A importância da redução dos juros para o setor industrial
Gino Paulucci Jr.*
A indústria de máquinas
e equipamentos sempre desempenhou um papel crucial no desenvolvimento econômico
do país, fornecendo os meios necessários para o aumento da produtividade,
aprimoramento da eficiência e modernização dos processos produtivos em diversos
setores. No entanto, temos enfrentado desafios significativos com o Custo
Brasil, sendo o mais significativo deles no momento é a elevada taxa de juros,
que trava e limita a capacidade de investimentos e afeta negativamente o
crescimento do setor, que tem enfrentado um processo de
desindustrialização.
A taxa de juros é um
indicador que reflete o custo do dinheiro no mercado financeiro e, quando estão
elevados, o acesso ao crédito se torna mais difícil e oneroso para as empresas,
principalmente para as de menor porte.
Nesse contexto, a
redução dos juros se torna uma medida de extrema importância para o setor
industrial, uma vez que influencia diretamente os investimentos, a produção e a
capacidade de expansão das empresas, que necessitam de recursos financeiros
para estarem atualizadas com as últimas tendências e avanços tecnológicos para
manterem-se competitivas em um mercado globalizado.
Com o juro mais baixo,
as empresas podem obter financiamentos a taxas mais atrativas, o que facilita a
aquisição de equipamentos de última geração. Máquinas modernas oferecem maior
eficiência energética, maior precisão, maior capacidade produtiva e melhores
recursos tecnológicos, o que resulta em produtos de melhor qualidade, redução
de custos e aumento da produtividade.
Além dos benefícios
para as empresas, a queda dos juros também resultaria em um grande impacto
positivo na economia como um todo, visto que o crescimento desse setor estimula
e impulsiona a demanda por mão de obra qualificada, o que pode resultar na
criação de novos empregos. Além disso, o aumento da produção e da eficiência
das indústrias resultaria em maior geração de receitas e impostos, o que
fortaleceria a arrecadação governamental.
As elevadas taxas básicas
de juros que presenciamos atualmente, colocaram os juros de mercado nas alturas
impactando negativamente a renda das famílias e das empresas. Ao analisar os
indicadores recentes de atividade econômica, se observa uma importante
desaceleração. Os investimentos em máquinas e equipamentos, já em queda no
último trimestre de 2022, registraram queda de 6,5% neste início de ano,
podendo comprometer o futuro do crescimento do país.
Para que a redução dos
juros seja efetiva, é fundamental que haja uma política governamental clara e
consistente, de modo a garantir taxas competitivas, a criação de linhas de
crédito específicas e o incentivo à inovação, reduzindo o Custo Brasil. Dessa
forma, a indústria de máquinas e equipamentos poderá desempenhar todo o seu potencial
como impulsionadora do desenvolvimento econômico e tecnológico brasileiro.
Nós estamos passando
por uma transformação digital no mundo e o Brasil tem que acompanhar e pautar a
consolidação de um ambiente macroeconômico favorável aos investimentos produtivos
para a neo reindustrialização e para a formação de parcerias
internacionais, que podem abrir novas oportunidades de negócios. Com taxas de
juros mais atrativas, o país se torna mais competitivo em relação a outros
mercados, incentivando empresas estrangeiras a investirem e estabelecerem suas
operações. Esses investimentos trazem consigo tecnologia, conhecimento e
expertise, fortalecendo e impulsionando a economia nacional.
A redução da taxa SELIC
mais as reformas estruturais em curso, como o novo arcabouço fiscal e a reforma
tributária, deve colocar o país em novo patamar de desenvolvimento.
Com esforços conjuntos,
é possível superar os desafios e abrir caminho para um setor de máquinas e
equipamentos mais robusto e resiliente, capaz de impulsionar o PIB de forma
sustentável, o avanço tecnológico e a competitividade da indústria brasileira
como um todo.
*Gino Paulucci Jr. é engenheiro, empresário e presidente do Conselho de Administração da ABIMAQ
Nenhum comentário