Alta demanda e pouca oferta: imóveis de 2 e 3 quartos lideram busca no mercado imobiliário
Cenário se deve, principalmente, ao crescimento expressivo do mercado de short stay, o que impulsionou lançamentos de apartamentos compactos nos últimos anos.
A
falta de imóveis de dois e três quartos, destinados à classe média, tem
colocado em alerta o mercado imobiliário brasileiro. Essa carência tem
resultado em inúmeros desafios, como o desequilíbrio entre oferta e demanda,
atingindo principalmente famílias e jovens casais que buscam espaços
intermediários, que estão entre as opções de um quarto e unidades maiores.
Embora seja uma conjuntura nacional, o déficit dessa tipologia de residências tem
afetado grandes centros urbanos, como Porto Alegre.
De
acordo com o diretor da Flex Inc, uma das incorporadoras em expansão no Rio
Grande do Sul, Matheus Oliveira, nos últimos anos, mesmo que a quantidade de
lançamentos imobiliários tenha aumentado na capital gaúcha, por exemplo, a
maioria dos empreendimentos apresentou unidades com apenas um quarto, os
tradicionais lofts, ou acima de 100m². O movimento acabou criando uma lacuna de
oferta para os apartamentos de dois e três dormitórios que se enquadrariam em
valores menores a R$ 1 milhão.
O
crescimento significativo do mercado de short
stay, que atende uma demanda de locações temporárias impulsionou os
lançamentos de apartamentos compactos e contribuiu para aumentar este déficit.
Atualmente
o mercado enfrenta a escassez de mão de obra, aliada a elevação dos custos e da
pressão inflacionária. Além disso, as taxas de juros elevadas dificultam o
acesso ao crédito tanto para as empresas quanto para os clientes.
Historicamente, a compra de imóveis depende muito do financiamento imobiliário.
“Esta
conjuntura de elevação de custos sem o respectivo aumento do preço de venda,
aliado à expansão do mercado de short
stay fez com que muitas incorporadoras e construtoras aproveitassem esse
momento para lançar empreendimentos direcionados para esse mercado, o que
acabou contribuindo para aumentar a carência de apartamentos de dois e três
quartos, que são direcionadas para famílias menores”, analisa o executivo.
Até
pouco tempo, os apartamentos de 2 dormitórios eram os “queridinhos” do mercado,
mas acabaram sumindo. Um dos fatores que pode ter contribuído para esse
“sumiço” é o mercado de crédito estar mais restrito, priorizando clientes com
melhor histórico de pagamentos.
“Para
se ter uma idéia, os clientes que buscam imóveis de até R$ 1 milhão em Porto
Alegre, representam em torno de 90% do mercado e são atualmente os que mais
faltam no mercado. A dificuldade de crédito deve ser corrigida, seja pela
flexibilização do modelo atual ou a criação de novos sistemas de financiamentos
adequados ao mercado de capitais”, pontua o incorporador.
Incorporadoras
maiores que buscam obras de grandes volumes enfrentam escassez de terrenos além
de custos corporativos elevados e não conseguem mais atender este mercado. Em
uma tentativa de suprir essa necessidade, incorporadoras pequenas e médias, que
possuem uma estrutura mais enxuta, têm sido enxergadas como uma alternativa. Um
exemplo é a Flex, que prevê lançar, nos próximos anos, mais de 1.000 unidades
de imóveis com essa tipologia na região metropolitana, sendo que pelo menos a
metade destes na capital Porto Alegre. Um número considerado expressivo e que
deve contribuir para uma redução deste desequilíbrio entre oferta e demanda na
capital.
Melhor primeiro imóvel
O
diretor da Flex Inc reforça, ainda, que estes imóveis – de dois e três quartos
– tradicionalmente são encarados como uma excelente opção para famílias que
buscam o primeiro imóvel. Isso porque, essa configuração é vista como ideal
para acomodar famílias compostas por três e até quatro pessoas, sem o custo e a
complexidade de um imóvel de alto padrão.
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