Sensoriamento remoto e inteligência artificial podem ajudar a combater o desmatamento na Amazônia
New Space pode ser grande aliado na
democratização da tecnologia para geração de imagens de satélite
Combater o
desmatamento na Amazônia não é somente um desafio político. Tão importante
quanto estabelecer metas e punir responsáveis, é preciso dispor de ferramentas
tecnológicas modernas para viabilizar o processo de monitoramento e
fiscalização das áreas protegidas, em um território maior que toda a Europa
Ocidental. Dentre os recursos disponíveis hoje, destacam-se o uso de
sensoriamento remoto por meio de imagens via satélite que, aliado ao uso de
inteligência artificial, pode caracterizar o tipo de invasão, distinguindo
entre abertura de pastos, garimpo ou qualquer outra atividade que esteja
avançando com o desmatamento.
De acordo com
a diretora da Concert Technologies, Berta Wert, a tecnologia é um apoio
fundamental para o processo de fiscalização, mas certamente não será a única
responsável por interromper o desmatamento. “É importante haver sinergia no uso
dessas ferramentas. O monitoramento de uma extensão tão grande como a Amazônia
implica em desafios enormes, como logísticos, de comunicação, entre outros. Mas
é possível fazer com o apoio do sensoriamento remoto, da inteligência
artificial, entre outras tecnologias”, destaca.
Berta avalia
que o Brasil está preparado para esse desafio e acredita que o caminho para que
isso aconteça é o investimento no setor de New Space. “Temos instituições,
institutos e empresas com forte patamar tecnológico e que podem dar conta desse
recado. O New Space faz parte desse processo, pois democratiza a exploração do
espaço, tornando o processo menos oneroso. Com o uso mais frequente dos
recursos, é possível a entrada de novos agentes que barateiam o uso de
tecnologias ligadas à disponibilização de imagens de satélite e ferramentas de
comunicação. Ambas questões são importantes para apoiar no monitoramento da
Amazônia”, ressalta.
Histórico
- A Concert
Technologies participou de um dos maiores projetos desenvolvidos no Brasil em
prol do monitoramento e proteção da Amazônia - o SIVAM (Sistema de Vigilância
da Amazônia). A empresa participou do projeto do SIVAM onde desenvolveu dois
módulos: um para realizar a checagem da disponibilidade de toda a
infraestrutura crítica de TI do sistema e outro para fazer o monitoramento do
espectro eletromagnético, com o objetivo de identificar quais ligações via
rádio eram legais e quais não eram.
O Communication
and Non-communication Exploitation (COMEX) gerava relatórios de
inteligência sobre emissões eletromagnéticas clandestinas, assim como
informações relacionadas com o comportamento espaço-temporal destas emissões
para análise integrada de forma a localizar e qualificar as fontes emissoras.
“Toda a comunicação na Amazônia acontece apenas via rádio. Todas as frequências
legais estavam cadastradas e, caso fossem encontradas outras frequências não
permitidas, era então feita a verificação dos pontos que estavam se
comunicando. Depois disso, era identificada em um mapa e enviada ao Exército
para que pudessem se dirigir aos pontos para checar o que se tratava”, explica
Berta.
O sistema,
portanto, combinava dados textuais e informações digitais geradas em tempo real
pelos subsistemas de exploração e criava uma base de dados que permitia a
localização e determinação da natureza da fonte emissora. Executava, ainda,
funções de coordenação e controle das missões aéreas e terrestres necessárias à
coleta de informações sobre emissões eletromagnéticas, visando identificar a
fonte e uso, além de fornecer relatórios às agências usuárias do SIVAM.
“O SIVAM é um ativo importante que, integrado com outras ferramentas de monitoramento, poderia em muito ajudar a atingir o objetivo de Desmatamento Zero”, diz Berta.
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