O carnê do crediário voltou, só que agora é digital
*Por Carlos Eduardo Benitez
O carnê do crediário, quem diria, voltou
ao mercado. Só que agora com nova roupagem e totalmente digital, oferecendo
mais uma oportunidadede meio de pagamento para os consumidores e uma forma de o
varejo incrementar suas vendas.
Com grande parte do universo de clientes
com problemas ou dificuldades de crédito atualmente no Brasil, por excesso de
endividamento, o varejo viu, no pagamento via carnê digital, uma maneira de
fazer o setor voltar aos tempos áureos. Boa parte dos consumidores teve seus
limites reduzidos mesmo utilizando o “dinheiro de plástico” de maneira
muito cuidadosa, como para contas do dia a dia da família. Gastos fora do
essencial, como por exemplo, comprar um laptop ou uma TV nova, podem agora ser
realizados com o sistema que leva no mercado financeiro o nome de “Buy Now Pay
Later” ou BNLP, o que, numa tradução livre para o português, significa “Compre
Agora e Pague Depois”.
Esta modalidade representa, em quase
todos os aspectos, a mesma ideia do carnê, aquela pequena caderneta que
sintetizava o crediário em que o comprador acertava pagar para a loja em
parcelas pelo produto que levou. Só que no BNPL o quem está efetuando a compra
não precisa nem ser cliente de uma instituição financeira, nem ter um limite
pré-estabelecido pelos antigos sistemas para efetuar suas compras.
A novidade ainda permite que pessoas que
não tem acesso a um cartão de crédito consigam fazer uma compra parcelada. O
pagamento das parcelas pode ser feito por boleto, transferência bancária e
até Pix, o que faz o comprador evitar as longas filas do passado na época
do auge dos carnês.
A aprovação do crediário era efetuada
pela própria loja e o varejista se incumbia da análise do risco da negociação -
muitos equívocos foram cometidos por empresas do ramo, que não tinham o DNA do
mercado financeiro. Mas o cenário agora mudou. Nós da BMP, estamos estruturando
e oferecendo o Buy Now Pay Later para gigantes do setor do varejo com o
ecossistema de crédito digital adaptado às plataformas ou pontos de venda
físico destes varejistas, sendo que a análise de risco é feita por nossa
instituição de maneira instantânea. Essa operação, que uma instituição
financeira como a nossa tem maior capacidade de realizar, facilita em muito a vida
tanto do varejista quanto a do comprador.
A The Ascent, uma empresa que presta
serviço de análise de produtos financeiros, no segundo semestre de 2020,
entrevistou dois mil norte-americanos sobre seus hábitos de comprar agora e
pagar depois. Ao atualizar esse levantamento, no ano passado, os números de
adeptos cresceram quase 50%.
Na Europa, o crediário digital também
avança rapidamente. No Reino Unido, segundo levantamentos do mercado, cerca de
quatro em cada 10 britânicos afirmam que adotam essa modalidade. Globalmente,
em 2020, 2,1% das compras feitas em e-commerces usou o Buy Now Pay Later como
forma de pagamento. A previsão é que essa taxa dobre e chegue a 4,2% até
2024.
Também em 2020, as compras feitas em
lojas online ao redor do mundo usando o BNPL somaram quase US$ 100 bilhões. Isso é só o começo de um
novo momento para o acesso ao crédito para financiar compras. Se o Bank of
America estiver certo, o mercado de soluções “Buy Now Pay Later” pode crescer
de 10 a 15 vezes até 2025, processando entre US$ 650 bilhões a U$
1 trilhão em transações.
O Brasil, sempre muito atento a
novidades tecnológicas, certamente seguirá este mesmo caminho. Ainda mais em um
ao de Copa do Mundo, que mexe com o coração dos brasileiros, o faz pensar em
trocar de aparelhos eletrônicos e é tradicionalmente um período de bonança e
alegria para o comércio.
*Carlos Eduardo Benitez é CEO da BMP.
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