'É possível produzir mais sem derrubar uma única árvore da Amazônia', afirma Roberto Rodrigues na conferência Entendendo a Amazônia
Crédito: Agência Senado |
A produção mundial de alimentos precisa aumentar 20% em 10 anos para que não falte comida para a população global. "Para que esse crescimento seja de 20%, o Brasil tem que crescer 41%. É um desafio formidável para a nossa nação", afirmou o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, em palestra na conferência Entendendo a Amazônia. Para ele, o mundo confia no país por três razões: terras disponíveis, gente capaz e tecnologia tropical sustentável que tem avançado, principalmente, a partir da década de 1990.
Roberto
Rodrigues fez essa declaração em sua apresentação no terceiro dia da
conferência "Entendendo a Amazônia", que acontece até o dia 22 de
julho. Para conferir na íntegra a apresentação, acesse www.entendendoaamazonia.com.br.
Engenheiro
agrônomo, Roberto Rodrigues destacou que a tecnologia é fundamental para o
crescimento da produtividade agrícola mais do que a área cultiva – cenário
semelhante em relação às proteínas animais. "Com isso, nós poupamos do
desmatamento biomas e florestas por causa da produtividade que aumentou nas
áreas que já eram cultivadas ou que foram integradas nesse processo ao longo do
tempo", explica ele, titular da pasta de Agricultura, Pecuária e
Abastecimento entre 2003 e 2006.
De acordo com
Roberto Rodrigues, a pandemia da Covid-19 antecipou o debate, tendo em vista a
falta de alimentos registrada em alguns países. "Acredito que a pandemia
abriu janelas fundamentais para a humanidade: segurança alimentar e
sustentabilidade. São os grandes desafios agora e no pós-pandemia. Se não
olharmos adequadamente esses dois temas, haverá dificuldades e guerras no
mundo. E esses temas passam pelo agro do cinturão tropical do planeta, onde há
terra disponível e avanço possível de produtividade. O Brasil domina
isso."
Algumas
soluções já estão surgindo para contribuir para suprir essa necessidade.
"O governo brasileiro recentemente lançou um plano de agricultura de baixo
carbono, que tem papel fundamental na redução das emissões de gases do efeito
estufa em 43%. Esse programa tem avançado positivamente, com um tema central,
que é a integração lavoura-pecuária-floresta", explicou. Segundo o
ex-ministro, essa combinação permite a consorciação de até duas culturas
agrícolas com o pasto, beneficiando a produção animal e a conservação das
florestas."
A integração
lavoura-pecuária-floresta, para Rodrigues, é uma prática que permite o contínuo
crescimento da produção de alimentos sem a necessidade de incluir novas áreas
agrícolas e de pecuária. "Assim, é perfeitamente possível produzir mais
sem derrubar uma única árvore da Amazônia", disse em sua palestra, que
encerrou o terceiro dia do evento, com um amplo debate sobre
"desenvolvimento sustentável: a melhor saída para todos".
Nascido em
Cordeirópolis, no interior paulista, Roberto Rodrigues tem 78 anos e um
currículo extenso. Antes de assumir o ministério, foi secretário da Agricultura
do Estado de São Paulo (de 1995 e 1997) e presidente da Organização das
Cooperativas Brasileiras (OCB), da Sociedade Rural Brasileira (SRB) e da
Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG). Formou-se na Universidade de São
Paulo (USP).
Entendendo
a Amazônia
A conferência,
que vai até 22 de julho, tem o objetivo de informar a sociedade em geral e
buscar melhores caminhos para essa riqueza, integrando a preservação com a
produção sustentável. Tudo de forma isenta, sem viés político. São 28 palestras
destinadas a todos os públicos do Brasil e do exterior. O conteúdo fica gravado
e disponível até 31 de julho no site www.entendendoaamazonia.com.br.
No terceiro
dia de evento, além de Roberto Rodrigues, a programação incluiu Augusto Cesar
Barreto Rocha, doutor em engenharia de transportes e professor associado da
Universidade Federal do Amazonas (Ufam), que falou sobre a falta de
infraestrutura de transportes na região. Em seguida, Paulo Hermann, presidente
da John Deere Brasil, abordou algumas ações positivas desenvolvidas na região
amazônica.
O presidente
do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (CIEAM), Wilson Périco, palestrou
sobre as possibilidades de crescimento industrial no bioma e a titular da
Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), Louise Caroline Campos
Löw, centrou sua apresentação no tema "Desenvolvimento includente e
sustentável na Amazônia Legal: desafios e perspectivas".
A indigenista
Ivaneide Bandeira Cardozo – a Neidinha Suruí – abordou a importância
indiscutível das comunidades indígenas para o bioma. Há 30 anos, ela lidera a
Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé e atua com mais de 50 etnias. Já o
turismo como matriz econômica sustentável da Amazônia foi o assunto explorado
por Oreni Braga, diretora de turismo da Fundação Municipal de Cultura, Turismo
e Eventos de Manaus (Manauscult).
Para conferir
as palestras, acesse www.entendendoaamazonia.com.br.
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