Brazil-Florida Business Council, Inc. promove webinar com insights para quem quer investir nas US Listings
As empresas
interessadas em ingressar no mercado de capitais norte-americano tiveram uma
grande oportunidade, no dia 26 de agosto, de entender os processos e aprender
como trilhar o caminho mais seguro nesta empreitada com renomados experts no
assunto durante o webinar “Listagens na NYSE: como ingressar no mercado de
capitais dos EUA”.
Promovido pelo a
Brazil-Florida Business Council, Inc., organização sem fins lucrativos voltada
à promoção de negócios internacionais, o evento contou com a presença de Alex
Ibrahim, Chefe de Mercados Internacionais da NYSE (Bolsa de Valores de Nova
York); André Spolidoro, Chief Financial Officer (diretor financeiro) da VTEX;
Vanessa Fiusa, Sócia de Mercado de Capitais do Mattos Filho, Veiga Filho,
Marrey Jr. e Quiroga Advogados; Manuel Garciadiaz, Sócio e Chefe de Práticas
Latino-Americanas da Davis Polk & Wardwell; e Fabio Federici, Chefe no
Brasil de Mercado de Capitais da Goldman Sachs. Todos foram conduzidos em suas
explanações por meio de perguntas específicas direcionadas por Sueli Bonaparte,
presidente da Brazil-Florida.
Em sua palestra, Alex
Ibrahim salientou a diversificação da carteira de investimentos com grandes
empresas consolidadas em âmbito global e apontou quais as áreas que no futuro
vão apresentar mais vantagens para os investidores. “Vemos muitas empresas de
tecnologia em destaque nas listagens, mas há também um engajamento de
companhias dos setores de healthcare e consumer tech. Observamos esse
comportamento nos EUA, mas acreditamos que eventualmente isso acontecerá também
no Brasil e América Latina”, diz.
Ibrahim aponta ainda
que a alta procura pela Bolsa de Nova York se dá em razão de ser um mercado com
maior liquidez global, baixa volatilidade e spreads mais apertados.
O próximo a contar suas
experiências foi André Spolidoro, CIO da VTEX, que foi listada no mês passado
na NYSE. A VTEX surgiu há dez anos como uma empresa de softwares e se
desenvolveu, tornando-se uma companhia de e-commerce que permite aos clientes
se tornarem marketplaces ou contatarem outras marketplaces.
Segundo Spolidoro, a
VTEX, que tem entre seus clientes Motorola, Sony e C&A, escolheu a NYSE
porque mistura o tradicional com o inovador, ela vem se modernizando
constantemente e traz muita segurança aos investidores. “A NYSE surpreendeu
pela flexibilidade e pelo planejamento de visibilidade de futuro”, conta.
Questionado onde
investiria os recursos captados com a IPO na NYSE, Spolidoro assinala que a
abertura de capital servirá para aumentar a capacidade de investimentos.
“Também, com o incremento do segmento digital por causa da pandemia do coronavírus,
a VTEX está em plena expansão e teve que aumentar seus quadros, fazer novas
contratações”, narra o CIO da VTEX.
“Com a IPO, aumentamos
nossa visibilidade como empresa de tecnologia da América Latina que se torna
global”, ressalta.
André Spolidoro ainda
lembrou os desafios enfrentados para chegar à listagem da NYSE no dia 21 de
julho. “Tivemos que mudar nossos balanços que eram em reais para dólares. Foi
desafiador cumprir a timeline para o envio da documentação necessária, mas meu
time esteve muito focado em fazer dar certo. Falamos com muitos investidores,
fizemos muitos contatos”, registra.
Aspectos regulatórios e
organizacionais
No que tange à área
regulatória, as IPOs necessitam de assistência de profissionais especializados.
De acordo com Vanessa Fiusa, as companhias brasileiras não conseguem fazer
listagem direta na bolsa norte-americana, sendo necessário criar holdings para
serem repatriadas. Os advogados especializados têm ainda que ficar atentos à
tributação atrelada ao flow financeiro e a eventuais efeitos fiscais.
“Um tema bastante
importante é adaptar os controles internos ao padrão internacional, ao qual as
empresas brasileiras estão pouco acostumadas. É preciso levar em consideração
quesitos como governança e reorganização societária, por exemplo. E leva cerca
de 3 a 6 meses, em média, para as companhias conseguirem a aprovação do
processo”, narra Vanessa Fiusa.
Complementando as
informações da sócia da Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr. e Quiroga
Advogados, Manuel Garciadiaz pontua que quanto aos requisitos financeiros, os
documentos têm que estar todos em ordem. “As empresas precisam ter ciência que
o processo de auditoria norte-americano é diferenciado e mais detalhado”,
sublinha. “A maior parte das empresas que optaram pela IPO nos EUA possuíam
estruturas de diferentes níveis de gerenciamento”.
Fabio Federici elogiou
a experiência recente da VTEX na NYSE. “Foi a primeira empresa brasileira que
usou sistema de IPO transparente, que permite colocar no sistema ordens
diretamente com preços determinados, algo que nem existe ainda no Brasil”,
frisa o executivo da Goldman Sachs.
Federici também
destacou os aspectos que mais preocupam os emissores brasileiros quando decidem
fazer parte dos US Listings. “As principais dúvidas se restringem a três
situações: tamanho do IPO; framework do valor-eixo; e governança”.
Para completar o quadro
de informações, Vanessa Fiusa expõe perguntas com as quais, muitas vezes, ela
lida em relação ao mercado norte-americano. “Os investidores questionam: posso
acessar investidores brasileiros se tiver IPO nos EUA? Não pode, existem muitas
restrições. Um IPO lá fora aumenta minha responsabilidade? No Brasil, há um
histórico menor de discussões judiciais, ao passo que nos EUA, há mais
processos. E o custo? É maior nos EUA, por ser em dólar”, esclarece a advogada.
No final das
apresentações, Sueli Bonaparte propôs que os palestrantes fornecessem conselhos
para os interessados em investir nas listas da NYSE.
André Spolidoro
reforçou a necessidade de começar desde cedo a estreitar relacionamentos com
investidores e com o mercado financeiro para que conheçam o seu negócio.
Fábio Federici
aconselhou a conhecer bem os profissionais com que vai contar em todo o
processo e a falar com empresas que já passaram pela experiência. Também é
importante que o interessado não mude sua essência. “Casos de IPOs de sucesso
seguiram seus valores”, relata.
Vanessa Fiusa reafirmou
que as companhias devem contar com equipes preparadas que sabem lidar com
investidores estrangeiros. “O emissor brasileiro vai acessar um mundo novo de
investidores, em um mercado mais dinâmico, diferente do Brasil”, diz.
Manuel Garciadiaz
opinou que o investidor precisa se preparar com muita antecedência e estar bem
organizado, pois vai ter um trabalho duro e se deparar com muitos obstáculos.
Por fim, Alex Ibrahim
lembra que “a IPO não é o final do processo, mas sim o começo. Tem que estar
bem preparado para enfrentar esse novo mercado, dedicar tempo para o investidor
e ter equipe bem preparada”.
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