Aplicação de oxigênio na indústria de cimento representa ganhos financeiros e ambientais
Segundo a Air Products, multinacional do setor de gases, enriquecimento do ar de combustão com O2 no processo de produção é um dos mais buscados pelo setor de construção, que vive momento de expansão no mercado brasileiro, bem como o uso do nitrogênio por razões de segurança nas fábricas e para resfriamento de concreto
São Paulo, julho de 2021. O setor da construção civil no Brasil
teve o maior crescimento em oito anos segundo *dados da Câmara Brasileira da
Industria da Construção (Cbic). Outro dado, da *Associação Brasileira de
Materiais de Construção (Abramat), aponta que os 22 segmentos que compõem o
setor tiveram expansão real de mais de 24%, no último semestre. A projeção de
crescimento para o setor foi revisada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e passou
de 4% para 8%.
São boas notícias, portanto, para o
segmento de cimento, material fundamental para a construção civil, cuja
produção, por sua vez, está ligada à indústria de gases industriais, que
fornece oxigênio e nitrogênio a fim de tornar todo o processo produtivo, seguro
e sustentável.
A aplicação do oxigênio pela indústria
de cimento ocorre, no estágio inicial. A matéria-prima, composta de
calcário, argila e outros materiais, é misturada lentamente a altas
temperaturas (em torno de 1450 ºC) e para isso são utilizados grandes fornos
rotativos com queimadores e câmaras de pré-calcinação, que queimam combustíveis
na presença de ar, composto majoritariamente por nitrogênio e por apenas 21% de
oxigênio, o elemento comburente.
O segredo para a maior produtividade
desse processo é, portanto, a adição de oxigênio puro ao ar de combustão,
elemento que aumenta a temperatura da chama da combustão e também possibilita
queimar maiores quantidades de combustíveis alternativos, como pneus e blends,
em substituição ao coque, (carvão mineral), gerando redução de custos com
combustíveis.
“Quando aumentamos a concentração de
oxigênio nos processos de combustão, a temperatura da chama se eleva, o que
gera mais calor, possibilitando aumento de produção. O aumento do % de oxigênio
no ar de combustão possibilita também a queima de maior quantidade de
combustíveis com menor poder calorífico, como resíduos descartados por outras
empresas, que iriam parar em aterros. Com a utilização de ar enriquecido se
consegue obter aumentos de mais de 100% na quantidade de combustíveis
alternativos queimados, em substituição ao coque, combustível não-renovável, o
que torna a operação mais benéfica ao meio ambiente”, explica Fábio Mimessi,
Engenheiro de Aplicações Especialista da Air Products Brasil.
Outro gás muito usado na produção de
cimento, por razões de segurança, é o nitrogênio, diretamente aplicado nos
silos em que o coque é armazenado. “Por se tratar de um produto combustível e
que gera grande quantidade de particulados (poeira de carvão), os silos de
carvão são atmosferas explosivas, com altos riscos de incêndios e explosões”,
explica Mimessi.
Assim, o processo de inertização ou
blanketing de silos de carvão aplicado pela Air Products consiste em trocar o
ar que está no silo, que gera atmosfera explosiva devido à presença de
oxigênio, por uma atmosfera de nitrogênio gasoso, gás inerte e que não reage
nem possibilita a queima.
Além de manter a segurança, o nitrogênio
é usado para o resfriamento rápido do concreto, em obras de médio e grande
porte, que podem precisar que o concreto atinja temperatura entre 15 ºC e 25 ºC
a fim de evitar trincas e fissuras na produção de blocos. O resfriamento é
feito por meio de injeção de nitrogênio líquido à temperatura de – 196º
Celsius, no caminhão-betoneira ou na esteira de alimentação, que vai do silo
até o caminhão.
“Por ter uma temperatura tão baixa, o
nitrogênio líquido resfria o concreto muito mais rápido, reduzindo em mais de
50% o tempo de preparação do concreto e gerando economia para a empreiteira. Em
locais com temperatura ambiente acima de 30º a 32º C, o ganho é ainda mais
notável, já que é muito difícil ou quase impossível se fazer o resfriamento
adequado com gelo ou água gelada, devido às limitações destes produtos em
termos de capacidade de resfriamento. Nestes casos, o uso de nitrogênio líquido
é a única maneira de se conseguir baixas temperaturas no concreto, em pouco
tempo e com viabilidade econômica”, finaliza Mimessi.
*Referências:
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