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Onde a geração Z investe


Por Sofia Gancedo*

O último Anuário de Retorno de Investimentos Globais do Credit Suisse, entre outras coisas, apresenta um raio-x de alternativas de financiamento para a Geração Z, aqueles que nasceram entre 1995 e 2000. Muitos desses jovens serão a força de trabalho do futuro próximo e, portanto, os principais motores das economias.

 

Uma das primeiras conclusões do relatório é que investir em ações e títulos - ferramentas seguras e estáveis para a criação de riqueza - não vai gerar retornos tão positivos para os jovens que fazem suas primeiras investidas no campo profissional. Enquanto a Geração X e a Geração Y conseguiram obter retornos reais médios de cerca de 5% em ações e 3,6% em títulos, a Geração Z pode esperar somente retornos anuais de 2%.

 

De acordo com o Fórum Econômico Mundial (WEF), um dos motivos dessa hipótese é a super-representação dessa faixa etária em empregos na indústria de serviços, como restaurantes e varejistas, que foram bastante afetados pela pandemia. Devido aos longos períodos de desemprego, diz o WEF, a Geração Z perderá anos de treinamento buscando experiências profissionais imediatas, o que prejudicará sua capacidade de avançar quando se trata de ingressar na carreira profissional.

Embora as estratégias de investimento mais tradicionais possam estar falhando perante às gerações mais jovens, há evidências de que elas estão começando a trilhar seu próprio caminho. Um exemplo disso é o investimento no varejo, em que as gerações Z e Y possuem até 25% do mercado de ações. A faixa etária também está impulsionando o desenvolvimento de investimentos sustentáveis, de acordo com o Instituto Morgan Stanley para Investimentos Sustentáveis.

Crescer em um período de mudanças tecnológicas, ecológicas e sociais pode significar que as gerações mais jovens estão menos presas ao passado. O que nos coloca em uma era de busca por investimentos inovadores.

 

Neste contexto, o crowdfunding é uma boa opção para as gerações mais jovens que procuram investir por diversos motivos. Enquanto os Millennials e a Geração X tendem a destacar o crescimento do capital e complementar a aposentadoria como principais prioridades de investimento, para a Geração Z, levantar capital para pagar, por exemplo, a educação costuma ser mais importante.

 

Isso significa que o que essas gerações procuram frequentemente é desempenho e segurança, em vez de liquidez. Adicionar bens imobiliários às suas carteiras faz todo o sentido nesta estrutura, uma vez que fornece ativos globais diversificados, retornos estáveis de longo prazo e de moeda. Tudo isso sem exigir muito capital inicial.

 

Aproximando a lupa para a realidade nacional, o interesse do público jovem em adentrar ao universo dos investimentos mostra-se cada vez maior. O Raio X do Investidor Brasileiro, da ANBIMA, identificou maior diversificação de carteiras de investidores ‘Z’ e ‘milleniuns’, e aponta que a “Geração Z”, totalmente digitalizada, é a que mais investiu e arriscou durante a pandemia. A pesquisa revelou que, em 2020, 50% da geração ‘Z’ economizaram. Esse também foi o grupo geracional que mais conteve seus gastos, 27,7%, ante 20,3% do grupo mais populoso, os milleniuns.

 

Na economia, para além da inflação, da dívida externa e de todo o tipo de incertezas, também será necessário colocar uma lupa na compreensão dos grupos de idade mais jovens para empoderá-los como atores relevantes numa economia que deve se estabilizar.

 

*Sofía Gancedo é COO da Bricksave e licenciada em Administração de Empresas pela Universidade de San Andrés e mestre em Economia pela Eseade.

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