VPN é coisa do passado
Por Francisco Camargo*
As empresas estão nas nuvens literalmente. Para dar a dimensão
disto, a cloud computing já representa, em média, 42% do processamento nas
empresas do Brasil, segundo a Pesquisa Anual do Centro de Tecnologia de
Informação Aplicada da Fundação Getúlio Vargas (FGVcia). Mas, à medida que as
organizações movem seus aplicativos de negócios para vários ambientes cloud,
surgem muitos desafios, especialmente para a proteção de dados, cujo cenário é
desanimador, com pragas cibernéticas assolando implacavelmente todas as
corporações.
A adoção da nuvem, somada às transformações dos modos de fazer
corporativos, especialmente o trabalho híbrido, tornaram muitas tecnologias de
proteção de dados obsoletas. É o caso das tradicionais VPNs (Virtual Private
Network ou rede virtual privada), que ficaram ultrapassadas diante da acirrada
disputa de gato e rato - cibercrime e empresas vítimas de ataques (nesta ordem
mesmo) - por não acompanharem a verdadeira disrupção dos criminosos.
Para substituí-las, empresas especializadas em cibersegurança desenvolveram
soluções de Private Access, baseadas na tecnologia ZTNA (Zero Trust Network
Access), uma evolução das VPNs. Criada dentro do princípio de Zero Trust e do
escopo necessário à gestão de acesso anytime anywhere anydevice, o ZTNA é uma
estrutura de segurança e acesso a workloads e aplicações multicloud, com
controles e políticas de proteção, baseados em contexto.
Nas redes virtuais privadas isso não ocorre. Portanto, o maior problema da VPN
é permitir ao usuário, em sua casa, acessar toda a rede da empresa, todas as
informações que estão nela, mediante o uso de login e senha. Mesmo tendo alguma
limitação, a porta está sempre aberta. Essa falta de restrição e de
granularidade pode comprometer a segurança. Tanto que, segundo o Thales Data
Threat Report, 46% dos entrevistados afirmaram ter sofrido violação de dados
nos últimos 12 meses.
Ao invés de ter acesso a toda a rede da empresa, com o ZTNA, o
usuário entra apenas em aplicações específicas que ele precisa usar naquele
momento. E toda vez que ele for acessar a aplicação, a validação precisa ser
feita novamente, sendo considerados todos os controles a cada acesso. O caminho
não fica aberto. O acesso aos aplicativos é negado por padrão. As políticas são
granulares, adaptáveis e fazem reconhecimento de contexto, garantindo acesso
Zero Trust seguro e contínuo a aplicativos privados hospedados em nuvens e em
data centers corporativos.
O “reconhecimento de contexto” pode ser uma combinação de identidade do
usuário, sua localização, horário, tipo de serviço e postura de segurança do
dispositivo.
Sem querer massacrar as VPNs, mas já massacrando. Um dos seus principais
entraves é não conseguir monitorar cada dispositivo de conexão para proteger o
acesso ao aplicativo e evitar a exfiltração de dados. Outra dificuldade é a
lentidão. As VPN não foram projetadas para atender ao trabalho remoto e
distribuído. O backhaul, que leva a conexão de cada usuário por meio de hubs
VPN centralizados, tem problemas de largura de banda e de desempenho, o que
afeta a experiência.
Nas ZTNAs, ao contrário, os usuários podem se conectar diretamente ao
aplicativo, o que torna o acesso aos recursos corporativos, hospedados em
ambientes IaaS ou data centers privados, rápido e seguro.
Mas, quais são os reais
benefícios do ZTNA?
Ora, um dos recursos essenciais para a proteção dos acessos é a microssegmentação das redes.
Com ele, empresas podem criar perímetros definidos por software e literalmente
dividir a rede corporativa em vários microssegmentos, evitando o movimento
lateral de invasores e reduzindo a superfície de ataque em caso de violação.
Também torna os aplicativos invisíveis na web, criando uma darknet virtual que
impede a descoberta de aplicativos na internet pública. Desta forma, o ZTNA
protege contra exposição de dados que ficam na internet, malwares e ataques
DDoS.
Se a empresa tiver aplicativos legados hospedados em data centers
privados, o ZTNA estende todos os seus recursos para eles, facilitando
enormemente a conectividade segura. E mantém o acesso remoto, seja para
aplicativos privados ou SaaS, rápido e ininterrupto diretamente na nuvem, o que
eleva a experiência dos usuários.
VPN x ZTNA
A diferença fundamental entre VPN e ZTNA está no acesso. Aquele protege o
acesso no nível da rede e o ZTNA, no nível do aplicativo. Como mencionado, as
VPNs permitem acesso total à rede privada para qualquer usuário com login e
senha válidos, superexpondo recursos corporativos sensíveis a contas
comprometidas e ameaças internas. Os hackers que obtêm acesso a toda a rede
podem se mover livremente pelos sistemas internos sem serem detectados.
O ZTNA restringe o acesso do usuário a aplicativos específicos estritamente com
base na “necessidade de saber” ou de usar, limitando a exposição de dados e a
movimentação lateral de ameaças em caso de algum ataque cibernético. Há
controle, menos privilégios e todas as solicitações de conexão são verificadas
antes de conceder o acesso aos recursos internos, limites essenciais para
evitar violações.
Às VPNs também faltam controles no nível do aplicativo e
visibilidade das ações dos usuários quando estão dentro da rede privada. Já os
ZTNAs registram todas as ações, propiciando visibilidade e monitoramento mais
profundos sobre o comportamento e os riscos de cada usuário. Isso permite impor
controles, baseados em informação e centrados em dados, para proteger o
conteúdo confidencial nos aplicativos.
Outro ponto desfavorável às VPNs é que suas conexões não analisam os riscos dos
dispositivos de quem entra na rede. Um dispositivo comprometido ou infectado
por malware pode se conectar facilmente ao servidor e obter acesso a recursos
internos. Os ZTNAs fazem avaliação contínua dos dispositivos conectados,
validam a postura de segurança e permitem acesso ajustado aos recursos com base
na confiança do dispositivo exigida naquele momento. Se um risco for detectado,
a conexão é encerrada imediatamente.
No fundo, a segurança é um problema de proteção de dados,
especialmente em um mundo que prioriza a nuvem. Não se pode mais usar
abordagens antigas para proteger informações.
*Francisco Camargo é fundador e CEO da CLM
Sobre a CLM
CLM é um distribuidor latino-americano, de valor agregado, com foco em
segurança da informação, proteção de dados, infraestrutura para data centers e
cloud.
Com sede em São Paulo, a empresa possui coligadas no Chile, EUA, Colômbia e
Peru.
A empresa recebeu recentemente diversos prêmios: o de melhor distribuidor da América Latina pela
Nutanix, qualidade e agilidade nos serviços prestados aos
canais; o prêmio Lenovo/Intel
Best Growth LA Partner pelo crescimento das vendas; o Prêmio Excelência em Distribuição 2022 da Infor Channel pelo
compromisso da CLM com a excelência e busca incansável das melhores soluções e
serviços aos canais e Destaque
no atendimento aos Canais,
pelo Anuário de Informática da Revista Informática Hoje.
Com extensa rede de VARs na América Latina e enorme experiência no mercado, a
CLM está constantemente em busca de soluções inovadoras e disruptivas para
fornecer cada vez mais valor para seus canais e seus clientes. www.CLM.tech
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