Governança: o alicerce esquecido das empresas que prosperam
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Divulgação |
*Por Renan Georges
O que sustenta uma empresa inovadora não é a estrutura. É o que acontece dentro dela. E, nesse contexto, a governança deixou de ser um item de checklist para virar um ativo estratégico: invisível, silencioso, mas brutalmente determinante para a longevidade de qualquer negócio que queira sobreviver ao próprio crescimento.
Nos últimos dez anos, vimos uma enxurrada de startups nascerem rápido e sumirem na mesma velocidade. Algumas tinham bons produtos. Outras, mercado validado. Mas muitas não tinham o essencial: um sistema de governança capaz de sustentar decisões críticas, atrair capital de longo prazo, alinhar sócios, proteger cultura e preparar a empresa para o próximo ciclo.
Governança não é criar burocracia. É criar precisão. É montar um conselho com independência intelectual, definir regras claras para alocação de capital, criar mecanismos de responsabilidade, planejar sucessão — técnica e estratégica. É isso que separa quem opera no improviso de quem está pronto para jogar o jogo grande.
Governança não é sobre criar burocracia. É sobre criar precisão. Estruturar conselho consultivo com independência intelectual, definir regras de alocação de capital, criar mecanismos de accountability, preparar sucessão técnica e estratégica. Tudo isso é parte do que diferencia uma startup que opera no caos de uma que está pronta para jogar o jogo grande.
O mercado ainda trata governança como coisa de empresa madura. Um erro clássico. Governança é mais importante nos estágios iniciais, quando o risco reputacional é alto, a liderança é concentrada e os ciclos de decisão são mais sensíveis.
Outro ponto ignorado: fundos e adquirentes sérios avaliam a maturidade de governança antes mesmo de olhar para a curva de receita. Eles querem entender a qualidade das decisões tomadas, a coerência do cap table, o alinhamento societário, a presença de políticas claras para temas sensíveis como equity, remuneração, compliance e people management.
Na prática, a ausência de governança gera decisões erradas, conflitos internos, desperdício de capital e paralisia estratégica. O custo da informalidade é alto. A conta pode vir em forma de uma rodada que não fecha, um sócio que sai na hora errada, um cliente que exige uma estrutura que a empresa não tem ou um M&A que desmorona na due diligence.
O diferencial está na capacidade de transformar a ideia em uma organização resiliente, transparente e confiável. Isso se faz com governança. E isso precisa ser falado com mais frequência, menos receio e mais pragmatismo.
No fim das contas, o que determina a escalabilidade real de uma empresa é a solidez de suas estruturas de decisão. Governança é o backbone organizacional que viabiliza crescimento sustentável, mitiga riscos e viabiliza acesso a capital inteligente. Empresas que negligenciam esse componente operam em modo reativo, expostas a conflitos societários, desalinhamentos estratégicos e ineficiências operacionais. Governança é pré-requisito técnico para quem pretende atravessar ciclos, acessar funding de longo prazo ou conduzir um M&A com segurança.
*Renan Georges é Fundador e CEO da Zavii Venture Builder
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