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PhantomCard: por que o Brasil virou alvo de um dos malwares móveis mais perigosos do mundo

*Por Adrianus Warmenhoven, cybersecurity expert da NordVPN


 

A nova onda de ataques digitais envolvendo o malware PhantomCard acendeu um alerta vermelho no Brasil. O trojan, originário da China e distribuído como malware-as-a-service, tem foco em usuários do sistema Android e explora a tecnologia Near Field Communication (NFC) para clonar cartões de crédito de forma furtiva.

 

Apesar de sua escala internacional, o Brasil se tornou um dos principais alvos dessa ameaça, resultado direto da alta digitalização bancária e da massiva base de usuários de smartphones Android no país.

 

Os números ajudam a explicar essa vulnerabilidade. Segundo o IBGE, o Brasil tem 163,8 milhões de pessoas com celular ativo. Desse total, quase 80% utilizam Android, o que equivale a mais de 150 milhões de usuários. Essa predominância cria um ambiente altamente atrativo para criminosos que buscam explorar falhas e permissões do sistema operacional mais popular.

 

Além disso, o país é conhecido como um dos maiores mercados de bancos digitais no mundo, com ampla adoção de aplicativos financeiros e carteiras digitais, basta ver como o PIX ganhou rápida adesão no país e se tornou o maior meio de pagamento da nação em menos de dois anos.

 

Trojans bancários

 

Se por um lado isso representa inovação e inclusão, por outro, também abre espaço para a disseminação de trojans bancários. Não por acaso, dados apontam que o Brasil já havia registrado um aumento de 87% nos ataques de trojans bancários entre julho de 2023 e julho de 2024, segundo pesquisas recentes.

 

Esse crescimento colocou o país como epicentro latino-americano desse tipo de cibercrime, reforçando a percepção de que o Brasil combina dois elementos fundamentais para os atacantes: uma população altamente bancarizada digitalmente e, ao mesmo tempo, alvo de práticas de segurança ainda insuficientes.

 

O PhantomCard é um malware sofisticado que se disfarça como aplicativos legítimos na Google Play Store, explorando brechas de confiança dos usuários. Sua técnica mais perigosa envolve o uso do NFC, tecnologia presente em grande parte dos smartphones modernos e que permite pagamentos por aproximação.

 

O malware induz o usuário a encostar seu cartão físico no celular, prometendo funcionalidades falsas, como a digitalização do cartão para pagamentos. Esse simples gesto, porém, entrega ao trojan as informações necessárias para clonar os dados do cartão. Em segundos, o criminoso pode replicar a identidade financeira da vítima e realizar transações não autorizadas.

 

Outro aspecto relevante é o modelo de negócio do malware-as-a-service: grupos de cibercriminosos vendem o acesso ao PhantomCard em fóruns clandestinos, permitindo que golpistas menos técnicos também explorem a ferramenta. Isso amplia a escala e a velocidade da disseminação do ataque.

 

Três fatores explicam a mira dos criminosos sobre o Brasil. O primeiro é a popularidade do Android: com oito em cada dez usuários, o sistema oferece uma base gigantesca de potenciais vítimas.

 

O segundo fator é a adoção massiva de bancos digitais: o Brasil foi um dos primeiros países a popularizar o conceito de fintechs e carteiras digitais, aumentando o interesse dos atacantes por credenciais bancárias.

 

Por fim, o terceiro fator é o histórico de ataques bem-sucedidos: o crescimento expressivo dos trojans bancários em 2023 e 2024 mostra que o país é um terreno fértil, com alto retorno para criminosos. Esse cenário coloca o Brasil em posição vulnerável frente a ameaças que combinam engenharia social, exploração de recursos legítimos do celular e modelos avançados de distribuição criminosa.

 

Como se proteger

 

Para mitigar os riscos, especialistas recomendam práticas de segurança que, apesar de simples, são extremamente eficazes. Nunca aproxime seu cartão físico do celular, a menos que seja em aplicativos de pagamento verificados, como Google Pay ou carteiras oficiais do banco. Instale aplicativos apenas da Play Store oficial e evite links enviados por SMS, e-mail ou redes sociais.

 

Também é essencial revisar permissões de aplicativos, desconfiando de apps que pedem acesso ao NFC, permissões de administrador ou sobreposição de tela sem justificativa clara. Outra medida preventiva é desativar o NFC quando não estiver em uso, reduzindo a superfície de ataque. O uso de aplicativos de segurança móvel também contribui para detectar malwares avançados e fortalecer a proteção contra ameaças digitais.

 

Além disso, manter o sistema operacional atualizado, instalando correções de segurança assim que disponíveis, é fundamental. Monitorar transações bancárias e ativar alertas via SMS ou e-mail permite identificar movimentações suspeitas rapidamente. A intuição também deve ser levada em conta: se um aplicativo solicita informações estranhas, desinstale-o imediatamente e reporte ao banco ou à Play Store. Reportar aplicativos suspeitos aos canais oficiais contribui para a remoção rápida das ameaças.

 

*Adrianus Warmenhoven é cybersecurity expert da NordVPN - nordvpn@nbpress.com.br

 

Sobre a NordVPN

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