Fusões & Aquisições batem recorde de negócios no Brasil
Foto/Divulgação |
O Brasil vem apresentando resultados
inéditos de crescimento do mercado de fusões e aquisições (M&A). Pesquisa
recente da consultoria KPMG, revelou que o primeiro semestre deste ano bateu o
recorde, dos últimos 20 anos, no número de negócios de empresas brasileiras,
com expectativa de dobrar esse número até o final do ano.
Relatório recente da plataforma
Transactional Track Record (TTR), registrou que o Brasil realizou um total de
916 transações, movimentando cerca de R$ 258 bilhões no primeiro semestre de 2021,
superando o valor de todo o ano passado, que foi de US$ 45,9 bilhões.
Para analisar o bom momento do setor,
entrevistamos a advogada e sócia do Escritório Coimbra & Chaves Advogados,
Paula Chaves Coimbra. Atuante no mercado de aquisições e fusões (M&A),
direito societário e contratos, é formada em LLM pela Northwestern School of
Law (EUA), Mestre em Direito pela Faculdade Milton Campos e MBA pela Fundação
Dom Cabral.
Pauta Chaves é também, vice-presidente de
M&A, no Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (IBEF-MG), entidade
criada em 1985 que reúne e promove encontros e eventos, para o desenvolvimento
de profissionais e executivos da área financeira.
1- O que significa exatamente esse cenário de aquecimento do mercado de fusões e aquisições, mesmo com as incertezas geradas pela pandemia?
O aquecimento do mercado de fusões
e aquisições é um reflexo de diversos fatores, incluindo a alta liquidez devido
às baixas taxas de juros, os desafios que a pandemia trouxe ao crescimento
orgânico de empresas e o represamento de operações suspensas ou adiadas no ano
de 2020. Por mais que a pandemia ainda gere incertezas, o avanço e a aparente
eficácia da vacinação e as perspectivas de recuperação da atividade econômica –
tanto a nível nacional como mundial – têm trazido confiança aos investidores e
às empresas que caminham no sentido da consolidação de seus respectivos
mercados.
2-Segundo pesquisa da KPMG, mais da
metade das transações foram com empresas de tecnologia. Na sua avaliação, essa
deve ser uma tendência no mercado M&A?
As transações com empresas de
tecnologia são, sim, uma tendência. Tanto no Brasil quanto no exterior, o setor
tem crescido exponencialmente, o que se reflete nas movimentações vistas nos
últimos meses, algumas envolvendo números bastante expressivos.
3-O fato de a pandemia forçar
muitas empresas a se reinventar e passar por uma profunda transformação
digital, influenciaram o mercado na preferência pelas empresas de
tecnologia?
As inovações tecnológicas e
digitais, que já vinham mostrando força frente a setores tradicionais, foram
colocadas à prova durante a pandemia e aprovadas com louvor, aumentando
significativamente o seu alcance aos consumidores, tanto intermediários quanto
finais, e, consequentemente, o valor das mercado empresas que as desenvolvem, o
que, por óbvio, renovou a atenção dos investidores e dos grandes players do
setor.
4-Quais os outros segmentos
econômicos estão sendo contemplados com aumento na procura e no número de
transações?
Além do setor de tecnologia, também
estão sendo contemplados com um aumento na procura e no número de transações os
segmentos de saúde, varejo, e-commerce e educação, que demonstraram resiliência
e boa capacidade de geração de caixa apesar dos desafios trazidos pela
pandemia.
5-Você avalia que essa retomada
indica a volta da confiança na economia do Brasil, principalmente com o aumento
da vacinação?
A retomada das operações indica,
sim, confiança dos investidores e empresários na recuperação da economia
nacional. E, além disso, demonstra que o mercado e os consumidores têm reagido
positivamente a movimentos de consolidação de determinados setores, o que
impulsiona ainda mais as empresas que vem buscando este resultado.
6-Qual a sua expectativa para 2022?
As eleições, que muitas vezes geram incertezas no mercado, podem afetar o
crescimento do setor?
Não há como
negar que as incertezas trazidas pelas eleições presidenciais em 2022 causarão
um certo impacto no mercado de fusões e aquisições. Trata-se de um efeito
natural e esperado. Contudo, não acreditamos que os impactos resultarão em uma
queda significativa no número de transações e no apetite dos investidores. As
oportunidades continuarão existindo e a perspectiva é que as empresas em busca
de consolidação de seus respectivos setores contribuam para que o mercado
permaneça aquecido.
Paula Chaves, sócia fundadora do Escritório Coimbra & Chaves Advogados.
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