O plástico não é o vilão!
Por Fernando Morais, diretor de Operações da
Packseven
Para iniciarmos essa leitura, eu te
convido a tentar imaginar o mundo sem plásticos: sem as embalagens para
alimentos e medicamentos, itens de saúde e higiene, na área hospitalar -
instrumentos e equipamentos -, brinquedos, garrafas pets, componentes
para os computadores, celulares, carros, roupas, itens de maquiagem e beleza,
móveis e eletrodomésticos, nas indústrias - ferramentas, máquinas,
equipamentos, EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), EPCs (Equipamento de
Proteção Coletiva) -, na construção civil - principalmente caixas d’água, canos
PVC e tubulações -, pesquisas científicas etc.
É de conhecimento geral e unânime a
conclusão de que atualmente o plástico é indispensável para a humanidade, mas é
um assunto polêmico, pois quando falamos dos agentes geradores de impactos
ambientais muitas pessoas atribuem de maneira precipitada e errônea o papel de
vilão aos resíduos plásticos.
Se acabássemos com o plástico,
consequentemente os seus resíduos realmente acabariam, porém os prejuízos seriam
imensuráveis, tornando-se altamente maiores do que os benefícios, imagine o
retrocesso: como se voltássemos para os anos de 1930. O custo, a dificuldade de
viabilização e o prazo de popularização de tecnologias alternativas que possam
suprir a ausência do plástico são empecilhos que mostram como o plástico é
indispensável atualmente.
O plástico é fundamental para nossas
vidas, extremamente relevante para a economia e potencialmente reutilizável e
reciclável, por isso devemos parar de considerá-lo lixo e passarmos a
considerá-lo como matéria-prima. O plástico pode ser sustentável desde que
consumidores, empresas e toda a cadeia envolvida assumam e cumpram suas
respectivas parcelas de responsabilidade e realizem o descarte correto do
plástico para que ele não vá parar no meio ambiente.
Como sociedade, é imprescindível que
assumamos a nossa culpa, a falta de responsabilidade e compromisso para com o
meio ambiente de maneira geral. A conscientização e reeducação da sociedade
precisa ser mais eficiente e eficaz, falta darmos a devida importância e
entendermos que cuidar do meio ambiente é fundamental para garantir um futuro
sustentável para as próximas gerações.
Para começar a mudança é preciso
melhorar o foco nas causas dos problemas e em suas verdadeiras consequências,
caso contrário, ao eliminar o plástico surgirá outro agente que será
responsabilizado. Nós somos os próprios vilões, estamos destruindo o meio
ambiente, por isso eu insisto: o plástico não é o vilão, mas sim a solução para
muitos problemas que a humanidade enfrentava antes do seu surgimento.
Assumir a culpa e parar de
responsabilizar a matéria-prima para os problemas que a nossa falta de
conscientização têm gerado é o primeiro passo. Precisamos nos preocupar em
criar um mundo sustentável e preservar o meio ambiente para as gerações futuras
e não é com a eliminação do plástico que alcançaremos esse objetivo, mas sim
trabalhando com políticas sérias voltadas para a conscientização e reeducação
de toda a sociedade.
Durante a pandemia, por exemplo, o
plástico foi essencial para a segurança de todos. Foi desenvolvido, com o apoio
da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), um saco de lixo que ajuda a
inativar o coronavírus. A Universidade relatou que o plástico elimina 99,9% das
partículas do vírus, sendo uma alternativa prática de evitar a propagação do
coronavírus.
Outras soluções foram desenvolvidas para
o combate ao vírus, como o caso do plástico filme, usado em superfícies
sensíveis ao toque para proteger da ação viral. O plástico filme esteve em
maçanetas, máquinas de cartão, botões de elevadores e em outros lugares que
poderiam propagar o vírus. Essa alternativa foi desenvolvida com o apoio do
Programa Fapesp Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) e, durantes os
testes realizados no laboratório de biossegurança de nível 3 da Universidade de
São Paulo (ICB-USP), o produto, fabricado com polietileno, mostrou ser capaz de
eliminar 99,84% das partículas do vírus após dois minutos em contato com a
superfície contaminada.
Portanto, o problema está no descarte
incorreto e na falta de conscientização coletiva. O Brasil é um dos países que
mais produz lixo plástico no mundo e o que menos recicla. Segundo a organização
não governamental Fundo Mundial para a Natureza (World Wide Fund for Nature
Inc.), por ano são produzidas 11 toneladas de lixo plástico.
É preciso fazer um trabalho conjunto de
conscientização sobre a reciclagem, especialmente na cadeia de atuação,
estimulando parceiros e clientes a fazerem parte desse processo. A Packseven,
por exemplo, referência no mercado de embalagens flexíveis, é ativa neste
processo, promovendo a economia circular e incentivando a prática em seus
clientes e parceiros. É preciso a união de todos, inciativas privadas, públicas
e a mobilização de todos os envolvidos na cadeia de consumo para que não
tenhamos desperdício e, com o descarte adequado, o plástico possa ser
reutilizado. A educação no descarte é fundamental para um futuro mais
sustentável.
* Fernando Morais trabalha na Packseven desde 2004 e atualmente é diretor de operações da empresa. Formado pela Universidade Metodista de Piracicaba, especializou-se com experiências na Extrusão Cast e Blow, Qualidade, P&D e PCP.
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