Em ano de forte recuperação, mercado global de luxo deve crescer 29% em 2021, projeta Bain & Company
Setor deve movimentar 283 bilhões de euros
neste ano, impulsionado pela retomada do consumo local, especialmente nos
mercados da China e dos EUA
O mercado global de bens pessoais de
luxo voltou com força, experimentando uma recuperação em forma de “V” em 2021,
avalia um estudo inédito feito pela Bain & Company. Após uma forte
contração em 2020, o mercado de luxo deve crescer 29% nas taxas de câmbio atuais,
atingindo 283 bilhões de euros até o fim de 2021. Isso representaria um aumento
do tamanho do mercado em 1% em comparação com os mesmos patamares de 2019. Para
os próximos anos, a Bain estima que esse mercado pode chegar a 380 bilhões de
euros até 2025, com um crescimento sustentado de 6% a 8% ao ano.
Os dados fazem parte da 20ª edição do
estudo "Luxury Goods Worldwide Market Study Fall 2021", da Bain &
Company em colaboração com a Fondazione Altagamma, fundação da indústria
italiana de fabricantes de bens de luxo.
O relatório aponta que o mercado geral
de luxo - que engloba bens e experiências de luxo mais amplas - ainda está
abaixo dos níveis de 2019, atingindo aproximadamente 1,1 trilhão de euros. Isso
ocorreu por conta da mudança das características de consumo menos voltados para
experiências (como viagens, restaurantes e hospedagens) e mais direcionados
para bens físicos (ítens para o lar, jóias, artes, entre outros), o que
compensa apenas metade da lacuna em relação aos patamares de dois anos
anteriores.
O mercado de luxo foi impulsionado pela
retomada do consumo local, especialmente nos mercados da China e dos EUA, e
pela força consistente do canal online. Os clientes mais jovens (Geração Y e
Geração Z) continuam impulsionando o crescimento e, juntos, devem perfazer 70%
do mercado até 2025. As mudanças no mercado se aceleraram e as marcas de luxo
estão modificando sua atuação de fabricantes de produtos para companhias com
objetivos específicos, com o foco em uma sociedade mais sustentável, diversa e
igualitária.
“As mudanças na indústria de luxo nos
últimos 20 anos foram notáveis, e o surgimento da crise da covid-19 veio como
um renascimento para as marcas de luxo”, disse Claudia D’Arpizio, sócia da Bain
& Company e autora do estudo. “Onde antes tudo se resumia a status,
logotipos e exclusividade, as marcas de luxo agora são protagonistas em
conversas sociais, impulsionadas por um renovado senso de propósito e
responsabilidade.”
Recuperação impulsionada por dois
principais mercados
Depois dos impactos
causados pela Covid-19, a indústria de luxo voltou a crescer no segundo e
terceiro trimestres deste ano em comparação com o mesmo período de 2019. A Bain
estima que o resultado mais provável para o quarto trimestre seja um
crescimento de 1% em comparação com os patamares de dois anos anteriores, o que
permitiria que 2021 terminasse com um nível positivo.
O estudo ressalta que esse crescimento é
puxado pela China, onde o tamanho do mercado dobrou desde 2019, bem como um
desempenho sólido nos EUA, localidade onde um novo mapa de luxo está emergindo
rapidamente com maior importância de cidades secundárias e áreas menos urbanas.
As Américas são agora o maior mercado global de luxo, representando 89 bilhões
de euros (ou 31% do mercado global). A China, por sua vez, agora representa 60
bilhões de euros (ou 21% do mercado mundial). Além disso, o Oriente Médio foi
outro ponto de destaque, com Dubai e Arábia Saudita liderando o crescimento na
região.
Já em outros mercados, a Europa, o Japão
e o resto da Ásia se recuperaram apenas parcialmente durante 2021 e ainda não
atingiram os níveis anteriores à covid-19. De acordo com o estudo da Bain, seu
retorno está ligado à retomada das viagens globais. O Japão deve voltar aos
níveis anteriores à crise em 2023 e a Europa, em 2024.
