Com a alta dos juros, será que é hora de partir para a renda fixa?
Por Ana Carolina Zogno, CCSO (Chief Customer Success Officer) da Smartbrain
Com a alta dos juros, será que é hora de
partir para a renda fixa?
A taxa de juros no Brasil, que estava em
queda desde 2016 e chegou a bater uma mínima histórica de 2% no ano passado,
voltou a subir desde março de 2021. Em junho, a taxa Selic alcançou 4,25% e as
projeções de analistas de mercado colocam a possibilidade desse índice subir
ainda mais, possivelmente alcançando ao menos 6,5% ainda neste ano.
Alterações macro sempre influenciam as
decisões de investimentos de grandes e pequenos investidores, justamente porque
mudam diretamente a rentabilidade dos ativos para a renda fixa. Com alta de
juros, há um aumento dos investimentos remunerados ao CDI, mas não apenas. O
rendimento da poupança também acaba melhorando nesse cenário.
Mas será que é tão simples assim? Subiu
juro, hora de partir para a renda fixa?
Hora de fazer cálculos
Como tudo no mercado financeiro, não
existe resposta mágica ou simples na hora de montar uma carteira de
investimentos. Mesmo com os juros subindo, a taxa Selic ainda está longe do
patamar duplo dígito que não vemos no Brasil desde 2017.
Além disso, a previsão para a inflação é
alta pelo menos até o fim do ano. Em relatório, a XP Investimentos disse
esperar IPCA de 6,2% em 2021. A alta da inflação vem por conta de pressões de
custos sobre bens industriais e também por conta da crise hídrica no país, com
anúncio do aumento da bandeira tarifária feito pela Aneel, que vai ter impacto
no custo da energia elétrica.
Assim, é preciso avaliar qual será
o rendimento real da renda fixa quando a alta dos juros é comparada à
alta da inflação. Esses tipos de cálculos exigem cuidado e atenção, tanto do
assessor financeiro quanto do investidor pessoa física. Para além das planilhas
de Excel, hoje em dia é possível encontrar uma série de ferramentas que
tornam esse cálculo mais simples e personalizado. Em nossas soluções,
investidores e profissionais conseguem encontrar cálculos precisos sobre a
rentabilidade dos títulos de renda fixa do mercado.
Ativos na renda fixa
Mais do que mudar a alocação, o
investidor precisa ter uma carteira diversificada. Assim, ativos de renda fixa
têm o seu papel em uma carteira até mesmo dos investidores mais arrojados ou
agressivos.
No cenário de alta de juros, conforme é
esperado para os próximos meses, a tendência é que ativos pós-fixados, ou seja,
aqueles atrelados à variação de um dia das taxas de juro básicas, tendem a se
beneficiar. Ao mesmo tempo, uma carteira diversificada também se beneficia da
existência de ativos que serão corrigidos por um índice inflacionário, por
exemplo o IPCA.
Por conta da perspectiva de aumento da
inflação, manter uma parte da carteira dedicada a ativos que sejam corrigidos
pela inflação deve proteger o investidor dos efeitos da alta nos preços do
consumidor nos próximos meses e os títulos de Renda Fixa com remuneração
indexada ao IPCA (conhecidos como IPCA+) acabam se tornando também boas
alternativas.
Já ativos pré-fixados, que não estão
atrelados a nenhum indexador, acabam sendo mais atraentes quando há uma
expectativa de baixa de juros. Apesar de não ser o caso, eles podem ser
interessantes para investidores que buscam maior previsibilidade e, inclusive,
podem ter rentabilidade maior do que pós-fixados, a depender dos juros e do
prazo de vencimento.
Desse modo, vale a pena para o investidor
conferir as possibilidades, avaliar as perspectivas de juros e
inflação para os próximos anos e fazer seus investimentos tendo em mente uma
carteira diversificada, mas coerente com o perfil de cada investidor.
*Ana Carolina Zogno é CCSO (Chief Customer
Success Officer) da Smartbrain.
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