A transformação da educação inclusiva graças à tecnologia
* Ana Debiazi, CEO da Leonora Ventures e Fabiana Wanderley da Cognvox, é Professora da UFRPE e sócio-fundadora da Cognnvox
Por muitos anos, o processo educacional favoreceu apenas um certo perfil de estudante. Aqueles com determinadas características eram beneficiados, compreendendo melhor o conteúdo e o aplicando dentro e fora das salas de aula. Hoje, felizmente os tempos são outros. Já é possível incorporar ao sistema de ensino uma proposta político-educacional para uma sociedade diversa, com espaço de convívio para todos. Esse cenário se dá por meio da educação inclusiva, em que há sobretudo a ênfase no desenvolvimento da independência, da autonomia e do empoderamento das pessoas neurodiversas, ou seja, dos indivíduos historicamente taxados de “limitados” e “incapazes”.
No entanto, para a educação inclusiva acontecer de verdade, é preciso se atentar a alguns desafios. Fortalecer a formação dos educadores é um deles. Os conhecimentos precisam ser mais voltados ao desenvolvimento cognitivo, afetivo e social para ajudar os alunos a encontrarem o seu lugar no mundo. Além disso, é necessário estreitar as relações entre a família, o trabalho pedagógico e a comunidade, pois, sem esses engajamentos e o protagonismo nas ações desenvolvidas dentro do lócus escolar, não será possível levar o indivíduo com deficiência ao patamar do desenvolvimento de suas potencialidades.
Por fim, a educação inclusiva na contemporaneidade deve também se preocupar com seus egressos, ou seja, traçar um perfil profissional que desenhe as competências e ajude a inserção dessas pessoas no mercado de trabalho. Para facilitar a compreensão de todo o contexto, listo a seguir quatro aspectos principais que relacionam o progresso da educação inclusiva com o uso das tecnologias.
Favorece o processo de socialização
A interface tecnológica é um mediador de aprendizagem para alunos que têm dificuldades de estabelecer interações sociais, como por exemplo, é o que ocorre com crianças e adolescentes com TEA (Transtorno do Espectro do Autismo). Nesses casos, os indivíduos conseguem realizar atividades pedagógicas mediadas pelo computador, com o auxílio do professor ao lado, o que irá facilitar progressivamente o processo de socialização.
Facilita o acesso a conteúdos
Devido à disponibilidade de uso de tecnologias em rede, a plataforma fica disponível para acesso 24 horas por dia, sete dias por semana, e pode ser acessada de qualquer lugar. Além disso, a tecnologia permite a disponibilização de um banco de dados com milhares de práticas pedagógicas, classificadas de acordo com categorias, aplicabilidades, patologias etc. Esse compêndio de informações fica disponível para utilização tanto da escola quanto da família, e pode ainda ser utilizado por psicólogos e terapeutas.
Personaliza as práticas pedagógicas e promove o empoderamento das habilidades
A tecnologia da plataforma Cognvox, por exemplo, está baseada em inteligência artificial, o que permite a utilização de sofisticados algoritmos matemáticos e estatísticos que ajudam a construir o “trilho de desenvolvimento diário” das práticas pedagógicas, algo que é dinâmico e acontece de acordo com as necessidades de cada usuário. Isso garante que o melhor aprendizado está sendo ofertado naquele momento, para aquela pessoa. Assim, o processo vai evoluindo conforme a utilização da plataforma.
Promove o conhecimento dos déficits e das potencialidades
A tecnologia presente no método Cognvox ainda está baseada em análise estatística de fenômenos comunicacionais, do ponto de vista tanto videográfico quanto da avaliação de desenvolvimento. Em ambos os casos, o psicólogo tem a sua disposição uma ferramenta baseada em ciência que lhe apoia na análise de seu parecer sobre os déficits e as potencialidades de cada usuário, na recomendação das práticas pedagógicas e na reconfiguração do trilho de desenvolvimento, algo que ocorre após as avaliações de desempenho.
Como se vê, os benefícios que relacionam o uso da tecnologia com a construção de uma educação inclusiva de verdade são fundamentais para o desenvolvimento das pessoas com deficiência. Portanto, não podemos deixar a implementação para depois, afinal, o futuro acontece no agora.
*Ana Debiazi é CEO da Leonora Ventures, Corporate Venture Builder com DNA inovador e com proposta de trazer soluções para os setores de educação, logística e varejo e promover a aproximação entre organizações já consolidadas e startups -leonoraventures@nbpress.com.br ; Fabiana Wanderley da Cognvox Diretora de Pesquisa e Desenvolvimento e Sócia, Doutora e Mestrado em Educação UFPE
Sobre a Leonora Ventures
A Leonora Ventures é uma Corporate Venture Builder catarinense que tem a missão de impulsionar o crescimento de startups que atuam com tecnologias inovadoras no setor de varejo, logística e educação. Nascida das iniciativas do Grupo Leonora, empresa que está presente há 37 anos no mercado, sendo a segunda maior distribuidora de produtos de papelaria do Brasil e presente em mais de 11 mil estabelecimentos, e do Grupo FCJ, maior Venture Builder da América Latina, a Leonora Ventures é mão na massa e eleva o potencial escalável das startups em que atua.
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