Hidrelétrica Henry Borden completa 96 anos no próximo dia 10 de outubro
Fundação Energia e Saneamento detém e preserva
a documentação histórica da construção da usina, como relatórios, mapas e
fotos.
A hidrelétrica Henry Borden, em Cubatão,
na Baixada Santista, considerada durante muito tempo a maior hidrelétrica do
país e parte de um empreendimento mundialmente pioneiro, comemora 96 anos no
dia 10 de outubro deste ano. A usina teve papel essencial no desenvolvimento do
estado de São Paulo no século passado e foi alvo de bombardeio na Revolução de
1932. A Fundação Energia e Saneamento detém e preserva a documentação histórica
da construção do Complexo Henry Borden -, operado pela Empresa Metropolitana de
Águas e Energia (EMAE), oriunda da antiga Light -, como relatórios, mapas e
fotos, disponíveis a pesquisadores de forma gratuita.
Na primeira metade do século 20, a
hidrelétrica forneceu eletricidade que garantiu o crescimento do parque
industrial paulista e a expansão da urbanização de boa parte da capital e
região metropolitana. A usina integrou um projeto de engenharia que contemplou
a criação de outras estruturas, como o reservatório Billings e o canal
Pinheiros. Hoje, ambos possuem outras funções primordiais na capital, como o
abastecimento de água e controle de cheias.
O complexo Henry Borden, localizado no
sopé da Serra do Mar, utiliza água da Bacia do Rio Tietê, que teve seu curso
alterado para descer a Serra do Mar. Do Rio Pinheiros, a água vai para a
Represa Billings e depois para a Represa Rio das Pedras, reservatório da usina,
percorrendo túneis abertos na serra até a usina em Cubatão. A primeira unidade
do complexo foi inaugurada em 1926 e as demais foram instaladas até 1950.
A Usina Henry Borden integra um
grande investimento da companhia canadense The São Paulo Tramway,
Light and Power Company Limited, a Light, pioneiro no
mundo, e foi a principal obra do Projeto da Serra, a maior hidrelétrica do
Brasil, projetada entre as décadas de 1920 e 1960 para aumentar o fornecimento
de energia elétrica para a capital paulista, que estava crescendo
rapidamente.
O projeto pioneiro teve grande impacto
econômico, social e ambiental, com seus reservatórios e barragens, além de
inversões e canalizações de rios. A usina mudou a paisagem da baixada e
contribuiu para a criação do polo industrial de Cubatão. A região foi escolhida
por ficar entre São Paulo e Santos, pela proximidade com a estrada de ferro da
São Paulo Railway e pelo desnível de 720 metros entre a serra e o nível do mar,
dando força às águas para movimentar as turbinas.
As obras tiveram início em 1925, com
cerca de seis mil operários. A Usina ainda conta, atualmente, com o maquinário
original e com a atuação de cerca de 200 pessoas na operação e manutenção das
instalações do complexo Henry Borden, que integra duas usinas, externa e
subterrânea, que totalizam 889 MW de capacidade. As principais instalações do
Projeto da Serra foram as barragens no Rio Tietê, a retificação do Rio
Pinheiros e a construção das usinas elevatórias no canal, o Reservatório
Billings e a Henry Borden.
Bombardeio na Revolução de 1932
Na Revolução de 1932, que surgiu
de uma crise entre o Estado de São Paulo e o governo federal, resultando em um
grande confronto bélico, uma das táticas usadas pelo Governo Vargas para forçar
a rendição paulista foi interromper o fornecimento de energia, bombardeando a
Usina de Henry Borden, então Usina de Cubatão, na época a maior usina paulista,
responsável pelo abastecimento direto de energia a São Paulo.
O bombardeio tinha o propósito de
pressionar os rebeldes e interromper o abastecimento de energia para as fábricas
adaptadas em indústrias de guerra, prejudicando a produção e o fornecimento das
tropas paulistas. No dia 29 de julho, a usina foi atingida por bombas lançadas
por aviões do governo federal. A Revolução de 1932 durou três meses e a
rendição foi assinada em 1º de outubro, com a derrota dos rebeldes.
Acervo Histórico
A Fundação Energia e Saneamento
desenvolve projetos completos de organização de arquivos, sistematização,
racionalização e recuperação rápida e eficiente das informações contidas nos
documentos arquivados. Coordena a implantação do sistema Enerweb, ferramenta
digital desenvolvida pela Fundação e para gestão de acervos arquivísticos,
bibliográficos e museológicos.
A história da Fundação começa em 1998,
quando as empresas do setor elétrico brasileiro estavam sendo privatizadas e o
governo estadual paulista criou um órgão para preservar a memória e o
patrimônio do gás e da eletricidade no Estado. Em 2004, a Fundação incorporou a
temática do saneamento e surgiu o nome Fundação Patrimônio Histórico da Energia
e Saneamento ou Fundação Energia e Saneamento.
Organização sem fins lucrativos, a
Fundação atua em todo o Brasil, desenvolvendo projetos culturais e educativos
que contribuem para a democratização do acesso ao patrimônio cultural, visando
o fortalecimento da cidadania e o uso responsável dos recursos naturais.
O acervo da Fundação é composto
por mais de 1.600 metros lineares de documentos técnicos e gerenciais, 260
mil documentos fotográficos, cerca de 4.000 objetos museológicos, 50 mil títulos
na biblioteca, além de documentos cartográficos, audiovisuais e sonoros,
reunidos a partir de meados do século 19.
A Fundação guarda também um rico
patrimônio arquitetônico e ambiental. São quatro Centrais Geradoras
Hidrelétricas (CGHs), as usinas Parque de Salesópolis, Rio Claro, Brotas e
Santa Rita do Passa Quatro, algumas com áreas remanescentes de Mata Atlântica,
e dois imóveis urbanos em Itu e Jundiaí.
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