Encontro de Empresários do Setcemg reúne lideranças para debater os desafios e rumos do setor

Evento, que contou com a presença de Romeu Zema, foi realizado nesta quinta-feira no Mineirão, em BH

O Encontro de Empresários do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística de Minas Gerais (Setcemg) reuniu, na tarde desta quinta-feira, 25, empresários, autoridades e lideranças do setor de transporte rodoviário de cargas no Mineirão, em Belo Horizonte. Na abertura, o presidente da entidade, Antonio Luis da Silva Junior, deu as boas-vindas, e destacou o compromisso da instituição com a defesa dos interesses do setor, a descentralização do atendimento e a ampliação da representatividade em todo o estado.

A abertura começou com a palestra “Frete Justo”, ministrada pelo professor da Fundação Adolpho Bósio de Educação no Transporte - São Paulo (Fabet), Carlos Augusto Silveira. Ele ressaltou a importância da correta precificação dos fretes para a sustentabilidade das empresas.

Silveira reforçou a necessidade de as transportadoras adotarem uma gestão estratégica de custos para garantir a sustentabilidade e a competitividade. Ele destacou que “o frete justo não significa apenas um preço de mercado, mas sim um equilíbrio entre transportador, embarcador e cliente final, cobrindo custos operacionais, despesas, carga tributária e ainda assegurando margem de lucro para reinvestimento”.

Depois foi a vez do painel “Força Feminina no Desenvolvimento do Transporte e do Estado”, com a participação da deputada estadual Maria Clara Marra, da diretora-presidente do Grupo Tora, Janaína Araújo e da diretora-presidente do Grupo Tora, Cássia Ximenes. As convidadas destacaram os desafios e avanços da participação feminina em posições de liderança, ressaltando o impacto dessa presença no desenvolvimento econômico e na logística.

Para Janaína Araújo, os principais desafios enfrentados pelo setor, hoje, são a escassez de mão de obra, a infraestrutura, insegurança jurídica, entre outros. “Em um país como o nosso, com dimensões tão grandes, a gente precisa também criar mais corredores multimodais. Precisamos ter uma integração maior de rodovias, ferrovias, cabotagens, para que a gente possa ter um transporte mais eficiente, de menor custo.”

Já Cássia Ximenes ressaltou que Belo Horizonte precisa estar pronta para receber as transformações dentro do transporte. “A mobilidade, com certeza, é um dos nossos grandes problemas, é um dos nossos grandes gargalos e nós temos muitas coisas para trabalhar juntos, não só internamente, mas como na capital e cidades vizinhas”, disse.

A deputada Maria Clara Marra afirmou que, sobre o “ir e vir’, em termos de transporte, é importante “reivindicar essa questão nos espaços de tomada de decisão, nos ambientes dos legisladores. O próprio poder executivo tem que participar dessas discussões e se responsabilizar pela construção disso, que é o reflexo do setor”.

Na sequência, houve o painel “Infraestrutura: Preparando Minas para o Futuro”, com a mediação do vice-presidente do Setcemg, Adalcir Ribeiro Lopes. Na ocasião, o superintendente regional do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), Antônio Gabriel Oliveira Santos, disse que o órgão vem ampliando de forma significativa os investimentos na malha federal em Minas Gerais. “Entre 2022 e 2024, os aportes cresceram de R$ 280 milhões para mais de R$ 700 milhões, e a meta para 2025 é superar R$ 800 milhões”. Segundo ele, essa expansão tem resultado em melhorias perceptíveis nas condições das rodovias, refletidas na redução de reclamações de usuários e autoridades locais.

O secretário de Estado de Infraestrutura de Minas Gerais, Pedro Bruno Barros de Souza, Minas Gerais afirmou que o estado contará com R$ 100 bilhões em investimentos de infraestrutura, somados aos programas federais de concessões e obras públicas estaduais nos próximos seis a sete anos. “Estamos tirando 30 anos de atraso em relação à infraestrutura”.

