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Especialista ensina empresas a conseguirem crédito em meio à crise

Desafio é levantar capital de giro para retomar a lucratividade pré-pandemia e não fechar as portas

Os efeitos da pandemia continuam afetando de forma drástica a economia brasileira: em 2021 cerca de 600 mil empresas fecharam as portas. Em uma tentativa de dar sobrevida aos empresários, o governo brasileiro chegou a criar o programa de empréstimos Pronampe, que auxiliou micro e pequenas empresas a não quebrarem. Porém, o que parecia ser a salvação, acabou se transformando em mais uma dor de cabeça com a longa duração da pandemia, a alta da inflação e escalada das taxas de juros.

Os bancos já projetam um aumento da inadimplência no setor e o governo estuda uma nova forma de evitar o fechamento de mais empresas e o consequente desemprego. “Pequenos e médios empresários aguardam novas medidas de socorro para não encerrarem as atividades, mas a injeção de capital para quem já está endividado vai na contramão do mundo financeiro”, afirma o especialista em gestão empresarial e recuperação de empresas e CEO da BeYou Education, Ricardo Souza.

Diante desse cenário, conseguir crédito é uma das maiores dificuldades para o empresariado brasileiro sobreviver. “Sem o pagamento das dívidas causadas pelo empréstimo, o empresário fica com seu score baixo, o que não dá acesso a crédito a menos que seja com juros altíssimos e que se tenha um negócio muito lucrativo que sirva como garantia”, explica.

Fundos de investimento podem auxiliar no retorno
de lucros a níveis pré-pandemia (Imagem: Freepik)

O especialista aconselha que as empresas que já foram lucrativas, mas que necessitam de crédito, busquem os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs). “Muitos se perguntam como fazer seu negócio girar se apenas recebem pagamentos parcelados de clientes. Nesses casos, os fundos fazem o papel de um banco e antecipam o seu recebimento sob o valor de uma taxa”, explica. “Eles não se preocupam com o score, pois fazem a sua própria avaliação de acordo com aquilo que a empresa pode garantir. Se você tem uma casa de R$ 1 milhão, por exemplo, e a coloca como garantia com juros baixíssimos (algo como 1% ao mês), o fundo te empresta R$ 700 mil e faz o seu negócio girar”, completa.

Souza afirma que os FIDCs estão interessados em emprestar dinheiro a empresas com potencial de pagamento dos juros e em ideias e negócios já testados. “Se uma empresa de eventos precisa de capital e ainda não tem, mas apresenta os shows já confirmados que vai receber, ela consegue assinar o contrato de empréstimo com crédito dado pelo fundo”, exemplifica. “Também há outras formas de provar quão lucrativa ou rentável é a sua empresa, com um bom plano financeiro e estratégico, com números anteriores à pandemia”.

Para o especialista, outra grande vantagem desse modelo é o fato de que, após pagar o empréstimo, a empresa é toda sua, diferentemente de investidores que podem pegar uma porcentagem do seu empreendimento a cada investimento realizado. “O fundo vive de juros, ele só quer saber se você é um bom pagador de parcela. Por isso, se o empresário só precisa de um valor para girar o seu negócio e voltar a evoluir, o ideal é olhar para os fundos de investimentos”, pontua. “Basta ter um plano bem elaborado ou buscar profissionais que possam realizar essa intermediação pela sua empresa, para que confiem em você. Bens materiais como imóveis, carros e contratos já fechados são garantias reais e podem dar o desafogo que sua empresa precisa para voltar ao rumo”, reforça o CEO da BeYou Education.


Ricardo Souza é especialista em gestão empresarial e
recuperação de empresas e CEO da BeYou Education

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