Segurança da informação: como evitar que os sites sejam alvos de hackers
Administrador orienta como as empresas podem
reduzir o risco de invasão em seus sistemas
Os e-commerces
de grandes marcas vêm sendo alvos frequentes de ataques cibernéticos. Na ação
mais recente, os hackers invadiram os sites Americanas.com, Submarino e
Shoptime que ficaram fora do ar durante quatro dias consecutivos. Em um
comunicado oficial, o grupo Americanas S.A., dono das três marcas, informou que
não há evidência de comprometimento das bases de dados e reforçou, ainda, que a
segurança das informações é sua prioridade.
No último ano, outras empresas como IFood,
Renner, CVC, JBS e até o Sistema Único de Saúde (SUS) também tiveram seus
sistemas invadidos e, em alguns desses casos, houve vazamento de informações
sigilosas, bem como prejuízos financeiros com os ataques de ransomware (sequestro
digital), nos quais os criminosos pedem um valor como resgate pelos dados da
empresa que foram criptografados.
Segundo Adriano Penedo de Athayde
Vallim, administrador e membro do Grupo de Excelência de Estudos em Tecnologia
Digital – GEETD, do Conselho Regional de Administração de São Paulo – CRA-SP,
esses ataques podem prejudicar a imagem da marca, porque além de retirar o site
do ar, o invasor pode fazer o defacement
na página inicial (que consiste na modificação do conteúdo e
estética exibido em um site), com a publicação de informações alheias.
“Podem ocorrer também danos financeiros
diretos como a venda e envio de produtos por preços menores ou através de
pagamentos com cartões roubados ou gerados. Nestes casos, após o objetivo do
ataque ter sido alcançado, as informações da vulnerabilidade do ambiente ou do
controle de pagamentos são divulgadas em grupos e comunidades do crime digital
e, consequentemente, serão realizados dezenas ou até centenas de ataques,
inviabilizando os custos com perícias e processos para apuração de autoria”,
comenta Vallim.
Outro impacto relevante é o roubo e
comercialização de informações dos usuários na Dark Web. “Muitas vezes, os usuários utilizam a
mesma senha para tudo. Então os dados e acessos de um site podem servir para
outros ataques e invasões nas contas desses titulares”, explica o
administrador.
Vulnerabilidade digital
A vulnerabilidade do país em relação à
cibersegurança foi apontada em pesquisas, como a realizada pela consultoria
alemã Roland Berger, que identificou o Brasil como o 5º país que mais sofreu
crimes cibernéticos em 2021. Já a empresa holandesa Surfshark afirmou que, no
que diz respeito a vazamento de dados, o País foi o 6º mais atingido por esse
tipo de ocorrência.
Vallim comenta que os entre os motivos
que tornam o Brasil alvo do crime digital estão o elevado número de instalações
de softwares piratas, que podem estar vulneráveis por falta de atualização ou
por terem algum malware
embarcado; a falta de maturidade das empresas em segurança da informação,
afinal, são poucas as que consideram a cibersegurança como prevenção; e a
vulnerabilidade gerada pelo perfil do brasileiro, que os criminosos são
habilidosos em explorar.
“Ataques que parecem inocentes, como o phishing (e-mail enviado
como isca para o usuário clicar em algum link), podem ser a porta de entrada
para um grande golpe. O brasileiro tem o hábito natural de considerar que todas
as mensagens são bem intencionadas e, aproveitando dessa característica, os
indivíduos se aproximam, fazem perguntas ou comentários inocentes, mas que
coletam informações extremamente relevantes”, alerta o integrante do GEETD.
Para mudar esse cenário, a
conscientização sobre a segurança da organização precisa ser top-down, ou seja, partir da
alta hierarquia, como o CEO ou presidente da empresa. “Quando a segurança da
informação vem como premissa para assegurar a continuidade do negócio, todos os
envolvidos que poderiam ser explorados pelos criminosos passam a tomar decisões
conscientes”, afirma o administrador.
