Inovações e tendências no varejo: um olhar sobre a “NRF 2024” para os pequenos negócios
* Marco Vinholi
É
indiscutível que o varejo global encontra-se num ponto de inflexão crítico. Com
o comércio digital previsto para atingir 80% da população mundial até 2026, a
113ª edição anual da “NRF Retail’s Big Show 2024”, evento realizado pela
National Retail Federation (NRF), de 14 a 16 de janeiro, em Nova York, ofereceu
insights valiosos num momento de transformações significativas.
Vejamos:
sofreremos impactos da geopolítica, uma vez que, entre 2024 e 2025, mais de cem
nações passarão por eleições, como os Estados Unidos da América e a Rússia.
Estes processos democráticos devem impactar as dinâmicas econômicas e
comerciais globais. Além disso, o cenário é marcado por baixa inflação e
crescimento econômico lento, mesmo em países que experimentaram forte
desenvolvimento nos últimos anos.
Neste
contexto, o foco se volta às diferentes gerações de consumidores, com ênfase no
que chamamos de “economia prateada", formada por indivíduos com mais de 50
anos, e às tendências de consumo das novas gerações Z e Alpha - cruciais para
entendermos as mudanças no comportamento do cliente e suas expectativas.
A “NFR
2024” trouxe à luz temas como a importância do e-commerce intuitivo, a
influência do TikTok na Economia, estratégias de "outsmart digital",
o crescente mercado de revenda, a mídia no varejo, e a experiência do
consumidor dividida em quatro pilares: jornada sem atrito, sensações em
ambientes, testagem (test drive) e inspiração.
O
evento apresentou, ainda, diversas inovações tecnológicas, como o avanço do
self-service e a integração de drones nas operações de entrega, com direito à
otimização da logística diante de clientes cada vez mais imediatistas. Para se
ter ideia, o Wall Mart em Dallas, com o uso de drones nas entregas, hoje cobre
70% da população. Trata-se de um universo que vai crescer muito mais e
rapidamente, e, sem dúvida, chegará ao Brasil dentro dos próximos anos.
O uso
de analytics em produtos audiovisuais e a comparação entre totens e
dispositivos móveis também foram pontos importantes discutidos na feira
americana. O vídeo analytics possibilita um entendimento profundo do
comportamento do consumidor dentro das lojas. Outra tendência é o auto
checkout, que possibilita a autonomia do consumidor e reduz filas na hora de
finalizar a presença e a experiência no estabelecimento.
Um outro
e novo conceito também discutido na “NRF 2024” é o “consumer guardianship”
(guarda do consumidor), que versa sobre a responsabilidade das marcas na
proteção dos interesses e dos dados dos clientes. Isso inclui, aliás, práticas
de privacidade aprimoradas, segurança cibernética e abordagem ética no uso de
informações dos consumidores.
Na
feira deste ano, foi possível, ainda, perceber um otimismo muito maior do que
na edição anterior, com a presença de tendências mais sólidas. O varejo, por
exemplo, parece ter superado os impactos das restrições sanitárias impostas
pela pandemia da Covid-19 e se fortaleceu rumo ao futuro. O desafio, agora, é
recuperar o prejuízo contabilizado à época, driblar o apagão de mão de obra e
não ter medo de inovar.
Observar
essas tendências é mais do que modernizar processos e aproveitar oportunidades.
É, sobretudo, sobreviver frente à rapidez dessas transformações, que chegam e
alteram a forma de fazer negócios - prática que depende de dedicação e de
compreensão do mercado, mas, sobretudo, de coragem. Fazer negócios, os mesmos
ou novos, num mundo que não para, vai além de pensar fora da caixa. É trocar a
caixa, também, se assim for preciso.
*Marco Vinholi é diretor-técnico (Empreendedorismo e Novos Negócios) do Sebrae no Estado de São Paulo; mestrando em Empreendedorismo (USP) e em Gestão Pública (FGV); graduado em Administração de Empresas (PUC) e pós-graduado em Liderança e Inovação (FGV); e especialista em Comunicação (Harvard University - EUA)
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