Instituições de pesquisa lutam para evitar a extinção do gavião-de-penacho
Criação de áreas protegidas, monitoramento de ninhos e reprodução em cativeiro fazem parte da estratégia
O gavião-de-penacho é um animal raro. É difícil avistá-lo por aí. Além de ter não estar presente em todo o território nacional, esta ave de rapina já está ameaçada de extinção na Mata Atlântica e consta na lista da União Internacional de Conservação da Natureza (IUCN). Isso torna o estudo da espécie um desafio para os pesquisadores, já que os dados científicos não permitem afirmações muito assertivas sobre o comportamento do animal.
Uma das formas mais eficientes de se estudar o Spizaetus ornatus na natureza é ficar de olho nos ninhos que ele forma no período reprodutivo. Por isso, os estudiosos da espécie tentam mapear os ninhos e, a partir daí, desenvolver as pesquisas para evitar sua extinção.
No Brasil, a época reprodutiva do gavião-de-penacho começa no meio do ano. Geralmente, a espécie põe um único ovo, que é incubado durante cerca de 50 dias pela fêmea, enquanto o macho voa em busca de comida - como acontece com outras espécies deste gênero e águias de grande porte.
Após 80 dias, o filhote abandona o ninho, mas permanece na região, ainda dependente dos pais por pouco mais de um ano. É nesta fase que os biólogos aproveitam para estudar a espécie.
Assim tem sido a rotina de um ninho monitorado pelos especialistas do Instituto Mamede na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Vale do Bugio, no município de Corguinho, a 120 km de Campo Grande (MS). A reserva é uma Unidade de Conservação, inserida no Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). Graças à existência da mata, um casal de gaviões tem conseguido garantir ali a continuidade da espécie.
Com 82 hectares de área territorial, a reserva particular é vizinha de outra área protegida, a RPPN Gavião-de-Penacho. Nestas duas propriedades, a ave tornou-se o que os especialistas chamam de “espécie-bandeira”, ou seja, aquela que ajuda a levar adiante a ideia da importância de se conservar o meio ambiente.
Após 80 dias, o filhote abandona o ninho, mas permanece na região, ainda dependente dos pais por pouco mais de um ano. É nesta fase que os biólogos aproveitam para estudar a espécie.
Assim tem sido a rotina de um ninho monitorado pelos especialistas do Instituto Mamede na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Vale do Bugio, no município de Corguinho, a 120 km de Campo Grande (MS). A reserva é uma Unidade de Conservação, inserida no Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). Graças à existência da mata, um casal de gaviões tem conseguido garantir ali a continuidade da espécie.
Com 82 hectares de área territorial, a reserva particular é vizinha de outra área protegida, a RPPN Gavião-de-Penacho. Nestas duas propriedades, a ave tornou-se o que os especialistas chamam de “espécie-bandeira”, ou seja, aquela que ajuda a levar adiante a ideia da importância de se conservar o meio ambiente.
Com o apoio do WWF-Brasil, os pesquisadores Maristela Benites, Simone Mamede e André Oliveira conseguiram uma câmera fotográfica especial que tem permitido acompanhar de perto a família, desde o momento da postura do ovo até o desenvolvimento do filhote, que voou no final de julho deste ano.
“Investir em pesquisa é uma forma de manter as espécies. Quanto mais sabemos sobre elas, mais podemos traçar estratégias de proteção. As áreas protegidas desempenham papel fundamental nesse processo de conservação”, diz o coordenador do Programa Cerrado Pantanal, Julio Cesar Sampaio.
Monitoramento e educação
O proprietário da RPPN, Lauro Roberto Barbosa, disse que a ave monitorada foi vista em comportamento reprodutivo pela primeira vez em 2006. Depois em 2009 e, por fim, no ano passado, ocupando sempre o mesmo ninho. Porém o monitoramento sistemático só começou mesmo há dois anos.
“Investir em pesquisa é uma forma de manter as espécies. Quanto mais sabemos sobre elas, mais podemos traçar estratégias de proteção. As áreas protegidas desempenham papel fundamental nesse processo de conservação”, diz o coordenador do Programa Cerrado Pantanal, Julio Cesar Sampaio.
Monitoramento e educação
O proprietário da RPPN, Lauro Roberto Barbosa, disse que a ave monitorada foi vista em comportamento reprodutivo pela primeira vez em 2006. Depois em 2009 e, por fim, no ano passado, ocupando sempre o mesmo ninho. Porém o monitoramento sistemático só começou mesmo há dois anos.
O trabalho de monitoramento teve início com a descoberta de um ninho feito em um dos maiores exemplares de jatobá-da-mata (Hymenaea courbaril), árvore com cerca de 20 metros de altura, presente na reserva. A altura possibilita ao gavião-de-penacho visão panorâmica do local onde está o ninho.