Como as empresas podem se proteger?
Na opinião de Vallim é importante
entender que nada é 100% seguro ou invulnerável e que quanto mais complexo for
o ambiente ou a gestão, maior será a probabilidade de ter
vulnerabilidades.
A partir disso, uma forma de reduzir o
risco é manter o ambiente sempre atualizado, pois isso geralmente elimina as
fragilidades pré-existentes. “Não utilize softwares
piratas, cracks
(removedores de licença de
software) e keygens
(geradores de senha), pois eles comprometem o sistema e geram vulnerabilidades
intencionais. Mantenha a documentação de versionamento dos softwares e dos dispositivos
presentes no ambiente para auxiliar no monitoramento, pois ao lê-lo será
possível verificar se aquela versão ainda é a melhor ou se existe algum patch (atualização) a ser
aplicado”, sugere.
É recomendável, também, a terceirização
de testes de segurança. “A contratação de Análises de Vulnerabilidade e de
Pentests, pode ser a peça chave para manter o ambiente mais seguro. No entanto,
não adianta contratar uma empresa de baixo custo, pois ela poderá apresentar
resultados automatizados com grande volume de ‘falsos positivos’. O
investimento em segurança da informação e inteligência cibernética deve ser
feito com planejamento, porque ganhar com barganhas ou com a contratação de
empresas não especializadas pode resultar em um impacto superior à economia
realizada”, elucida o administrador.
No caso de algum incidente, é importante
fazer a preservação das provas para uma futura perícia. Muitas vezes, no
desespero em restabelecer o serviço, as evidências que poderiam apurar a
autoria do ataque são destruídas.
“Os ataques geralmente ocorrem em
determinados segmentos do mercado, no qual o modus
operandi é o mesmo, mudando apenas o alvo. Então, caso a empresa
não possa contratar serviços de Inteligência Cibernética, é interessante ter networking com outras
organizações que atuam no mesmo segmento, para que possam se manter atualizadas
sobre os ataques detectados, uma vez que alguns podem passar despercebidos”,
conclui Vallim.
Sobre Adriano Penedo de Athayde Vallim: Administrador de Empresas, com ênfase
em Comércio Exterior, pela Faculdade Piratininga FAPI; Perito Judicial em
Forense Computacional; Perito na 4º Delegacia de Delitos Cometidos por Meios
Eletrônicos, em São Paulo; e Mediador e Conciliador Judicial, pelo Conselho
Nacional de Justiça - CNJ. Pós-graduado em Segurança da Informação, pelo ITA;
MBA Information Technology
Applies to the Management of Strategic Business, pela FGV;
Segurança da Informação, pela Thunderbird
School of Global Management, USA. Membro do Grupo de Excelência de Estudos em Tecnologia
Digital - GEETD, do CRA-SP. Professor em cursos de
pós-graduação e MBAs na Universidade Mackenzie e na Universidade Paulista.
Sobre o Grupo de Excelência de Estudos
em Tecnologia Digital - GEETD, do CRA-SP - Fundado em 2017, o Grupo tem como
objetivo estudar as inovações e transformações tecnológicas que permitam
atender às crescentes demandas de mobilidade, conectividade e segurança de
dados na gestão pública e privada.
Sobre o CRA-SP: O Conselho Regional de Administração de São Paulo – CRA-SP é uma autarquia federal, criada em 1968 (três anos após a regulamentação da profissão de Administrador) que, atualmente, reúne cerca de 65 mil registrados, entre pessoas físicas e jurídicas. Embora suas principais funções sejam o registro e a fiscalização do exercício profissional nas áreas da Administração, o CRA-SP tornou-se referência na qualificação de profissionais, ao disponibilizar, de forma gratuita, palestras e eventos em um ambiente onde o conhecimento é tratado como uma poderosa ferramenta, capaz de promover profundas mudanças sociais. Atualmente, o CRA-SP é presidido pelo Adm. Alberto Whitaker.
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