“É interessante pensar sobre onde a
indústria poderá estar daqui a 20 anos”, ressaltou Federica Levato, sócia da
Bain & Company e coautora do estudo. “É provável que a crise marque um
ponto de transição do luxo como o conhecíamos - as marcas continuarão a se
redefinir, expandindo sua missão além da criatividade e da excelência,
tornando-se facilitadores de mudanças sociais e culturais.”
Outros pontos destacados no estudo:
O mercado de segunda mão prosperou
durante a crise
A Bain estima que o mercado de luxo de segunda mão (itens usados e seminovos)
disparou, atingindo 33 bilhões de euros em 2021. Isso foi impulsionado pelo
aumento da demanda e uma arena crescente e competitiva. Como efeito de
comparação, o mercado de segunda mão cresceu 65% entre 2017 e 2021, contra um
crescimento de 12% no mercado principal de luxo no mesmo período.
O canal online quase dobrou nos últimos
dois anos
Após um salto de 50% de 2019 a 2020, o mercado de luxo online continua
prosperando, crescendo 27% de 2020 a 2021, para atingir um valor de mercado
estimado de 62 bilhões de euros neste ano. De acordo com a Bain, isso foi
graças à adoção acelerada durante o período da pandemia da covid-19, com a
entrada de novos consumidores. As lojas virtuais controladas por marcas agora
representam 40% do segmento online, ante 30% em 2019. As lojas online e de
marca única combinadas foram os principais canais para a recuperação de 2021 e
liderarão o crescimento no médio prazo.
Aumento da concentração do mercado, mas
ainda espaço para novas marcas
Nos últimos 20 anos, as marcas líderes aumentaram tanto sua participação no
mercado - alcançando atualmente perto de 33% contra 17% em 2000 - quanto seu
tamanho relativo contra outros competidores, que hoje representam até 18 vezes
mais do que a média. Mas a Bain avalia que ainda há lugar novos entrantes
ocuparam um espaço nesse mercado. Essas empresas atualmente representam 2% do
mercado, mas estão experimentando um crescimento duas vezes mais rápido que o
mercado mais amplo, apelando para as tendências de consumo em rápida evolução.
Consumidores focando em produtos em vez
de experiências
Olhando para o mercado mais amplo de luxo, há uma divergência entre bens e
ofertas baseadas em experiências (em particular, móveis, design e boa comida e
vinho) versus experiências como viagens e hospitalidade. No entanto, avalia a
Bain, o desejo em voltar às experiências está em alta, com sua recuperação
dependente principalmente da normalização da viagem.
Marcas de luxo encontram vez em um
cenário global em constante mudança
O universo em expansão de clientes de luxo espera mais do que nunca das marcas.
Muito além dos produtos, eles buscam personalização e alinhamento com seus
valores, voz forte nas questões sociais, e ação e responsabilidade reais no que
diz respeito à sustentabilidade, avalia o relatório.
Sobre a Bain & Company
Somos uma consultoria global que auxilia empresas e organizações a promover
mudanças que definam o futuro dos negócios. Com 63 escritórios em 38 países,
trabalhamos em conjunto com nossos clientes, como um único time, com o
propósito compartilhado de obter resultados extraordinários, superar a
concorrência e redefinir indústrias. Complementamos nosso conhecimento
especializado integrado e personalizado com um ecossistema de inovação digital
a fim de entregar melhores resultados, com maior rapidez e durabilidade.
Com o compromisso de investir mais de
US$1 bilhão em serviços “pro bono”, em 10 anos, usamos nosso talento,
conhecimento especializado e percepção em prol de organizações que enfrentam
atualmente os desafios urgentes relacionados ao desenvolvimento socioeconômico,
meio ambiente, equidade racial e justiça social. Recentemente, recebemos a
classificação ouro da EcoVadis, plataforma líder em classificações de
desempenho ambiental, social e ético para cadeias de suprimentos globais, o que
nos coloca entre os 2% melhores de todas as companhias.
Desde nossa fundação em 1973, medimos nosso sucesso pelo de nossos clientes e temos o orgulho de manter o mais alto nível de satisfação em nossa indústria. Saiba mais em www.bain.com.br e em nosso LinkedIn Bain & Company Brasil.
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