das seguradoras, especialmente com foco em veículos, o impacto foi
maior devido à queda na produção de carros novos por falta de peças e chips, o
que causou um encarecimento mais alto nos preços junto com a inflação.
Alberto Vargas, especialista
pós-graduado em administração de empresas pela Universidade de Warwick na
Inglaterra, explica que o momento atual cria dificuldades para as empresas
manterem os clientes.
“Por um lado, os custos de insumos,
incluindo aqueles relacionados a mão de obra e aquisição de bens intermediários
começam a aumentar, comprimindo as margens de lucro. Para compensar esses
custos mais altos, as empresas precisam equilibrar o aumento de seus próprios
preços com a manutenção da competitividade no mercado. Salários mais altos, por
exemplo, faz com que as empresas redobrem os esforços para atrair e reter os
melhores talentos”, explica o especialista.
Dentre os motivos para o aumento de
preços no setor, estão a falta de peças de veículos ocasionada pela as
interrupções na cadeia de suprimentos tiveram fortes efeitos em peças de
veículos, que encareceu os veículos e gerou atualizações na Tabela Fipe. Nessas
circunstâncias, as estratégias de curto e longo prazo das seguradoras giram em
torno da disciplina de gestão de despesas e excelência operacional de
sinistros.
Além disso, ambientes inflacionários
normalmente fazem com que os bancos centrais apertem as condições monetárias, o
que eleva as taxas de juros reais e exacerba os custos mais altos enfrentados
pelos negócios. Com isso, também podem desacelerar o crescimento
econômico.
Todavia, existem alternativas para que
as seguradoras possam proteger os ativos durante o fim do ciclo de altas. À
medida que as seguradoras planejam sua resposta às pressões inflacionárias,
elas devem monitorar quatro medidas importantes: inflação geral, inflação de
custos de sinistros, inflação de salários e taxas de juros.
Vargas destaca que desenvolver produtos
com coberturas que se adequem à realidade econômica dos clientes para garantir
que os bens dos clientes ainda se mantenham seguros é essencial.
“A necessidade de inovar será importante
para atrair clientes e os canais digitais são essenciais nesse processo. Embora
a cobertura básica/padrão tenha um índice de preferência alto, opções
personalizadas farão parte do mercado. A longo prazo, atrair os motoristas mais
cuidadosos – com menor probabilidade de se envolver em acidentes, menos multas
e registro de reclamações – por meio de uma cobertura mais econômica, será uma
alternativa interessante”, comenta Vargas.
Segundo o especialista, várias
estratégias serão úteis independentemente de como a inflação evolua, como criar
maneiras de reduzir custos e interrupções nas operações, estão entre os
mais importantes. Investir em sistemas, recursos de treinamento, pipelines de
talentos e automação que economiza mão de obra pode facilitar as operações
durante esses períodos.
Como reinventar-se no longo prazo?
A previsão é que o atual aumento da
inflação global seja temporário e provavelmente diminua até o final de 2023.
Embora a trajetória da inflação varie de país para país, e a inflação possa
permanecer elevada em algumas economias, o padrão provavelmente será
consistente na maioria das grandes economias do mundo.
De acordo com Vargas, as seguradoras
devem investir na reinvenção:
- Aumento da inflação, taxas de
juros, junto com as ameaças iminentes de recessão, mudanças climáticas e
problemas geopolíticos, as seguradoras que investem em sua resiliência
operacional e financeira hoje quase certamente ficarão mais fortes e serão mais
capazes de resistir no futuro.
- A inflação também pode aumentar devido
à desvalorização da moeda, o que aumenta os preços das importações, e devido ao
aumento dos preços das commodities. Para gerenciar esses custos de forma
eficaz, as seguradoras precisarão se concentrar em aumentar a produtividade e
automação.
- Mudanças rápidas nas condições de
oferta e demanda que resultam em escassez e interrupção de várias partes das
principais cadeias de suprimentos também podem impulsionar a inflação. Isso
significa manter a disciplina e a transparência no gerenciamento de despesas,
além de investir no aumento da produtividade e no autoatendimento digital. Além
da inovação de produtos, as seguradoras também devem estar acelerando a
transformação da tecnologia iniciativas para melhorar a eficiência operacional,
gerenciamento de reclamações e experiência do cliente - isso com ajuda do
potencial de todos os dados, ferramentas analíticas, e tecnologias - desde
inteligência artificial até a nuvem.
Em toda a cadeia de valor, as
seguradoras podem gerenciar as despesas e reavaliar os níveis de serviço e
expandir a adoção do autoatendimento, especialmente porque os clientes mostram
cada vez mais preferência por ferramentas digitais. As seguradoras devem ser
capazes de se adaptar e inovar de forma rápida e eficaz experimentando novas
formas de fornecer cobertura e servir os clientes.
“No geral, as seguradoras podem precisar
expandir seu foco além dos produtos comoditizados comercializados
principalmente com base no preço para coberturas com serviços trasparentes
explicando claramente as condições da apólice em um pacote mais holístico e
personalizado de coberturas e serviços que pode aumentar a diferenciação e
melhorar o relacionamento com o cliente”, finaliza ele.
As opiniões expressas neste conteúdo não
substituem a consultoria financeira de um profissional nas empresas.
Sobre Alberto Vargas
Jorge Alberto Vargas é formado em Master Business Administration pela Universidade de Warwick na Inglaterra. Possui experiência em gerência de finanças, planejamento, contabilidade, compliance e no desenvolvimento de equipes de alta performance. Já ajudou diversas empresas de diferentes tamanhos a atingir objetivos de inovação, custos e crescimento. Antes de morar no Brasil, trabalhou em mercados do México, Colômbia, Venezuela e Peru, sempre buscando entender a necessidade das empresas e a realidade econômica de cada país.
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