Comentários sobre a reunião do COPOM (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, que ocorre dia 26/10
* Entrevista com Mariana Pulegio - Especialista
em Investimentos na WIT Invest
Mariana Pulegio - Especialista em Investimentos na WIT Invest/Divulgação / WIT
- Quais as
expectativas para a próxima reunião do COPOM, dia 26/10? É esperado que o
Banco Central do Brasil mantenha a taxa básica de juros no patamar de
13,75%? Você acredita que seja necessário algum ajuste?
Para a próxima reunião
do COPOM, analistas esperam que o Banco Central mantenha a taxa básica de juros
em 13,75%. O ambiente inflacionário segue pressionado. Por esse motivo,
acredita-se que nesse momento o Banco Central deve manter sua taxa básica para
conter a inflação.
- E no caso de
se manter em 13,75%? Existe um movimento positivo em ações de varejo e também
nos fundos imobiliários. Seria uma retomada destes setores?
O varejo em si
apresenta uma maior sensibilidade ao mercado de crédito. A Selic saiu de 5,25%
em agosto de 2021 para 13,75% no mesmo período de 2022. E toda vez que existe
um aumento, estamos falando de uma política contracionista que de fato não é
positiva para o setor de varejo. Quando existe uma expectativa, como é o caso
de parar com os aumentos da taxa de juros, esse setor se beneficia.
Tendo em vista que a
redução da inflação favorece o bolso da população, pois os juros ficam mais
baratos, as pessoas ficam mais propensas a consumir produtos e serviços. Por
isso, setores como varejo podem ser que possuem perspectivas positivas uma vez
que se beneficiam de juros mais baratos.
- Quando você
acredita que deve se iniciar o ciclo de queda de juros no Brasil? E quais
os impactos previstos nos investimentos?
O Banco Central sempre
utiliza como base a curva de juros do Boletim Focus, por isso acredita-se que a
taxa Selic comece a cair entre o meio do ano que vem para o final do ano.
Investimentos pré-fixados se beneficiam, visto que os investidores travaram uma
taxa a patamares atuais rendendo cerca de 1% ao mês. Porém investimentos
pós-fixados irão acompanhar a queda da Selic, uma vez que sempre irão
acompanhar. O Brasil dá sinais de que está no fim do seu ciclo de aperto
monetário.
- O BC vai
conseguir vencer essa batalha contra a inflação?
As projeções do Banco
Central esperam uma inflação de 6,8% em 2022, enquanto para 2023 a expectativa
é de 4,6% e 2,7% para 2024, sinalizando um IPCA dentro da meta no ano que vem e
abaixo do centro da meta daqui a 2 anos. Observando essas projeções, espera-se
que em dois anos possamos ver inflação abaixo da meta, caso os dados e
projeções atuais do Banco Central se concretizem.
- A deflação e
o desempenho do PIB estão relacionados com o corte dos impostos e pacote
de auxílios. Como você vê o cenário a partir de janeiro de 2023?
A projeção do mercado
financeiro para o crescimento econômico de 2023 de fato está com perspectivas
mais positivas. Segundo o Boletim Focus divulgado dia, 17/10, o mercado espera
um crescimento de 0,47% para o país para 2023. Ter um aumento no PIB reflete no
aumento da economia como um todo, por isso esse cenário otimista é muito
positivo.
- Quanto a
alta de juros nos EUA impacta o mercado do Brasil? Pode contribuir com o
cenário brasileiro, visto que o Brasil está encerrando o ciclo de alta?
Em março, o FED começou
seu processo de alta de juros nos Estados Unidos, com o intuito de combater a
inflação disparada. Esse padrão é considerado muito alto para os EUA, visto que
o país não está acostumado com inflação.
E esses impactos do
aumento dos juros americano pode ser percebido aqui no Brasil, no câmbio. Com
os juros nesses patamares, os Estados Unidos tendem a atrair mais
investimentos, o que pode significar a saída de países emergentes como o Brasil
para investimentos nos EUA com taxas atrativas. Uma consequência seria o
aumento do dólar frente ao real.
Em resumo, quando os
juros sobem, os títulos emitidos pelo Tesouro dos EUA se tornam ainda mais
vantajosos, o que gera um fluxo de investimento maior.
- A tendência
é de termos inflação e juros altos até quando nos EUA e Europa?
No cenário
internacional, o destaque foi a inflação nos EUA e na Zona do Euro. Na Zona do
Euro, a inflação bateu um novo recorde e ultrapassou a marca de 10% em 12
meses.
O conflito entre a
Rússia e a Ucrânia aceleraram o processo de alta de juros na Europa. A
dependência da Europa de combustíveis importados é um dos fatores principais
que vieram colaborar com o aumento dos preços. É necessário agora, mesmo que a
custos maiores, a produção em seus territórios, buscando assim essa segurança
e, consequentemente, causando um aumento da inflação.
Até o momento não é
possível indicar até que momento teremos o aumento nos juros, visto que ainda
temos uma guerra acontecendo e uma inflação no mundo como um todo.
- E quais os
impactos econômicos globais da renúncia prematura da primeira-ministra do
Reino Unido, Liss Truss? O que pode impactar no mercado do Brasil?
Ela renunciou porque
perdeu a confiança e a credibilidade. Agora, a missão do Reino Unido é colocar
alguém com pulso mais firme no cargo.
Estamos vivendo um
momento de credibilidade baixa no mundo, a primeira-ministra entrou logo após o
ex-primeiro-ministro Boris Johnson. Nesse momento, a Inglaterra precisa retomar
a crise de confiança.
Além disso, a libra é a
quarta moeda mais relevante nas reservas internacionais dos bancos centrais.
Por isso, quando a libra se desvaloriza vários países perdem dinheiro. Uma
crise de desconfiança em relação à economia do Reino Unido pode ter também
efeitos secundários e adversos sobre a estabilidade financeira mundial.
Sobre a WIT - Wealth,
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