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Aquisição e participação em empresas: como reconhecer um bom negócio

Victor Felipe Oliveira

CEO da 3F

 

O investimento em empresas fora da Bolsa de Valores no Brasil resiste ao cenário de crise econômica mundial pós pandemia. Esse mercado de participação no capital privado das companhias já amadurecidas, conhecido como private equity, segue sendo uma forma de investimento eficaz no mercado nacional, principalmente por sua capacidade de grandes retornos de investimento.

Operações de equity são ferramentas utilizadas por investidores para tentar atingir retornos muito acima do que é possível, por meio de investimentos de renda fixa. Quando você compra equity de uma empresa, você passa a ser um dos donos dela. Esse investimento nada mais é do que a compra de empresas (ou parte dela) já estabelecidas, com o objetivo de melhorar sua gestão e alavancar seus negócios, para receber pagamento de dividendos, uma possível venda futura da participação ou fazer a abertura de capital da empresa.

Ao longo de minha carreira, adquiri, investi e vendi diversas empresas, realizando um grande trabalho de gestão nos mais variados negócios. Um bom exemplo foi o trabalho realizado junto ao Athletic Club. O time de São João Del Rei/MG se transformou em Sociedade Anônima do Futebol (SAF) há quase um ano, quando a 3F adquiriu 49% de participação no controle do futebol do clube.

Trabalhamos fortemente na reestruturação do clube, que já era bem organizado, sem dívidas e com um trabalho relevante nas categorias de base. A 3F entrou com recursos que foram fundamentais para seu crescimento. Investimos na questão empresarial, na gestão de recursos e, principalmente, na imagem do Athletic para, assim, atrair atletas importantes para o grupo. Ficamos em terceiro lugar no Campeonato Mineiro, melhor classificação entre os times do interior do Estado. E, em julho deste ano, fizemos a venda de nossa participação, com um retorno 10 vezes superior ao que aplicamos.

Períodos eleitorais

A instabilidade do mercado de ações no Brasil, sobretudo em períodos eleitorais, também é um fator que alavanca as operações de private equity. Nesse cenário, o investidor fica menos exposto às oscilações do mercado de ações. O investimento direto está menos suscetível à volatilidade do mercado, muitas vezes provocada por uma percepção de risco que nem sempre existe.

Operações em equity, com a venda de percentual de participação, mas que permita a manutenção do controle da empresa pelos atuais donos, com mais de 50% das ações, pode ser um cenário interessante para empresas que precisam de uma injeção de recursos para alavancar seus negócios, reestruturar dívidas ou contratar novos talentos.

Por isso, sempre me perguntam: como identificar uma empresa para compra?

1 - Entender o momento

No mundo dos negócios, “time” e “feeling” são preponderantes. Conhecimento adquirido e experiência são pontos fundamentais para isso. Os negócios são dinâmicos. É preciso entender a hora de comprar e, depois, de vender. Desenvolver essa habilidade é fundamental para quem deseja entrar nesse processo. Analisar cenários e se valer de estudos/artigos são experiências sempre muito válidas.  

2 – Quanto a empresa realmente vale?

Uma parte sensível e importante do processo é o valuation, o cálculo de valor da empresa. Sempre que há possibilidade de venda de uma empresa, ou de uma participação, algum investimento, fusões e aquisições, o valuation é indicado.

O processo de cálculo do valor da empresa reúne todo o patrimônio líquido da empresa, incluindo estimativas futuras. Há especialistas nisso, que costumam ser uma boa opção, a fim de manter o processo neutro e profissional.

O empresário deve avaliar a capacidade de caixa desse novo negócio, para analisar se consegue, de fato, fazer a empresa crescer. Deve-se fazer uma apreciação minuciosa da empresa, em questões de tributos, fiscal, financeiro, patrimônio e situação trabalhista.

 E, uma coisa é o que uma empresa pode valer. Mas o que importa mesmo é o que o mercado está disposto a pagar. É fundamental ter sabedoria para definir esse valor, sob risco de perder uma boa oportunidade de fazer negócio. O importante é diminuir os riscos. Isso porque a empresa que gera R$ 10 mil ou R$ 1 milhão dá a mesma dor de cabeça para o gestor.

 

 

3 – Melhor time

As pessoas são o principal capital de uma empresa. Por isso, busco sempre investir na equipe. Acredito ser fundamental que os colaboradores tenham valores e missões alinhados aos meus e da empresa. Em seguida, treinamos para o desempenho da função propriamente dita.

Saber que conto com uma equipe muito eficiente e da minha confiança me permite inovar e ousar nas ideias. Assim que vislumbramos uma possibilidade de equity, nosso time entra em campo e atua em diversas frentes, como no jurídico, financeiro e administrativo, para que eu consiga entender mais a realidade de cada negócio e saber o que realmente valerá a pena.

Então, meu último conselho: cerque-se de pessoas de confiança, que conhecem o mercado e tenham prática na execução de ações desse porte. 

 

Sobre Victor Felipe Oliveira:

Victor Felipe Oliveira é CEO do Grupo 3F, holding de investimentos que engloba um projeto educacional, o Colégio Turma Brasil; a WE TASK; a F3 Mineração; a Urbaville Loteadora; a VGX Energy (energia fotovoltaica); a VIGAX Hangar (hangaragem e manutenção) e a VAIP (som, iluminação e estrutura complexa para grandes eventos privados e corporativos).

Formado em Administração de Empresas pela Faculdade ISEIB Belo Horizonte, com MBA em Finanças e Controladoria, o empresário iniciou 2022 com novos planos e focado na busca por empresas que tenham potencial de crescimento e capilaridade de expansão para investimento, com o objetivo de melhorar a gestão e alavancar os negócios para uma possível venda futura de participação.

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