Mercado de telecom fica em alerta com Reforma Tributária para não reduzir a competitividade das empresas brasileiras com as estrangeiras
Atenção às novas diretrizes previstas deve ser fundamental para entender se elas permitirão o aumento dos preços dos produtos nacionais, o que dependendo pode dificultar a competitividade com as marcas estrangeiras.
Um dos temas mais discutidos em 2023, a Reforma
Tributária, tem levantado uma questão que tem requerido a atenção do mercado de
telecomunicações: a possibilidade de colocar em xeque o poder de
competitividade das empresas brasileiras, na comparação com as companhias
estrangeiras que atualmente operam no Brasil. Isso pois, o texto original da
proposta, que está tramitando no Congresso Nacional, prevê um acréscimo no
percentual de tributos, o que pode sintetizar significativamente os incentivos
fiscais que vêm sendo colocados em prática no setor.
De acordo com o contador
e advogado especializado em Direito Tributário e que hoje atua como consultor
do setor tributário da Fibracem, indústria
brasileira especializada no mercado de comunicação óptica, Flávio Gruba, esses
incentivos fiscais que hoje vigoram no País não beneficiam apenas às empresas
de telecom, mas sobretudo, devem ser enxergadas, como um caminho certeiro que
contribui para a evolução do setor no todo.
“Por isso, é preciso estar atento às novas diretrizes
previstas no documento para entender, de fato, se há brechas para o aumento dos
preços dos produtos nacionais, por exemplo, e, com isso, colocar todos esses
benefícios ao setor de telecomunicações em risco”, ressalta.
Para ele, impulsionamentos assim por parte dos
governos, que podem acabar sendo reduzidos por conta do atual texto base da
Reforma Tributária, permitem – também – que corporações invistam cada vez mais
em pesquisa e desenvolvimento (P&D), fator que tem sido crucial para que ao
longo dos últimos anos, as companhias nacionais consigam se equipar e competir
com os produtos e a tecnologia estrangeira.
“Uma das consequências da inviabilidade desses
incentivos é que as empresas podem passar a priorizar, dentre outras coisas, a
redução de custos para então se manterem o máximo possível nessa disputa e se
igualando com os produtos internacionais”, afirma o advogado e também professor
do MBA em Contabilidade da FAE Business School, no Paraná.
Simplificação deve ser o grande benefício da Reforma
Entretanto, segundo o especialista, a boa notícia é
que a partir da aprovação da Reforma Tributária, a expectativa é que haja a
unificação dos tributos em uma única nomenclatura (Imposto sobre Bens e
Serviços - IBS), que inclui o IPI, PIS e COFINS no âmbito federal, o ICMS na
esfera Estadual e o ISS na categoria Municipal. “Essa redução de obrigações
acessórias ao prestar informações unificadas pode ser um ponto positivo para as
organizações”, salienta.
“A perspectiva é que a reforma seja
aprovada ainda neste ano, mas passando a vigorar – ainda que de forma tímida –
de fato apenas a partir de 2026 e efetivamente em 2032. Esse período pode ser
usado pelo ISP para se preparar, antecipando os investimentos na construção de
infraestrutura a um custo menor do que possivelmente pode ser praticado no
período pós-reforma tributária”, finaliza.
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