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Preço de seguro para executivos varia conforme riscos do setor de atuação

Segundo corretores, concentração no mercado tem pouco efeito em preços

Gilberto Reina
Apesar do aumento da sinistralidade, os aumentos de preços dos seguros D&O têm sido moderados no Brasil nos últimos anos, de acordo com corretores de seguros. Mas alguns setores viram as tarifas subirem, mas devido à alta exposição ao risco. Segundo fontes do mercado, empresas públicas, por exemplo, pagam de três a cinco vezes mais do que as companhias privadas por este tipo de cobertura.

Os especialistas afirmam que as tarifas têm estado relativamente estáveis apesar de que três grupos de seguradoras concentram 80% do segmento, um nível de concentração que pode preocupar alguns compradores. “As seguradoras continuam competitivas para determinados riscos de D&O”, disse Maurício Bandeira, o gerente de Linhas Financeiras da AON no Brasil. “Por exemplo, entre as empresas de capital fechado. É um segmento que apresenta baixa sinistralidade e que cresce.”

A situação pode ser mais complicada, porém, no mercado de empresas de capital aberto, que concentra os riscos e a maioria absoluta dos prêmios. “Ainda assim, neste segmento, se a empresa tem um balanço bom e atua em uma indústria que não está sofrendo tanto com a crise, o mercado também segue competitivo,” disse Bandeira.

Concentrado

“Em 2015, as análises de mercado apontam aumento médio de 10% no preço das apólices, porém nem todos os segmentos sofreram o mesmo nível de aumento,” disse Guilherme Perondi, vice-presidente da Lockton Brasil. “Segmentos mais expostos como construção foram os maiores impactados.”

“Devido a alta sinistralidade, ambiente político e econômico, as taxas do seguro de D&O no Brasil têm sofrido aumento”, disse Juliana Casiradzi, gerente de Placement de Linhas Financeiras da Marsh no Brasil. “Em contrapartida alguns clientes têm se beneficiado com a manutenção do prêmio pago no ano anterior, através de uma adequada consultoria e subsídios para que a análise do risco seja feita da melhor maneira possível pelos subscritores.” O executivo ainda acrescenta: “A concorrência entre as seguradoras também tem servido para frear o aumento significativo nos prêmios”.

De fato, de acordo com os corretores, apesar da alta concentração no mercado, o segmento de D&O continua competitivo. “Hoje temos alternativas aos líderes de mercado e no atual cenário, não existe a menor possibilidade de um alinhamento de preços por conta de participação desse mesmo mercado”, disse Gilberto Reina, Especialista em Seguros e Superintendente Regional da AD Corretora de Seguros.

Para Bandeira, a concentração se deve em grande medida ao fato de que as seguradoras líderes do mercado são também as que têm mais experiência com este tipo de risco. “A Chubb, a Zurich e a AIG estão dispostas a analisar qualquer risco em D&O”, afirmou. “Elas estão acostumadas a cobrir empresas de capital aberto no mercado americano, instituições financeiras e também empresas de capital fechado. Outras seguradoras, especialmente as que têm menos tempo no mercado de D&O, não têm um apetite de risco tão grande.”

Mercado em crescimento

Novos subscritores, como a Tokio Marine, entraram recentemente no setor, e analistas esperam que mais empresas mostrem interesse por uma linha de seguros que continua apresentando boas perspectivas de lucro, apesar do aumento da sinistralidade.

No ano passado, o volume de prêmios diretos do seguro D&O cresceu 35,9%, de acordo com a Susep. Bandeira notou, porém, que o crescimento do volume de prêmio se deve, em grande medida, ao fato de que muitas apólices são cotizadas em dólar, enquanto que os números reportados à Susep medem a evolução dos portfólios em real.

“O nível de concentração é realmente alto, mas, considerando a quantidade de seguradoras oferecendo a cobertura, o aumento dos preços nos últimos dois anos parece ser mais em função do aumento da sinistralidade do que por alguma dinâmica comercial”, disse Perondi. “Porém ainda é muito cedo para avaliar os efeitos das recentes aquisições no mercado de linhas financeiras”, complementa.

Fonte: Rodrigo Amaral | Portal Risco Seguro Brasil

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