Para a pesquisadora Maristela Benites, o monitoramento pode ser um estímulo para outros proprietários criarem reservas particulares e destinarem áreas para conservação da espécie. “Quando se protege um animal de topo de cadeia alimentar, como o gavião-de-penacho, é possível proteger também outras que a ela estão associadas, como plantas e outros animais. É como se a conservação pretendida assumisse também um processo em cadeia”.
Para a pesquisadora Maristela Benites, o monitoramento pode ser um estímulo para outros proprietários criarem reservas particulares e destinarem áreas para conservação da espécie. “Quando se protege um animal de topo de cadeia alimentar, como o gavião-de-penacho, é possível proteger também outras que a ela estão associadas, como plantas e outros animais. É como se a conservação pretendida assumisse também um processo em cadeia”.
Embora o gavião-de-penacho esteja presente em várias regiões do Brasil, suas populações têm diminuído drasticamente em decorrência da perda e fragmentação de matas. Sem ter onde buscar alimento, o gavião-de-penacho acaba atacando galinheiros, sendo afugentados ou mesmo abatidos, assim que sua presença é notada.
Junto com o projeto de monitoramento do ninho, os pesquisadores começaram um trabalho de educação ambiental com a comunidade quilombola Furnas da Boa Sorte, que vive no entorno da RPPN. O objetivo é sensibilizar a população local sobre a importância da valorizar a espécie, em busca da convivência pacifica.
Casamento em cativeiro
Outra esperança para o gavião-de-penacho está no esforço dos cientistas em reproduzir a espécie em cativeiro. É o que acontece na Fundação Parque Zoológico de São Paulo (FPZP). A instituição é a pioneira em reprodução em cativeiro desta espécie no país. Até o momento já nasceram 10 filhotes de um casal que vive no zoológico paulista.
Outra esperança para o gavião-de-penacho está no esforço dos cientistas em reproduzir a espécie em cativeiro. É o que acontece na Fundação Parque Zoológico de São Paulo (FPZP). A instituição é a pioneira em reprodução em cativeiro desta espécie no país. Até o momento já nasceram 10 filhotes de um casal que vive no zoológico paulista.
Em 1992, uma fêmea de gavião-de-penacho chegou ao zoo por meio de uma permuta entre a FPZP e um criadouro conservacionista localizado em Recife (PE). Mas somente em 2005 que os pesquisadores conseguiram um companheiro para ela, em uma bem sucedida parceria com a SOS Falconiformes.
Segundo Fernanda Junqueira Vaz Guida, bióloga chefe do setor de aves da Fundação, o processo de pareamento do casal foi dividido em três fases. “A primeira foi o pareamento auditivo, em que um indivíduo pode escutar a vocalização do outro, criando empatia. Depois, veio o contato visual, como recinto dividido por uma tela e, finalmente, o grande encontro, com a inserção da fêmea no recinto do macho”, conta a bióloga.
Foi um feliz acasalamento. O primeiro filhote nasceu em 2005. Como não havia relatos de reprodução em cativeiro desta espécie no Brasil, os parâmetros para a incubação artificial e cuidados basearam-se em experiências anteriores com outras aves de rapina. O desenvolvimento foi todo registrado com fotografias. Até o momento, 10 filhotes se desenvolveram com sucesso na FPZSP e, recentemente, alguns atingiram a maturidade sexual com as primeiras posturas de ovos.
Segundo Fernanda Junqueira Vaz Guida, bióloga chefe do setor de aves da Fundação, o processo de pareamento do casal foi dividido em três fases. “A primeira foi o pareamento auditivo, em que um indivíduo pode escutar a vocalização do outro, criando empatia. Depois, veio o contato visual, como recinto dividido por uma tela e, finalmente, o grande encontro, com a inserção da fêmea no recinto do macho”, conta a bióloga.
Foi um feliz acasalamento. O primeiro filhote nasceu em 2005. Como não havia relatos de reprodução em cativeiro desta espécie no Brasil, os parâmetros para a incubação artificial e cuidados basearam-se em experiências anteriores com outras aves de rapina. O desenvolvimento foi todo registrado com fotografias. Até o momento, 10 filhotes se desenvolveram com sucesso na FPZSP e, recentemente, alguns atingiram a maturidade sexual com as primeiras posturas de ovos.
“Apesar de todo esse trabalho, o futuro da espécie em cativeiro no Brasil ainda é incerto. Não há relatos de outras instituições nacionais que a reproduzem. Além disso, todos os indivíduos nasceram de um único casal”, explica a bióloga. A meta agora é buscar outras aves, cativas, distribuídas pelo Brasil para a formação de novos casais, aumentando assim a variabilidade genética, o que garante a diversidade biológica que se encontra na natureza.
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