Acrescentou que, hoje, será lançado em consulta pública o novo lote Noroeste, que dá continuidade ao trecho já iniciado no Triângulo. “Atualmente, o principal corredor compreende Uberlândia a Patrocínio, e agora será estendido até Montes Claros, incluindo a BR-408 e a MG-496. Trata-se de um investimento de grande relevância, que vai transformar a realidade da região”.

Já o vice-diretor do Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG), Anderson Tavares Abras, destacou o uso da tecnologia na manutenção das rodovias. “Nós temos contratos para levantar a qualidade da conservação e manutenção. A gente utiliza a inteligência artificial. Nós temos contratos, nos quais a empresa contratada levanta, mensalmente, toda essa malha. Levantamento é feito com uma pré-análise, como buracos e problemas de drenagem. Tudo feito em velocidade grande”.

Em termo de melhorias da infraestrutura e segurança, o diretor substituto da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), José Aires Amaral Filho, frisou que é importante ter “uma boa regulação clara, que pode potencializar todos os investimentos no setor de infraestrutura. E a gente tem uma boa regulação quando a gente dá uma segurança jurídica”. Anunciou, ainda, que a entidade tem como meta iniciar uma fiscalização, “praticamente 100% automatizada” de todo o transporte do viário de cargas a partir de outubro, com relação ao piso do frete e vale-pedágio.

O terceiro painel, “O Papel do TRC e de Suas Instituições no Desenvolvimento de Minas Gerais”, destacou a relevância do transporte rodoviário de cargas, responsável por mais de 65% da movimentação de mercadorias no país. O presidente da Federação das Empresas de Transportes de Cargas e Logística do Estado de Minas Gerais (Fetcemg) e o presidente do Conselho Regional do SEST SENAT, Gladstone Lobato, disse um dos problemas sérios enfrentados pelo setor é a parte ambiental. “É um negócio complicadíssimo e muita gente não sabe. Se tiver um acidente com um tanque de combustível na estrada, a consequência pode ser gravíssima”. Alertou que o transportar precisa abrir o campo de visão sobre esse assunto.

O presidente da NTC&Logística, Eduardo Rebuzzi, ressaltou a importância sobre a cobrança do frete justo com urgência. Pontuou também a necessidade da apuração dos custos de forma adequada. Em relação à área trabalhista, frisou sobre a Lei do Motorista que, segundo ele, não está clara.

Já o presidente do Setcemg, Antonio Luis da Silva Junior, levantou três bandeiras relacionadas ao setor. A primeira foi a punibilidade do receptador de cargas roubadas, já segunda a renovação de uma frota mais econômica e ecologicamente correta e, por último, lutar por uma lei específica para o motorista.

A programação foi encerrada com a participação do governador Romeu Zema, que apresentou o tema “Minas Rumo ao Futuro” e destacou a importância do setor. “Minas Gerais tem uma posição estratégica no Brasil, nós somos um estado que conecta o Sudeste, o Centro-oeste, o Nordeste e boa parte da carga do Brasil do transporte de passageiros passa por Minas Gerais. Na minha gestão nós temos dado todo o apoio ao setor que tem crescido, não só o transporte rodoviário como também estamos assistindo investimentos em aeroportos e também em ferrovias e Minas vai passar a ter uma malha viária mais robusta”, afirmou.

O governador disse também que, de três anos para cá, foram feitos grandes investimentos, como duas pontes sobre o Rio São Francisco, facilitando o acesso de quem mora no norte de Minas para ir para o Centro-Oeste. “Obras essas que vão mudar o cenário do estado, além de estarmos recuperando as rodovias estaduais. Ainda temos muito o que avançar, mas estamos no caminho certo, sempre com novas frentes de obra, sempre recuperando aquelas rodovias que estão em pior situação de conservação”, ressaltou.