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Casos de transfobia perpetuam ideia de inferiorização de pessoas trans, diz psicóloga

Linn da Quebrada (Foto: Reprodução/ TV Globo)

Cenas em que pessoas trans e travestis são desrespeitadas e até mesmo agredidas física e verbalmente têm se repetido inúmeras vezes e ganhado repercussão nas últimas semanas. No entanto, a transfobia se manifesta em diferentes espaços, seja diante das câmeras, com audiência nacional, seja em espaços menos monitorados, como nas salas de aula pelo país afora.

Uma jovem decidiu não retornar às aulas presenciais após ser espancada em uma escola da rede pública paulista, em Mogi das Cruzes. Um episódio de violência se repetiu 11 dias depois em Pernambuco quando duas estudantes se direcionaram à fila da merenda formada apenas por meninas.

No reality show da Globo, o estudante de medicina Lucas tratou, mais uma vez, Lina, conhecida pelo nome artístico Linn da Quebrada, no masculino durante a festa do líder do BBB22. O episódio transfóbico é apenas um entre muitos que ocorrem na casa mais vigiada do Brasil. Desde o início do programa, em janeiro deste ano, participantes, como a miss Eslovênia e a médica Laís, já se dirigiram à cantora utilizando termos no masculino, ainda que Lina se apresente no feminino e tem o pronome “ela” tatuado na testa.

Em um programa de podcast, do Tarja Preta FM, apresentado por Robert Kifer, Arthur Petry, Bianca e Kaio D’Elaqua, outra cena de transfobia se repete. Os apresentadores tecem comentários transfóbicos contra Lina e chegam a chamar a atriz de “troço”.

Para a psicóloga Liliana Lopes, o discurso transfóbico perpetua a ideia de inferiorização e revela o menosprezo contra pessoas trans na sociedade. A psicóloga aponta que os números apresentados pelo Grupo Além do Arco-Íris/Afroreggae ilustram o cenário que reflete na educação: 72% da comunidade não-cis sequer possui o ensino médio completo e 56% o ensino fundamental.

Casos que chocam o público em uma programação com repercussão nacional conseguem estampar perfeitamente o panorama grave de preconceitos sofridos pela população trans no Brasil. Liliana Lopes destaca que a violência em muitos casos são tentativas de apagamento da existência da pessoa trans.

“Lina foi vítima de atitudes transfóbicas, em ambos os casos, que tentaram violar a sua própria existência e o seu direito de existir como pessoa trans. Essa violência é reproduzida em uma sociedade heteronormativa que ainda não conseguiu lidar com as diversas concepções de ser”, completa Liliana Lopes.

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