Bilinguismo: os benefícios além do aprendizado de outro idioma
*Por Vanessa e Fátima Tenório
Sendo objetivas e práticas em relação ao conceito de bilinguismo e de escola bilíngue, podemos definir como bilíngue o indivíduo que se comunica fluente e espontaneamente em um segundo idioma, tanto em um contexto social, quanto acadêmico, e que é capaz de entender e produzir textos complexos de assuntos concretos e abstratos e manter uma conversa com um nativo do idioma sem esforço para nenhum dos lados. Mas como fazer com que os alunos cheguem a esse grau de bilinguismo dentro do contexto escolar e alcancem também os benefícios adjacentes a esse processo?
As principais variáveis com que precisamos lidar são o número de horas de exposição ao idioma e a qualidade da exposição. Em nossa experiência de mais de 15 anos trabalhando, pesquisando e refinando o Systemic, pioneiro programa de ensino bilíngue no Brasil, percebemos que seis horas semanais (equivalente a sete tempos de aula) é o mínimo de exposição para atingir os objetivos mencionados. Já a qualidade da exposição pode ser traduzida em nível de fluência e formação do professor, qualidade do método utilizado e quantidade de alunos em sala de aula. O professor deve ser fluente em inglês e idealmente ter formação em Pedagogia, Bilinguismo ou abordagens baseadas em ensino de língua por meio de conteúdo escolar.
Para que a aprendizagem seja subconsciente e o aluno possa construir sua própria linguagem, a abordagem também deve ser a mais natural possível, especialmente em se tratando de ensino infantil e fundamental, com um método baseado em conteúdo escolar, preferencialmente interdisciplinar, sem foco na tradicional hierarquia gramatical do ensino de língua estrangeira. Nesses casos, a interação também é crucial no desenvolvimento da língua, por isso manter um máximo de 15 alunos na sala é outra condição de extrema importância para atingir os resultados desejados.
Passando pelo correto processo de ensino dentro da escola, quando a criança realmente atinge o bilinguismo, o principal benefício deste aprendizado se dá sobre um conjunto de processos cognitivos que inclui atenção (maior capacidade para focar em informações importantes e ignorar as irrelevantes), e maior capacidade de fazer múltiplas tarefas ao mesmo tempo, entre outros, desde a infância até a idade adulta e avançada.
As crianças bilíngues têm maior habilidade metalinguística, ou seja, são melhores em julgar se uma sentença contém erros gramaticais, o que reflete sua maior capacidade de atenção. Pesquisas recentes apontam até mesmo para um efeito positivo sobre o retardamento dos sintomas de doenças neurodegenerativas, como o Mal de Alzheimer. O bilinguismo ainda promove ganhos em vários planos, que vão desde o político ao econômico, cultural e até pessoais. Sem dúvida, oferecer a possibilidade ao aluno de se tornar bilíngue é um avanço considerável da educação. Cabe, portanto, a nós, educadores, a responsabilidade de encontrar o melhor caminho para promover o bilinguismo com excelência.
*As irmãs e mestras em educação Vanessa e Fátima Tenório são empreendedoras e desenvolvedoras do programa de ensino bilíngue pioneiro no Brasil, SYSTEMIC BILINGUAL, que está presente em 35 escolas em diferentes regiões do País e leva ensino bilíngue a mais de 7 mil alunos.
www.systemic.com.br
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