Água Espraiada: aprovação de leilão colabora para diminuir déficit habitacional de São Paulo
*Silvio Luís Sanchez
O déficit de moradias na cidade de São
Paulo, no atual patamar de 360 mil unidades, é um problema que necessita de
solução. Somente com a priorização de projetos que já estão em andamento e com
a construção de novas moradias é possível saná-lo. Há anos existem recursos que
são reservados para esse propósito. Contudo, a burocracia e falta de sintonia
entre os setores públicos resulta na não aproveitamento efetivo dos recursos
possíveis e disponíveis.
Para se ter ideia do potencial para o
enfrentamento desse imbróglio, basta direcionar um olhar mais atento às
operações urbanas. Estes são instrumentos regulamentados pelo Plano Diretor e
aprovados via lei municipal, que estabelecem regras urbanísticas específicas e
incentivos para uma determinada área da cidade. Eles objetivam o
desenvolvimento de regiões por meio da construção de moradias, restauração de
vias e calçadas, implantação de áreas verdes, entre outras intervenções.
Um caso que chama a atenção é da
Operação Urbana Consorciada Água Espraiada (OUCAE), que completou 20 anos em
dezembro. A iniciativa é pioneira na arrecadação de recursos com a venda de
títulos mobiliários (CEPACs) para financiar obras na cidade. Até o momento, a
OUCAE investiu R$ 3,8 bilhões em moradias populares, obras no sistema viário,
canalização de córregos, novas áreas de lazer e desapropriações nos distritos
de Jabaquara, Campo Belo, Itaim Bibi, Morumbi, Vila Andrade e Santo Amaro.
A via parque foi temporiamente
descartada da operação urbana. Esta operação foi criada foi criada pela Lei nº
13.260 de 28 de dezembro de 2001, parcialmente alterada pelas Leis nº
15.416/2011 e nº 16.975/2018 e regulamentada pelo Decreto nº 53.364/2012. Ou
seja, há uma espera de 10 anos para que haja esse investimento tão necessário
para a construção de moradias populares, o que além de favorecer a população,
ajudaria a iniciativa privada a gerar empregos e novos impostos.
Uma boa notícia é que a Prefeitura de
São Paulo foi autorizada pelo Tribunal de Contas do Município (TCM) para
realizar o leilão de títulos de CEPAC da OUCAE, que estava suspenso desde 2020
por conta de questionamentos sobre qual o valor correto para levar os títulos
ao mercado.
Não há um prazo exato para publicação do
edital revisado, mas a recomendação do TCM é que haja um prazo de 15 dias entre
a publicação do edital e a realização do leilão.
De qualquer maneira, representa um respiro
para um momento em que a Cidade de São Paulo atravessa uma crise econômica
agravada pelo longo período de pandemia. Além disso, a efetivação do leilão
permitirá, principalmente, que a OUC Água Espraiada cumpra efetivamente os
objetivos para os quais foi planejada de permitir o crescimento da cidade de
forma sustentável e socialmente justa.
*Silvio Luís Sanchez é engenheiro civil, especializado em gerenciamento de empreendimentos na área de construção civil imobiliária e sócio fundador da MSB Sanchez Construtora e Incorporadora Ltda.
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